ONDE VOCÊ ESCONDE O SEU DRAGÃO?
Este texto remete a 23/04 (Dia de São Jorge), cuja oração é uma das mais belas da cristandade. E, embora, cronologicamente passado, acredito ser de valia e reflexão atual.
Entre tantas razões para falar deste tema, destaco a situação psicológica da chamada “ transferência”. O fenômeno da transferência ocorre quando lançamos no outro os nossos conteúdos psicológicos e também os nossos dragões que existem dentro de nós sem que tenhamos consciência.
A exemplo, o caso do menino Henry é emblemático porque faz pensar o quanto de dragão ou monstro pode existir dentro das pessoas aparentemente boas, calmas, cordiais. Tais pessoas vivem sempre produzindo dinâmicas infantilizadas e inconscientes de extermínio do próximo.
Creio, sem duvidar, que a maior parte dos problemas, tormentos, rixas e dificuldades, é de fundo psicológico, porque nos conhecemos pouco, nos aceitamos pouco, e, por isso, vivemos em constante situação de projeção: O inferno é o outro! O outro é a razão da minha infelicidade! O outro é o dragão!
E quanto mais negamos, mais o dragão fica furioso e perigoso. Pode, inclusive, ameaçar uma vida. Todos temos dentro de nós joio e trigo, anjos e demônios, santos e dragão. E isso não tem remédio...Todos somos assim.
Como aprendi na teologia, “ a graça não nega a natureza”. Por essa razão, infeliz é quem não aceita o que é e o que tem. Mostra o Santo e esconde o Dragão.
Esse ou essa, por mais que aparente santidade, nunca crescerá como ser humano. Como posso ser santo se sequer consigo ser humano, isto é, lidar com os meu joios ou dragões?
Por fim, devoto ou não devoto, olhando com as lentes da psicologia para a imagem de São Jorge, dela sai a pergunta fundamental: ONDE VOCÊ ESCONDE O SEU DRAGÃO?
Por: Fernando Batista
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