O ministro Alexandre de Moraes — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
Por Rafael Moraes Moura — Brasília/O GLOBORéu no Supremo Tribunal Federal (STF) por disparar ofensas a Alexandre de Moraes, o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) se reuniu pessoalmente com o ministro no mês passado para lhe pedir desculpas por xingá-lo de “lixo”, “canalha”, “vergonha”, “esgoto” e “déspota”. O episódio pode levar à cassação do mandato do parlamentar.
Conforme informou o blog, Otoni de Paula entregou ao ministro uma carta escrita à mão em que pede “perdão” e reconhece que, “tomado de forte emoção”, acabou se “excedendo” ao disparar ofensas e xingamentos contra o magistrado em duas lives.
Na época das ofensas, em 2020, Otoni de Paula era vice-líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara – e havia se tornado alvo de uma decisão do ministro que determinou a quebra do sigilo bancário de 11 parlamentares no âmbito do inquérito dos atos antidemocráticos. Otoni também criticou uma outra decisão de Moraes, que proibiu o blogueiro Oswaldo Eustáquio de utilizar redes sociais.
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O parlamentar acabou deixando o cargo de vice-líder logo depois, sob a justificativa de que sua opinião sobre Moraes era “pessoal” e de sua “responsabilidade” – e ainda alegou que não queria que os ataques fossem interpretados como opinião do Palácio do Planalto.
Procurado pelo blog, o deputado disse que tem “plena consciência” do erro e relatou o encontro com Moraes, que durou cerca de 15 minutos.
“O ministro me recebeu em seu gabinete, foi muito gentil e respeitoso. Acredito que houve o encontro de dois seres humanos que entenderam que, quando se está debaixo de tensões, a gente pode cometer erros. Eu tenho consciência que errei quando ataquei o ministro com adjetivos inapropriados. Naquele momento sei que agi debaixo de forte emoção e o ministro compreendeu isso, me possibilitando a oportunidade de um acordo de não persecução penal”, afirmou à equipe da coluna.
“Disse ao ministro que continuaria exercendo meu direito de parlamentar em me posicionar contra decisões que não concordo por parte da Suprema Corte, mas que essas críticas seriam sempre institucionais e nunca pessoais. A resposta do ministro me surpreendeu quando me disse que criticar as decisões da Suprema Corte nunca foi o problema e sim os ataques pessoais.”
Para o deputado, “não é bom para o diálogo democrático” entre os representantes dos poderes quando se ultrapassa o “limite da crítica” com “ataques pessoais”.
"Continuo sendo crítico a condução dos inquéritos movidos pelo ministro Alexandre de Moraes, contudo entendo que não haverá caminho para sairmos dessa crise institucional sem o distensionamento através do diálogo", disse.
‘Perdão’