sexta-feira, março 09, 2012

Prefeito de Petrolândia, Lourival Simões, fala sobre a invasão do MST ao Reservatório da Chesf

Prefeito Lourival Simões, intermediando a reunião

O Prefeito Lourival Simões, prefeito de Petrolândia, concedeu entrevista ao Blog de Assis Ramalho nesta quinta-feira (08), após reunião realizada na Prefeitura de Petrolândia. Na ocasião, o Prefeito intermediou o debate entre lideranças do MST, representantes da Chesf, do Incra e agricultores de Agrovilas do Bloco 02 da Reta. No encontro foi tratada a invasão do MST ao Reservatório da Chesf, localizado no Sítio Quixabinha, na divisa entre os municípios de Tacaratu e Petrolândia, no último domingo (04).


Lourival Simões falou dos acordos não cumpridos por parte da Chesf,  Incra, Codevasf, afirmando acreditar que o impasse pode ter um desfecho positivo, em reunião que vai acontecer na próxima segunda-feira (12), entre lideranças do MST, da Chesf, Incra, Codevasf e do Governo do Estado de Pernambuco. Mas o prefeito fez um alerta: ''Se lá, na reunião que vai acontecer no Recife, com todas as autoridades, nada for resolvido, acima deles só está a Presidente da República, Dilma Roussef. Então, se lá não resolverem, acredito eu, que não vai ser resolvido em canto nenhum", disse o Prefeito. Acompanhe abaixo:

Assis Ramalho: Lourival, faça sua avaliação, após o final desta reunião.

Lourival Simões: Olha, Assis, na segunda-feira nós fomos surpreendidos com a ocupação do Reservatório, na Reta de Tacaratu, e fomos lá ver, na verdade, do que se tratava. Afinal de contas, várias e várias pessoas são do município de Petrolândia, têm familiares aqui, e ficamos preocupados quando tomamos ciência do fechamento das águas que abastecem o perímetro da Reta. Chegando lá, nos deparamos com a situação, com os agricultores que estavam ocupando o Reservatório querendo entrar em contato com a Chesf, com a Codevasf e com o Incra, para que fosse solucionado o problema da água deles. E fomos lá para saber, na verdade, o que estava se passando, e o que a gente poderia auxiliar. Nos colocamos à disposição, fizemos os contatos com o Secretário da Agricultura (do Estado de Pernambuco), Ranilson Ramos, o qual fez o contato com a Chesf, para que fosse marcada esta reunião, que era para ser originalmente em Paulo Afonso. Mas depois foi discutido que seria no Município de Petrolândia, onde a Prefeitura cedeu o espaço para que houvesse a conversa entre o pessoal do MST e os representantes da Chesf e do Incra, que estiveram conosco, e os agricultores que foram prejudicados pelo bloqueio das águas, para que chegassem a um entendimento. Afinal de contas, Assis, muita gente diz que um está certo, o outro está errado, mas na verdade a ocupação se fez necessária por conta do não respeito aos acordos feitos anteriormente. Então serviu para cobrar novamente à Chesf, ao Incra e aos responsáveis para que se realizasse a colocação da tubulação pra colocar água, para que sejam produtivos os novos perímetros que estão sendo implantado. E isso obviamente gera transtorno na vida dos outros. Então a ideia foi justamente isso, Assis: para que a gente, dialogando, tente resolver este impasse e sair com uma pauta de encaminhamento para ser discutida na cidade do Recife, na segunda-feira, onde lá estarão presentes o presidente do Incra (em nível nacional), o Presidente da Codevasf (em nível nacional), o presidente da Chesf, o Secretário de Agricultura do Estado de Pernambuco, além dos representantes do Incra e da Codevasf de Petrolina e do Recife. Então eu disse, no final da reunião, a Jaime Amorim, coordenador geral do MST de Pernambuco: "Se lá, com todas essas autoridades, não resolverem, acima deles só está a Presidente da República, Dilma Roussef." Então, se lá não resolverem, acredito eu que não vai se resolver em canto nenhum. Mas a gente precisa justamente intermediar para não tenha nenhum tipo de problema, nem gere nenhum tipo de violência, conflitos, porque eu tenho certeza, Assis, que (isso) não é o meu interesse, nem o seu, nem o de ninguém, e muito menos dos próprios agricultores que estão lá, tanto os ocupantes (do Reservatório) quanto os que estão produzindo. A gente quer aqui registrar  a permanência da Polícia Militar de Pernambuco lá no reservatório. E do Exército também, que já se fez presente, afinal de contas a Chesf é um órgão pertencente ao Governo Federal, e, graças a Deus, até agora tem sido um movimento pacífico.


Assis Ramalho: Lourival, valeu seu apelo para que o MST liberasse a água, pelo menos até a reunião na segunda-feira, porque a princípio eles não queriam liberar até que acontecesse a reunião.

Lourival Simões: É verdade, Assis. Porque se não (liberassem a água), ficaria uma situação muito complicada, até para eles mesmos. Afinal de contas, eles estão lutando por algo que eles desejam, algo que foi prometido e não foi cumprido nem por Codevasf, Chesf, nem pelo Incra. Mas a gente se preocupa com aquele que está produzindo também. Afinal de contas, Assis, não esqueça que, na Reta, passaram-se 23 anos esperando a água chegar para que os projetos saíssem do papel. Você lembra que anos atrás eles receberam as indenizações e algo em torno de 100 famílias permaneceram lá brigando, lutando para que se tornassem projetos produtivos, e hoje nós vemos as pessoas produzindo. Então também a gente não pode deixar que essas pessoas saiam prejudicadas por conta do não cumprimento das promessas feitas pela Chesf, pelo Incra e pela Codevasf. Então pedimos a ponderação, porque a reunião estava em um momento meio complicado, mas, graças a Deus, eles entenderam, todas as lideranças do movimento que estiveram aqui entenderam.

Assis Ramalho: Obrigado, Lourival, pela entrevista.