
Advogado anuncia o resultado do acordo. Imagem TV Viva/Youtube- Barragem: ocupação- 1986
Dia do Acordo de 1986
Após anos de impasses, trabalhadores rurais e Chesf voltaram à mesa de negociação, em 06 de dezembro de 1986, depois de cinco dias de ocupação do canteiro de obras. Na madrugada anterior, tudo parecia perdido, mas a mobilização persistiu. Com estratégia, firmeza e disposição para ceder sem abrir mão do essencial, os agricultores reabriram o diálogo e conquistaram avanços decisivos
Foram definidos critérios justos para os lotes. Quatro modelos de moradia foram criados, compatíveis com a realidade de cada família.
Também foi estabelecida a Verba de Manutenção Temporária (VMT), garantindo dois salários mínimos até que a terra produzisse. No fim, o improvável aconteceu: entendimento, respeito e uma vitória que emocionou a todos
Foram definidos critérios justos para os lotes. Quatro modelos de moradia foram criados, compatíveis com a realidade de cada família.
Também foi estabelecida a Verba de Manutenção Temporária (VMT), garantindo dois salários mínimos até que a terra produzisse. No fim, o improvável aconteceu: entendimento, respeito e uma vitória que emocionou a todos

Da esquerda para a direita: Oliveria LIma( presidente da Chesf), Vicente Coelho e Eraldo (sindicalistas). Imagem TV Viva/Youtube- Barragem: ocupação- 1986

No canteiro, o advogado do Sindicato leu cada ponto do acordo no carro de som. Aplausos, choros, abraços. Diziam: “Davi venceu Golias. O povo venceu a besta fera.” As pedras usadas para parar a obra foram recolhidas — não havia mais motivo para impedir a obra.
Oliveira Lima, presidente da Chesf, foi convidado a vistoriar o canteiro e recebê-lo de volta intacto. À TV VIVA, reconheceu a justiça da causa e afirmou esperar que nenhuma barragem voltasse a impor prejuízos daquela dimensão à população atingida.
O que se conquistou ali ultrapassou Itaparica
O movimento do Submédio São Francisco mudou a política mundial de barragens: depois de Itaparica, o Banco Mundial passou a exigir análise de impacto social. Era o fim da lógica do “faz, depois vê no que dá”, a mesma que havia marcado Sobradinho.
Reunião Agricultores-Chesf. Imagem TV Viva/Youtube- Barragem: ocupação- 1986
A mobilização popular que levou ao “Acordo de 1986” garantiu direitos essenciais às famílias atingidas. Além disso, injetou recursos que mantiveram a vida e o comércio ativos. Tornou-se um marco de cidadania e organização social.
Na nova cidade, reconstruída no mesmo município, os moradores recriaram suas formas de viver. O comércio, o turismo, a agricultura irrigada e a piscicultura tornaram-se novas bases para o desenvolvimento regional.
Agrovila Padrão. Foto: Acervo do Polo Sindical
Pisicultura no reservatório de Itaparica (2007) Foto: Paula RubensPor isso, 06 de dezembro permanece como o dia em que os trabalhadores ensinaram ao Brasil – e ao mundo – que o progresso só merece esse nome quando alcança a todos.
Hoje, 39 anos depois, novos desafios surgem: sistemas de irrigação envelhecidos, falta de água, custos crescentes e agricultores novamente prejudicados. Mas a história mostra que nenhum obstáculo supera a capacidade de organização e reinvenção do povo de Itaparica.
Que as próximas décadas sejam marcadas por cooperação, investimento e cuidado com quem faz a terra viver. Porque, sempre que o povo se levanta para defender seus direitos, a esperança encontra um caminho — e a história lembra que nenhum esforço coletivo é em vão quando nasce do diálogo firme e construtivo.














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