sábado, fevereiro 16, 2019

Operário mais antigo na mina alertou que barragem estava condenada meses antes do rompimento ''A qualquer hora aquilo vai romper"


Um dos funcionários ouvidos pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ​disse que seu pai, o trabalhador mais antigo na Mina de Córrego do Feijão - e um dos desaparecidos sob a lama -, já havia alertado, ainda no primeiro semestre do ano passado, sobre o risco da estrutura se romper. "Filho, você que trabalha próximo a barragem, não fica em parte baixa não, caso ocorra algum barulho, corra sentido predinho porque a qualquer hora aquilo lá vai romper", teria dito a ele.

O depoimento foi transcrito no documento expedido pelo órgão e que determinou a prisão dos oito funcionários da Vale nesta sexta-feira (15). Conforme mostrado na decisão, eles já tinham conhecimento sobre a instabilidade na estrutura e, por causa disso, poderão responder por homicídio qualificado já que, mesmo cientes da situação, assumiram o risco da barragem se romper, como aconteceu no dia 25 de janeiro deste ano.



O funcionário contou durante seu depoimento que trabalha na empresa há 16 anos, atuando diretamente na área de barragens, e que seu pai é o trabalhador mais antigo em atuação ali, com mais de 35 anos de experiência.

"Todo problema que dava eles chamava o pai pra resolver", disse, explicando que, embora não tivesse estudo, o homem tinha experiência prática e era referência no assunto sendo, portanto, muito requisitado por todos os gerentes.

Ainda segundo o funcionário ouvido pelo MPMG, a maioria dos funcionários que trabalhava na mina sabia que a barragem tinha problemas, e que há cerca de oito meses seu pai foi buscado pela chefia, técnico e gerente da mina - um deles está entre os oito funcionários presos nesta sexta - "porque estava brotando lama no talude, o que não é normal".

O pai do depoente informou então aos superiores que "se fosse água não teria jeito, quanto mais resíduos", e que a barragem estava condenada. A resposta dos chefes, técnicos e gerentes foi de que não poderiam tirar os trabalhadores do local "porque é muita gente envolvida e muitos empregos" e que iriam contratar uma empresa especializada de urgência para consertar a barragem.

Por: Estado de Minas

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