terça-feira, outubro 17, 2017

Petrolândia: Zé Lezin volta à cidade em única apresentação no dia 12 de novembro


Nairon Barreto, o Zé Lezin, hóspede da Pousada Atenize em 2012 (Fotos: Assis Ramalho e Marcelo Cross/Arquivo BlogAR)




O humorista Zé Lezin voltará a Petrolândia, no Sertão de Pernambuco, no dia 12 de novembro (domingo), em apresentação única no Ginásio Municipal Dr. Francisco Simões de Lima, na Orla Fluvial. O show "Operação Lava Jato do matuto" terá início às 20h00. Ingressos para arquibancada custam R$ 20,00 e mesas (com 4 lugares) custam R$ 120,00. A apresentação de Zé Lezin em Petrolândia é uma realização da Estima Eventos e Juliano Vans, com apoio de Comercial Rocha, Lojas Eletroléo, Loja Lar & Cia, SuperMais, Central de Adubos, Refrigerantes Hiran, Posto Rical/BR Mania e KL2.

Em 2012, Nairon Barreto, intérprete do popularíssimo Zé Lezin, foi entrevistado por Assis Ramalho na Pousada Atenize, onde estava hospedado para a apresentação, realizada na noite de 7 de novembro na Casa de Show Velho Chico por Marcelo Cross Produções e Eventos. 

Zé Lezin, como Nairon prefere ser chamado, é formado em Comunicação Social e Direito pela Universidade Federal da Paraíba. Especialista em piadas de matutos, começou a carreira de humorista em um grupo de dança folclórica na UFPB, onde recitava poesia de literatura de cordel e contava piadas. Após apresentar-se em barzinhos e teatros, participou da Escolinha do Professor Raimundo a partir de 1998, quando o programa foi transformado em um quadro do Zorra Total, da Rede Globo. Na ocasião, alterou o nome de seu personagem, de Zé Paraíba para Zé Lezin. Nairon atuou na "Escolinha" durante seis anos. O humorista nasceu na cidade de Patos (PB).

Relembre a entrevista concedida por Zé Lezin a Assis Ramalho em 07/11/2012

Na entrevista, o humorista fala dos tempos da Escolinha do professor Raimundo e da amizade que fez com Chico Anysio, que, segundo ele, era um amigo e um irmão. Para Zé Lezin, se Chico Anysio tivesse nascido em outro país seria reconhecido como o maior humorista do mundo e teria superado Charles Chaplin.

''Se Chico tem sido humorista em outro país, com certeza tinha sido ovacionado como o melhor do mundo. Chaplin (Charles Chaplin) só tinha um personagem, que era o Carlito, e ficou conhecido no mundo todo. Chico Anysio tinha mais de duzentas personagens, era letrista, compositor, pintor. Enfim, Chico era tudo. Chico foi um presente que Papai do Céu deu ao povo brasileiro'', afirmou Zé Lezin.

Zé Lezin também lembra com saudades do restante da turma da Escolinha, que foi considerada por Chico Anysio como a mais unida entre as que foram formadas.

''Nessa época em que eu participei, eles me diziam que foi a turma em que houve mais interação entre os membros da Escolinha. Foi bom, porque a gente se tornou uma família. A gente quando ia almoçar, jantar, emendava as mesas. A gente só saía juntos. Então aquilo funcionava como uma família. Chico Anysio disse que aquela foi a turma mais unida que teve na formação da Escolinha, e eu fiquei feliz porque é bom demais a gente conhecer novas pessoas.''


Na entrevista Zé Lezin afirma que Chico Anysio apesar da fama, nunca quis ser estrela.

''Chico nunca quis ser estrela. E eu me tornei mais amigo de Chico porque, além de humorista, eu também sou redator. Então, quando apareciam as confusões de textos, disso ou daquilo, eu escrevia na hora, quebrava o galho, desenrolava, e ele sabia que podia contar comigo. Tanto é que eu disse a ele que, quando terminasse a Escolinha, eu queria voltar para o Nordeste. Depois, ainda fiquei um tempo no Zorra (Total), mas eu gosto mesmo é do Nordeste, principalmente por causa desse frio todo (risos).

Acompanhe abaixo a entrevista, na íntegra:

Assis Ramalho: Zé Lezin, é um prazer para Petrolândia receber você, que é, sem dúvida, uma fera do humor não só do Nordeste como do Brasil e do mundo, para realizar este show, aqui na cidade. E o melhor de tudo é que, neste exato momento que você chega aqui em Petrolândia, começa a chover, coisa que não acontecia há muito tempo. Obrigado por ter trazido o humor e a chuva para Petrolândia.

Zé Lezin:
Ah, eu fui recentemente para Tobias Barreto (em Sergipe), que já fazia muito tempo que não chovia lá, e choveu. Foi assim também em Ipatinga, no sul da Bahia. Enfim, se eu fui um privilegiado de Deus me dar esse dom, de onde eu chegar chover, eu só vou andar pelo sertão, que é onde nossos irmãos estão precisando de chuva. Mas eu estou feliz de vir a Petrolândia, porque eu gosto muito de viajar em lugares aonde eu ainda não passei. A gente já veio até Floresta, que é aqui pertinho, a convite do Grupo Compare, mas até Petrolândia a gente ainda não tinha vindo e tinha que vir, porque fica aqui, na beira do rio São Francisco, e a gente tem que ver essas maravilhas nas cidades que ficam à beira do Velho Chico.

Assis Ramalho: Você trabalhou muito tempo com Chico Anysio na Escolinha do Professor Raimundo, como analisa o humor antes e depois da morte de Chico Anysio?

Zé Lezin:
Ah, é uma mudança muito grande! Os tempos vão passando e vai aumentando só a saudade. Eu tenho Chico como meu amigo, meu irmão. Tanto é que eu prefiro não participar de nenhum funeral, justamente para que a gente mantenha aquela ideia de que ainda vai se encontrar com ele por aí. Chico foi um fenômeno. Se Chico tem sido humorista em outro país, com certeza tinha sido ovacionado como o melhor do mundo. Chaplin (Charles Chaplin) só tinha um personagem, que era o Carlito, e ficou conhecido no mundo todo. Chico Anysio tinha mais de duzentas personagens, era letrista, compositor, pintor. Enfim, Chico era tudo. Chico foi um presente que Papai do Céu deu ao povo brasileiro e a história dele está escrita na Televisão brasileira.

Assis Ramalho: O que representou a "Escolinha do Professor Raimundo" pra você?

Zé Lezin:
Foi muito bom. Já pensou você contracenar com os seus ídolos e ainda receber uma grana por isso? Foi bacana, foi um prazer enorme. Eu conheci Chico, me tornei amigo e irmão dele. E isso foi excelente. Também conheci outros artistas da Rede Globo com quem eu tive a oportunidade de conviver no dia a dia. Então eu só tenho a agradecer, eu não tenho nada a pedir. A minha carreira durante esses 25 anos foi muito boa.

Assis Ramalho: Como era a convivência com a turma da "Escolinha do Professor Raimundo"? Lá só tinha fera, não é mesmo?

Zé Lezin:
Olha, nesta época em que eu participei, eles me diziam que foi a turma em que houve mais interação entre os membros da Escolinha. Foi bom porque a gente se tornou uma família. A gente quando ia almoçar, jantar, emendava as mesas. A gente só saía juntos. Então aquilo funcionava como uma família. Chico Anysio disse que aquela foi a turma mais unida que teve na formação da Escolinha, e eu fiquei feliz porque é bom demais a gente conhecer novas pessoas.

Assis Ramalho: Como era o convívio de Chico Anysio com você? Ele tinha o seu lado de estrelismo ou era uma pessoa simples?

Zé Lezin:
Chico nunca quis ser estrela. E eu me tornei mais amigo de Chico porque, além de humorista, eu também sou redator. Então quando apareciam as confusões de textos, disso ou daquilo, eu escrevia na hora, quebrava o galho, desenrolava, e ele sabia que podia contar comigo. Tanto é que eu disse a ele que, quando terminasse a Escolinha, eu queria voltar para o Nordeste. Depois, ainda fiquei um tempo no Zorra (Total), mas eu gosto mesmo é do Nordeste, principalmente por causa desse frio todo (risos).

Assis Ramalho: Por que você não quis continuar no programa "Zorra Total"? Faltou Chico Anysio?

Zé Lezin:
Não. É porque eu acho que tudo é fase na vida da gente. Passou a onda da televisão e agora eu gosto de ir à televisão apenas esporadicamente porque, para eu ficar efetivo por lá, eu teria que me mudar para o Rio de Janeiro, para São Paulo, e isso está fora dos meus planos. Eu gosto do Nordeste, eu tenho as empresas que eu trabalho com elas e isso me dá o sustento. Eu viajo muito e está bom demais. Eu não preciso mais estar naquele corre-corre.

Assis Ramalho: Você faz muitos shows pelo Nordeste. E pelo Sul, também?

Zé Lezin:
Pelo Brasil todo, a gente viaja muito. Agora é que eu estou diminuindo mais porque...

Assis Ramalho: Porque já está rico...

Zé Lezin:
Não é que eu esteja rico. Eu estou rico de aprendizado, de ter viajado muito, ter conhecido novas pessoas, porque a riqueza maior é essa. Agora, durante 25 anos de carreira, se eu não conseguisse nem uma casa para passar a chuva, tava danado. Então, eu acho que é isso, ter o suficiente pra ser feliz e está tudo certo.

Assis Ramalho: Como Zé Lezin analisa a nova geração do humor no Brasil? Não está muito pobre?

Zé Lezin:
Olha, é o seguinte: é porque o pessoal do (humor) adotou o stand up comedy, que é o modelo de comédia do americano, que não tem muito a ver com o povo brasileiro. Então, tem umas pessoas aí, no máximo umas quatro ou cinco, que têm um bom texto, que você ainda consegue rir. Mas o resto é deplorável, a gente não consegue rir. O humor que passa na televisão é um humor de jargão (bordão), em que a pessoa diz uma frase e aquela frase fica perdurando por um ano e depois se esquece, ninguém se lembra nem mais do profissional. Então é esse o humor que está por aí e eu espero que apareçam novas gerações de Chico Anysio pra fazer esse trabalho de humor que está fazendo falta.

Assis Ramalho: Zé Lezin, muito obrigado por ter me atendido aqui (na Pousada Atenize) para essa entrevista e parabéns pelo seu sucesso e pela sua humildade.

Zé Lezin:
Obrigado. Eu acho que é obrigação do ser humano tratar os outros bem, porque as estrelas estão no céu. As estrelas (aqui) são a plateia, que é quem ilumina os artistas. É infeliz aquele que se acha internacional. Eu não (me acho). Eu gosto de estar no meio do povo. Qual a probabilidade de eu estar aqui se as pessoas não tivessem me elevado até onde eu estou? Nenhuma. Então isso pra mim é um grato prazer, rapaz. Isso é uma festa e a festa é de Deus.

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Redação do Blog de Assis Ramalho

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