quarta-feira, março 14, 2012

Sede da Chesf no Recife continua ocupada por integrantes do movimento dos atingidos por barragens

Foto: Alexandre Souza

Em PE, funcionários da Chesf voltam a trabalhar, mas ocupação continua Movimento dos Atingidos por Barragens ocupa sede desde terça-feira (13). Nova reunião com diretoria da companhia está prevista para esta quarta-feira.

Os funcionários que trabalham na sede da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), no bairro de San Martin, no Recife, poderam voltar às atividades nesta quarta-feira (14). Em assembleia na manhã desta quarta, os integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) que ocupam desde a terça-feira (13) a sede da companhia votaram pela liberação da entrada dos funcionários, mas continuam acampados no local.

O integrante da coordenação nacional do MAB, José Josivaldo de Oliveira, conta que as famílias aplaudiram os funcionários. “Eles também apoiaram a nossa causa. Não queremos dar prejuízo a ninguém, queremos que nossas reivindicações sejam atendidas”, explica o coordenador.

Na terça, representantes do movimento se reuniram por mais de cinco horas com diretores da Chesf e funcionários das gerências regionais das barragens de Paulo Afonso, Itaparica e Sobradinho. Uma nova reunião está marcada para esta quarta-feira. “Vamos discutir sobre quem serão os responsáveis pelas metas e prazos das nossas reivindicações”, explica José Josivaldo.

Durante a reunião da terça, o MAB entregou uma extensa pauta de reivindicações aos diretores Administrativo, Pedro Alcântara, e de Operação, Mozart Bandeira, da Chesf. A maioria dos itens competia ao Governo Federal, como a oposição à construção da Usina de Belo Monte e outras ao longo do Rio São Francisco, além de algumas usinas hidráulicas no Brasil. Assim como a eletrificação rural de regiões na Bahia e Pernambuco.

“O balanço é positivo porque, de fato, o comportamento da estatal foi muito respeitoso e solidário com a nossa luta e até com o acampamento. A orientação foi não reprimir o movimento. Então, nesta reunião, fizemos um profundo debate sobre o modelo energético do Brasil. A gente discorreu sobre a nossa pauta, que traz questões estruturantes. São necessárias novas políticas nacionais para resolver os problemas. Hoje, não podemos culpar apenas a empresa que fez a barragem. A questão é maior”, disse José Josivaldo na terça à noite.

O MAB afirma que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) cadastrou 12 mil famílias em vários estados brasileiros que não foram reassentadas após desapropriação de terrenos para construção de usinas. Segundo a assessoria de comunicação da Chesf, na instalação da Usina de Itaparica, em Pernambuco, 5,6 mil famílias receberam novos terrenos para morar. “A Chesf vai analisar se nessa relação há famílias que foram afetadas por empreendimentos da estatal”, disse o gerente de comunicação, Maurício Jatobá.

Segundo José Josivaldo, a Companhia se comprometeu a fazer um levantamento das terras que são propriedade da empresa e passíveis de reassentar famílias. “Também demos à Chesf um lista de famílias que precisam de energia elétrica e fechamos um acordo para a realização de um programa de capacitação para os camponeses. Eles também concordam conosco sobre a necessidade de renovação das concessões e redução das tarifas sociais, além de compreenderem a importância de criação de um fundo, um órgão que observe a causa das famílias atingidas”, falou.


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