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Marcel, Fátima e Marfaela em frente à residência, em Itaparica (Jatobá-PE) / Foto: Arquivo pessoal de Marfaela Barbosa
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Por Lúcia Xavier
O Blog de Assis Ramalho vem publicando, sempre aos sábados, a série de postagens dedicadas a divulgar as obras do artista Marcel Bezerra da Silva (1955-2008). Nesta matéria, além da reprodução de uma de suas obras no Parque de Exposição João Pernambuco, em homenagem à Missa dos Vaqueiros que será celebrada neste domingo (30), reproduzimos capítulo dedicado a Marcel no livro O simples povo brasileiro de Jatobá de Tacaratu: "Petrolândia" (1ª Edição, página 213), do empresário e multimídia Jadilson de Souza Ferraz, autor do Hino de Petrolândia, a quem pretendemos, se possível, entrevistar no projeto "Petrolândia Cultural".
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Missa dos Vaqueiros, mural de Marcel (2006) / Parque João Pernambuco (Petrolândia-PE) / Foto: Lúcia Xavier
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Nossos agradecimentos a Marfaela que digitou o capítulo dedicado ao seu pai no citado livro e reproduziu suas imagens.
O CUBISMO EM PETROLÂNDIA
Marcel Bezerra da Silva nasceu em 21/01/1955, no bairro de Mustardinha (Recife-PE), filho de Manoel Bezerra da Silva, mestre de obras na empresa Andrade Gutierrez, e Eurides Amara da Silva, que desenhava, bordava, e fazia renda em roupas e toalhas destinadas à venda (falecidos). Herdou qualidades de seus pais de trabalhar com arte e em especial com o cubismo. Quando tinha 17 anos, conheceu a namorada Maria Amélia, com 26 anos, que morava com o pai em Camaragibe (PE), aposentado da Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Sua primeira arte foi feita numa lona no Recife, "Bores e Banzé", em 1971 dedicada à sua primeira namorada que seria também sua primeira esposa. O estímulo foi natural, pois ele gostava de ficar pintando até a madrugada. Quando o pai de Maria Amélia mudou-se para Petrolândia, também trouxe a filha. E, como ele gostava do genro, o convidou a vir morar na mesma cidade e, no ano de 1977, Marcel chega à cidade, para trabalhar como pintor nas firmas que estavam construindo a barragem Itaparica, pintando casas pela empresa Gilvo de Castro, depois na CHESF. E foi-se projetando, chegando a montar um ateliê em Petrolândia, onde se profissionalizou.
Começou, a partir daí, a fazer serviços para pessoas que gostavam do seu trabalho, inclusive engenheiros da Chesf, que por serem pessoas viajadas, sabiam da beleza e valor do seu trabalho, muito diferente da cultura de algumas pessoas, que moravam em Petrolândia e não valorizavam o seu trabalho (isso acontece ainda hoje).
Por intermédio de um encarregado, que o levou a Dr. Roberto, descendente de alemão e que gostou da sua arte, Marcel é contratado pela Chesf para fazer desenhos e decorações em obras, ganhando na folha 317,00 mil cruzeiros por mês. Achando que seu trabalho não era valorizado, pediu para sair em 1988. Começou a ser contratado para prestar serviços a terceiros e até à própria Chesf, onde ganhou mais tempo e foi melhor remunerado.
Rejeitou convites que poderiam lhe dar reconhecimento nacional como Zito da Hidroservice (Chesf laboratorista), para Rio e São Paulo, até a Argentina. Também convidado por Café, técnico do Banco do Brasil que gostou da sua arte. Foi convidado também pela dona da fábrica de ração da Peixe para ir ao Cairo, no Egito, e também para a Alemanha pela fundação que faz escolas (VITAE). E, perdendo todos esses convites, foi para Jeremoabo (BA), através da Fundação de José Carvalho, depois Feira de Santana, Ipojuca próximo a Salvador, Catu (BA) na escola Atenize, Entre Rios, Amargosa etc.
Ele me conta que, na Petrolândia antiga, recebeu o simples incentivo, mas de muito valor, de pessoas como: Zé de Caboclo que autorizou a escolha das melhores madeiras que iam para o forno na cerâmica de tijolos; Alberto de Jeremias, que vendia sua arte sem cobrar o ônus; D. Quiquina, esposa de Paulo de Deus, na época prefeito de Paulo Afonso, que mandou arrancar as pastilhas que cobriam uma área de parede de 3,5 x 21 metros do Ginásio Antônio Carlos Magalhães para expor seu trabalho; e Maninho da APA também o ajudou com serviços para a CHESF.
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Marcel e os filhos: Aristides Neto (enteado), Marfaela e Stênio |
Casou-se com Maria Amélia de Sá, natural de Floresta (PE), filha de Januário e Maria Amélia, que trabalharam para o Cel. Olímpio Ferraz, e com ela teve um filho, Stênio Pietro Bezerra da Silva Sá, nascido em 05/02/1980, que atualmente lhe ajuda no ofício. Separou-se da esposa que veio a falecer em 2001. E, em segundas núpcias, casou-se com Maria de Fátima Barbosa, natural de Surubim (PE), filha de Aristides Barbosa e Josefa Félix Cabral, com quem teve a filha Marfaela Barbosa Bezerra da Silva, cujo nome nasceu de MARcel, FÁtima e ELA, por ser uma bela menina nascida em 01/01/1992, fruto dessa união.
Mora atualmente na Rua Capivara nº 90 - Itaparica – Jatobá – PE, e hoje (2007) se sente mais valorizado com relação ao tamanho do lugar onde vive, pois os serviços se acumulam por falta de tempo de fazê-los.
Observação do autor Jadilson Ferraz:
O artista demonstrou muita satisfação por saber que sua história iria ser escrita nesse livro, mas faleceu de ataque cardíaco (29/08/2008) antes que eu terminasse esse trabalho.
Observação: Marcel nasceu no dia 03/09/1955 , mas foi registrado com a data errada, então ficou como se ele tivesse nascido em 21/01/1955.
Reprodução figura do livro O simples povo brasileiro de Jatobá de Tacaratu: "Petrolândia", de Jadilson de Souza Ferraz
Blog de Assis Ramalho
Fonte: Livro
O simples povo brasileiro de Jatobá de Tacaratu: "Petrolândia" (1ª Edição, página 213), de Jadilson de Souza Ferraz