quarta-feira, abril 14, 2021

Jatobá de Tacaratu: A Semente plantada há um século (1921-1924)

 


Contexto histórico

O ano era 1921 e Pernambuco vivia um período de incertezas em virtude das sucessivas substituições no comando do governo estadual, provocado pelo afastamento , por doença, do governador eleito em 1919, quando o jovem Hildebrando Gomes de Meneses, vindo de Caruaru, abre a DROGARIA MENESES e monta a TIPOGRAFIA UNIÃO (junto ao seu primo Alfredízio Meneses) em Jatobá de Tacaratu.

Jatobá (atual Petrolândia) amargava uma severa decadência econômica decorrente em grande medida da frustação dos planos de navegabilidade do rio São Francisco, deixando assim de ser sede do município e retornando à condição de distrito de Tacaratu. O jornal A SEMENTE surgia então, naquele desolado contexto, como uma alvissareira novidade.

Aproveitando-se da experiência acumulada em Caruaru como principal colaborador do semanário A UNIÃO, da Associação Caixeiral Caruaruense, lança em Jatobá seu próprio jornal batizado de A SEMENTE. Seu primeiro número é publicado em fevereiro de 1921 e, em outubro de 1922, o magistrado Sergio Loreto, natural de Águas Belas (PE), elege-se Governador de Pernambuco pelo Partido Republicano Conservador, como alternativa encontrada pelas diversas forças políticas da República Velha para o apaziguamento da situação de conflito no estado, provocado pela contestação do resultado das últimas eleições.

Ocorre que, apenas dois anos do início da circulação de seu jornal, Hildebrando é convidado pela Agrofabril Mercantil a assumir o cargo de diretor e redator chefe do JORNAL CORREIO DA PEDRA (fundado pelo empresário Delmiro Gouveia e que ficou em circulação durante 12 anos desde 12/10/1918). Convite aceito, muda-se para Vila de Pedra, atual Delmiro Gouveia, onde trabalha de 1924 até 1930.

Assim sendo, mesmo mantendo a tipografia, a publicação do último número de A SEMENTE em 03/06/1924 põe um ponto final a sua breve história. Contudo, 10 anos depois, como que cumprindo a uma inusitada profecia literal, nasce o Correio do Sertão do mesmo Hildebrando.
Uma ‘existência acidentada’

Do acervo de Publicações Digitalizadas da Fundação Joaquim Nabuco no Volume 13 da “História da Imprensa de Pernambuco”, em sua seção intitulada “A SEMENTE”, da parte que versa sobre o município de Petrolândia (página 553), extraímos o poético fragmento copiado abaixo e provavelmente constante na edição inaugural de fevereiro de 1921 do Jornal A Semente:

“Hoje plantamos a nossa A Semente” – escreveu a redação – “…aquela de onde poderá brotar o progresso, raiar a luz de ideais alevantados, surgirem forças garantidoras de promissor futuro para essa inventurosa terra. Germinará? Crescerá? Borrifemo-la com o vigor de nossas energias de moço, aquentemo-la com os raios do nosso carinho e do nosso otimismo e a pobrezinha talvez adquira a força necessária para o desempenho de suas funções.”Da redação de A Semente em seu número inaugural

Festejando assim os 100 anos de nascimento deste jornal, completados no último fevereiro, o texto disponibilizado na Fundaj segue descrevendo a “existência acidentada d’A Semente” e referencia ao seu final a Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco como fonte. A fim de preservar a apresentação no original digitalizado da obra dessa relíquia que nos conta um pouco da história de A Semente, colaboramos com a colagem abaixo de seu conteúdo na íntegra:






Voltando no tempo

E para instigá-lo a entrar na máquina do tempo da história e se deleitar com notícias de uma Petrolândia viva na memória afetiva de seus filhos, o IGHP tem a alegria de compartilhar ao final desta postagem a edição quase completa do último número de A Semente de 3 de Junho de 1924 (Ano 3). Nela você provavelmente ficará um tanto perplexo com as “Queixas innocuas (sic)” e os “fuchiqueiros” na matéria de capa sobre a então lastimosa situação política e administrativa de Jatobá. Por outro lado ficará muitíssimo bem informado acerca do detalhado andamento da construção de uma escola e uma cadeia pelos trabalhadores da firma Brandão Cavalcante. Mas como ninguém é de ferro poderá também apreciar a “INTELLIGENCIA (sic) FEMININA DE JATOBÁ” nos textos premiados com menção honrosa pelos Amigos de Momo: “A rosa” de Feliciana de Menezes, “Porque (sic) amo Jatobá” de Lilia Cavalcanti e “O Riso” de Maria Luiza da Costa.

Boa viagem!


Nota aos petrolandenses nostálgicos

O IGHP aproveita a oportunidade para solicitar que nos contatem aqueles que por ventura tenham em mãos outras edições desta peça jornalística, que nos alimenta o ânimo de manter o empenho em preservar e (re)contar a história de nossa querida cidade.

Por : Paula Francinete Rubens de Menezes - Educadora, Escritora e Presidenta do IGH de Petrolândia.

O IGH Petrolândia nasceu com a finalidade primeira de servir de apoio à pesquisa sobre a história do nosso povo e se sente muito feliz em divulgar este material de inestimável valor histórico.

Blog de Assis Ramalho



Um comentário:

  1. AMEI O ARTIGO. SOU APAIXONADA PELA HISTÓRIA SE PETROLÂNDIA.
    MARY COSTA - RUA ELIANE PEREIRA, NUMERO 20, QUADRA 09

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