quarta-feira, junho 19, 2013

Manifestações: Ativistas divididos entre a Revolução e a coxinhização do movimento

Ações da Unidade Vermelha
Coxinhização do movimento
De acordo com matéria divulgada pela Agência Brasil, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse nesta quarta-feira (19) que o país contempla um pouco "atônito" as manifestações que tem tomado as ruas de várias cidades brasileiras nos últimos dias, com centenas de milhares de pessoas, e que os governantes devem ter a “generosidade de saber ouvir” o que estão apontando em termos de descontentamento. “Nós temos que entender isso, se não seremos atropelados pela história”. 

Segundo Carvalho, as manifestações não expressam apenas necessidades materiais, mas um reposicionamento da sociedade no sentido de participar ativamente das decisões. “É extremamente saudável que a juventude esteja manifestando nesses dias esse desejo, mais do que desejo, esse imperativo de participar, de dar conta e de exigência de um novo padrão de vida”.

Enquanto governo e sociedade contemplam um pouco "atônitos", ativistas divulgam a que vieram, com todas as letras e lemas, na internet e redes sociais. Engana-se quem pensa que os objetivos são mera e simplesmente baratear tarifas de ônibus.As palavras de ordem do Programa Vermelho são: "É com AK, é com fuzil, que iremos libertar o povo pobre do Brasil!" e "Bala, fuzil e metralhadora pela Revolução Nacional-Libertadora!"

O Programa Vermelho não é modesto e, sim, ele já saiu do papel, já saiu das redes sociais e ganhou as ruas. Neste momento, a grande preocupação de seus integrantes é com o que chamam de "coxinhização" do movimento: "Galera, cuidado com a coxinhização do movimento. Isso é mais perigoso que o (Batalhão de) Choque. Cada vez mais eu tenho visto demandas reacionárias ou superficiais que estão diluindo o protesto." Abaixo, reproduzimos nota postada pela Unidade Vermelha após atos de protesto no Rio de Janeiro. 

Nota da Unidade Vermelha sobre o glorioso ato de acirramento que aconteceu no protesto de 17/06/2013.

"O ultimo ato do rio, foi um protesto de qualquer forma, glorioso. Por um momento, praticamente “aparelhado” por pessoas que foram para um protesto pela primeira vez na vida, que eram na verdade agentes da direita, apenas presentes no ato para atrasar o avanço da luta, que no máximo a única coisa que davam de positivo, eram mais números na estatística de quantas pessoas estavam nas ruas. Gente pseudopatriótica, dos tipos que utilizam jargões como “acorda Brasil”, e lotam as “marchas contra corrupção”. Pessoas que se comportavam como se estivessem numa simples confraternização, e recuadas em quase tudo no que se refere a luta do povo brasileiro.

Apesar de estes pesares, os pacifistas pseudopatrióticos, recuados e não-politizados, não puderam conter a euforia e radicalidade das massas que estavam no protesto, isso é, apesar de qualquer “infiltramento” no protesto que o tentasse trazer o ato para um ato de caráter altamente recuado, as massas ali presentes não se deixaram por desvirtuar, o que fez de qualquer modo, ser um dia glorioso para o Rio de Janeiro.

O ato adquiriu um caráter verdadeiramente radical ao chegarmos em frente a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ). Mais de 100 mil pessoas nas ruas, segundo dados da Polícia Militar, isso é, uma fonte não tão confiável, o que possivelmente significa que tinham bem mais manifestantes que isso. Uma quantidade inédita de manifestantes nas ruas do Rio de Janeiro, maior que antigo maior ato que o Brasil já teve, que foi a “Marcha dos 100 mil”.

A ala mais ousada e radical do ato, que estava tomando a frente, não se desfez frente as afrontas dos policiais fascistas. Após isso, o povo consolidou sua resistência ao redor da ALERJ. Acuados a Policia Militar ficou lá dentro, tentando dispersar a manifestação através das janelas altas da ALERJ, no entanto não esperaram uma heroica resistência de uma quantidade tão imensa de manifestantes (mesmo que não fossem todos).

Em meio a isso, houveram os momentos mais acirrados do ato, onde o acirramento por parte dos manifestantes, era promovido por militantes de organizações revolucionárias radicais (algumas delas que talvez eu não possa mencionar aqui, sem a permissão deles), por militantes da UNIDADE VERMELHA, e pela imensa contribuição de Punks e Anarquistas, que apesar de não se pautarem numa organicidade e disciplina firmes, não vacilaram diante do inimigo de classe em relação a corajem e radicalização. Conseguimos fazer literalmente a Policia Militar de nossa prisioneira, acuados dentro da ALERJ.

Tentamos invadir pelas portas da frente a ALERJ, no entanto, não conseguimos. Enquanto estávamos tentando forçar a porta, a policia ao mesmo tempo por cima de nós, nas janelas acima do portão atirava, o que se demonstrou ineficiente quando os protestantes mais radicais, começaram a se aglomerar na bem perto do portão e a lançar pedras neles, o que os fez recuar novamente para irem lá pra dentro da ALERJ.

O CHOQUE tentou vir pelas ruas ao redor da ALERJ, para dispersar a multidão em frente a Assembleia Legislativa para tentarem salvar seus “irmãos” da PM do Rio, cerca de três vezes. Todas estas vezes, o CHOQUE não foi vitorioso. Montaram-se as barricadas, armamo-nos de pedras, postes de placas derrubadas e etc. Os fascistas não passaram até então. A PM também tentava vez ou outra ver se conseguia algo, também com notório fracasso (Tal como este vídeo aqui)

As fogueiras estavam montadas, lindas e enormes, uma delas, ao lado da ALERJ, e teve próximo a ela, alguma coisa inusitada, que não consegui ver, provavelmente algum cabo de gás ou energia que estourou/explodiu, e fez com que apenas uma fogueira, tampasse uma rua inteira, impedindo mais uma via para a repressão vir contra a manifestação. Além disso, outra enorme fogueira no meio do asfalto soltou uma fumaça bastante forte aos céus, que de certo modo dificultava a leitura dos observadores da policia que estavam sobrevoando a ALERJ com o Helicóptero, provavelmente passando orientações aos policiais que estavam nas ruas. Alguns militantes da ala em que pertencíamos (a radical), conseguiram entrar numa parte da ALERJ através de uma janela lateral, e dela e jogaram algumas cadeiras e sofás pra fora do edifício. Os móveis em questão foram bem usados em uma das fogueiras (na que a fumaça estava a dificultar um pouco a ação dos observadores dos helicópteros).

Contra nossa resistência, a policia não hesitou em atirar, e desta vez não com balas de borracha, mas com “balas de verdade”, atirando para o alto (Veja aqui, vídeo na PM atirando para amedrontar os manifestantes ), e em certas vezes até mesmo em direção a manifestação, tal como foi confirmada segundo a própria mídia, uma vítima de tiro, onde atiraram no seu braço (Veja aqui a notícia sobre o jovem que levou um tiro no ato da ALERJ).

Ainda com tudo isso, o protesto não dispersou. As vias por onde os reforços da policia poderiam vir para “salvar” os policiais encurralados, estavam todas lotadas de manifestantes e quando não lotadas, contava com poucas pessoas, porém corajosas e decididas a resistir. Chegaram a utilizar os bombeiros que claramente, não estavam nem aí para qualquer chama, mas que apareciam somente para pedir que abrissem espaço, e assim, de certo modo tentando ver possíveis aberturas para a policia. Mesmo que os bombeiros se demonstrassem “sorridentes” e simpatizantes com a causa, talvez a frequente passagem deles, que sempre ia abrindo espaço em meio a multidão, pedindo passagem pra pessoas que estavam lotando as ruas, tenha sido estratégica, de modo que nos enfraqueceu.

O nosso maior inimigo ali em questão, não foram os tiros, as armas da repressão, bombas de efeito moral nem nada do tipo. Nosso inimigo que mais nos atrasou, foi apenas o “politicamente correto” dos pacificas e recuados, que tentavam amaciar as massas, e o nosso próprio cansaço. O “moralismo da classe média” quiçá nos atrasava muito mais que os agentes da repressão, e nos incomodavam muito mais que qualquer gás lacrimogêneo. E o fato de termos ocupado tanto tempo a região em volta a ALERJ, nos deixou obviamente desgastados.

Somente devido a isso, a manifestação chegou a certo momento se fragilizar, e alguns manifestantes passaram a dispersar. Os observadores da policia, fizeram um trabalho eficiente em identificar isso. Os reforços significativos passaram a chegar bem neste momento. Daí os que estavam nos arredores, foram os que primeiro avistaram a chegada brusca dos policiais que vieram depois, chegando já ameaçando e gritando os manifestantes que estavam mais afastados do ato em si.

Mas só devido ao nosso cansaço, e fragilidade de alguns da manifestação (aqueles mais recuados e menos firmes na luta), foi que a policia conseguiu de fato acabar com a manifestação. Não fosse por isso, ela amanheceria o dia.

Foi um dia vitorioso, companheiros. A Policia Militar do Rio de Janeiro foi HUMILHADA perante o Brasil. Cercada por uma pequena parte dos manifestantes, que se pretendiam a lutar do jeito que se deve lutar, com RADICALIDADE E ÍMPETO! Hoje a Policia foi nossa prisioneira por horas. Em cárcere pelo povo, na Assembleia Legislativa. Hoje, eles tiveram um pouco do que merecem. Aqui vai um agradecimento aos camaradas da Unidade Vermelha e aos companheiros de outras organizações radicais, que tiveram uma participação ativa, deste episódio, e um cumprimento maior ainda, aos Anarquistas, Punks e demais radicais que lá estavam. Sem a colaboração destes, talvez este épico episódio não tivesse ocorrido.

Agora, avante na luta, contra o aumento das passagens, contra a repressão fascista do governo de Eduardo Paes e Cabral, e pela libertação do nosso povo.

Todo poder ao povo!"

Para ler o Programa Vermelho e entender de vez o que está acontecendo, clique aqui>Programa Vermelho

Fonte: Unidade Vermelha

Nenhum comentário:

Postar um comentário