quarta-feira, março 23, 2016

Diretor de faculdade investigada pela Alepe na CPI das Faculdades Irregulares pode ter envolvimento com outras instituições suspeitas

Gedalias Pereira foi ouvido na reunião desta quarta na Alepe (Foto: Giovanni Costa)

Oficialmente afastado de entidades que tiveram problemas com a Justiça, o diretor da Faculdade Anchieta, do Recife, Gedalias Pereira, continuaria ocupando funções de gestão nas instituições de onde havia saído, além de ter parentes à frente de outras empresas implicadas. Pereira foi ouvido como testemunha pela CPI das Faculdades Irregulares - em andamento na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) - nesta quarta (23), que pretendeu esclarecer a participação do depoente na proliferação de cursos superiores ofertados ilegalmente no Interior do Estado.

Investigada por oferecer cursos suspeitos em pequenas cidades, a Faculdade Anchieta tem como controladora Edilaine Batista Rodrigues, com quem Gedalias Pereira confirmou ter dois filhos. Pereira negou ter participação societária na instituição, mas atestou ser dono da Faculdade Anchieta de Palmares – uma outra empresa que, no entanto, tem sede no mesmo endereço. O irmão do depoente, Darley Pereira, é proprietário da empresa de cobranças Proex Nordeste, que aparece no material de divulgação de vestibulares para a Fundação de Ensino Superior de Olinda (Funeso), igualmente investigada. Por fim, Márcia Maria da Silva Campos, a quem a testemunha considerou “como mãe”, é sócia majoritária da União das Instituições para o Desenvolvimento Educacional, Religioso e Cultural (Uniderc), com sede em Caruaru, no Agreste, cujos programas de pós-graduação foram suspensos pela Justiça Federal.

Pereira ainda presidiu o Instituto de Desenvolvimento Educacional, Religioso e Cultural (Iderc), também em Caruaru, que terceirizava irregularmente graduações ofertadas pela Funeso até 2014. “Não sou sócio do Iderc, mas às vezes dou aulas de Teologia lá. Houve um distrato com a Funeso após determinação judicial”, explicou. “A preocupação desta Casa é pertinente, mas esta CPI tem causado danos irreparáveis à Faculdade Anchieta e a outras instituições que oferecem oportunidades em regiões onde nenhuma outra quer ir”, afirmou.

Ouvido em seguida, o diretor acadêmico da Uniderc, Iraquitan José Leite Ribeiro, disse somente ter sido “apresentado” a Márcia Campos, registrada como principal mantenedora da instituição, mas que sempre se reporta a Gedalias Pereira e a Jabes Moura, ex-reitor da entidade e atual sócio da Faculdade Anchieta. “Não conheço essa relação, não sabia que Márcia era a sócia majoritária. Foi Gedalias quem me convidou para coordenar a pós-graduação, e pensava ser ele o dono”, relatou.

Na avaliação do presidente da CPI, deputado Rodrigo Novaes (PSD), a companheira, o irmão e “a pessoa tomada como mãe” pela testemunha seriam, na verdade, “laranjas” do esquema de oferta irregular de cursos superiores no Estado. “Fica cada vez mas evidente que o senhor Gedalias Pereira está por trás de toda essa estrutura de terceirização da atividade de ensino em Pernambuco”, apontou o parlamentar. Novaes informou que irá convocar Pereira mais uma vez para prestar esclarecimentos à Comissão, e que pedirá a condução coercitiva de Márcia Campos para a próxima reunião do colegiado. Também convidado a depor, o representante do Iderc, Abrahão Abude, não compareceu, mas apresentou justificativa.

Alepe

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