sexta-feira, outubro 02, 2015

Petrolândia: Dr. João Lopes, em entrevista ao Blog de Assis Ramalho e à Web Rádio Petrolândia, comenta caso de pacientes cirurgiados atendidos em Floresta


Dr. João afirma ter havido uma encenação para os blogueiros, em Floresta, e estar investigando o caso e levantando provas para, após se inteirar do contexto real das reportagens, decidirá se cabe processo judicial e denúncia ao CREMEPE. "Se couber ação judicial da Justiça comum e do CREMEPE, nós vamos mover".

Na noite desta quinta-feira (02), Dr. João Lopes, médico e Diretor Presidente do IBVASF (Instituto Beneficente do Vale do São Francisco) filiou-se oficialmente ao PMDB, em reunião realizada em Petrolândia, solenidade prestigiada por por grande número de amigos e correligionários. A matéria sobre a filiação será postada por este Blog posteriormente. Após a cerimônia, ouvimos Dr. João Lopes sobre o assunto mais comentado desde a noite anterior, quando foi divulgado por blog de Floresta, e repercutido nos blogs de toda a região, que pacientes operados em Petrolândia, em viagem para a cidade de Lagoa Grande, teriam sido internados no hospital de Floresta. A reportagem do Blog de Assis Ramalho e da Web Rádio Petrolândia ouviu Dr. João a respeito do fato ocorrido. A entrevista será levada ao ar, na íntegra, nesta sexta-feira (02), no programa Acordando com as Notícias, transmitido pela Web Rádio Petrolândia, das 5h30 às 8h30, com apresentação e comentários de Assis Ramalho, de segunda a sábado. A entrevista será reprisada no sábado.

Veja abaixo a entrevista.

Assis Ramalho: Dr. João, boa noite! Muito obrigado por, mais uma vez, receber nossa reportagem Web Rádio Petrolândia/Programa Acordando com as Notícias e também o Blog de Assis Ramalho. O que o Dr. João teria a falar sobre esse episódio, por que, queira ou não queira, é muito disse-me-disse-alguém-disse-isso-e-aquilo? 

Dr. João Lopes: Boa noite, Assis! Bom, Assis, esse fato aí aconteceu. Inclusive eu estava em Recife, quando cheguei, eu tomei conhecimento. O IBVASF tem um quantitativo de cotas médicas. A gente faz 400 e poucos internamentos por mês, sendo desses 150 a 200 cirurgias por mês. Nós atendemos a Microrregião [do Sertão] de Itaparica (Petrolândia e as demais cidades), como também outras 14 cidades de fora, que não têm a assistência que merecem e nos procuram, e a gente, como é credenciado ao SUS, a gente dá esse suporte. Inclusive, o fato que aconteceu foi com um desses municípios, Lagoa Grande. Lagoa Grande trouxe 10 ou 11 pacientes segunda-feira [28]. Nós fizemos as cirurgias. Teve histerectomia vaginal, teve colecistectomia (cirurgia de vesícula), teve histerectomias e períneo. E a gente fez. A gente opera normalmente. A gente faz a cirurgia e ela tem o pós-operatório imediato, que consta de um a dois no pós-operatório. E nesse período, sobretudo nas primeiras 24 horas, quando aparecem algumas intercorrências de anestesia, quando acontece. E é por isso que a gente dá a folga, de mais um dia, que o paciente sai bem e sem problemas. E de lá, eles mandaram um carro locado pela Secretaria Municipal de Lagoa Grande. É uma van, é climatiza, com poltronas alcochoadas e reclináveis. É um carro apropriado, adequado pra voltar com pacientes que estejam de alta hospitalar e com boas condições clínicas. Eu digo alta hospitalar porque eu não estava, mas Dr. Francisco Rinaldo foi quem deu alta a todo esse pessoal. Como fica muito oneroso pra eles virem de Lagoa Grande, de Santa Maria pra cá [para Petrolândia], a Secretaria de Saúde disponibiliza um carro dessa envergadura, inclusive é um carro melhor do que todos esses TFDs [Tratamento Fora do Domicílio] que a gente conhece. TFD é o transporte para fora dos municípios. É um carro muito confortável, que atende plenamente, é adequado plenamente para aqueles pacientes naquela situação. Gostaria mais, Assis, de lhe dizer que o IBVASF é um prestador de serviços ao SUS e também faz muitas cortesias, com pessoas carentes, pessoas lá da ponta. Mas, assim, o IBVASF é responsável por essa prestação [de serviços], pela cirurgia e tudo. Depois que ele dá alta ao paciente, o IBVASF não tem contrato, não tem acordo para deixar o paciente em casa, como qualquer um outro hospital filantrópico ou privado, Quem é de responsabilidade desse feito de transportar, de fazer o translado, são os municípios, ou os próprios pacientes com os seus familiares. Então, esse pessoal teve alta, todo mundo bem, e foi Dr. Francisco Rinaldo que deu alta. Foram e quando chegou lá no Terminal [posto] Rodoviário da Polícia Federal, uma das pacientes se queixou de tontura, dores de cabeça e náuseas. Inclusive esse carro vinha com uma profissional de Enfermagem. O pessoal já todo bem e uma passou mal, como qualquer pessoa, sem ter se submetido a cirurgia, sem ser enferma, sem ser doente, acontece. Quantas nós não já atendemos? Uma pessoa que vai passando de viagem [o IBVASF é localizado em frente a uma rodovia] e se sente mal, náuseas, vômitos. Tem muitas pessoas que entram no carro e, com o sacolejo, eles se sentem mal. E aconteceu com essa paciente. Única e exclusivamente uma paciente. Chegando em Floresta, a paciente desceu com a Técnica e o médico atendeu lá, Lindolfo. E ele, eu não sei o que o moveu a tomar atitude tal, porque perguntou e [foi respondido] que 'a gente foi operado e está voltando lá do IBVASF de Petrolândia, que a gente foi operado e está de alta, e estamos sendo levadas de volta'. E ele, repentinamente, saiu do consultório, foi pra dentro da van, disse 'quem está operado?', [responderam] 'todo mundo'. Perguntou 'tem mais alguém sentindo algo?'; 'não, está todo mundo bem'. Mas ele disse 'desçam, desçam!' Desceu o pessoal. Veja a intenção desse rapaz.

Assis Ramalho: O rapaz que o senhor fala é o médico?

Dr. João Lopes: Sim, o médico. A obrigação dele era medicar a pessoa que estava se sentindo mal. Desceu todo mundo da van, operado. Botou todo mundo na cama, chamou os dois blogueiros. Isso eu estou lhe dizendo porque o motorista confirma isso, e os pacientes e a menina [a Técnica em Enfermagem]. Convidou dois blogueiros de Floresta, aí fez a apresentação, a encenação, uma atitude antiética que o CREMEPE abomina isso veementemente. O CREMEPE tem um poder de controle e disciplina com os profissionais de saúde muito forte.

Assis Ramalho: A encenação foram as fotos?

Dr. João Lopes: Não. A encenação foi o fato dele ter colocado o pessoal que estava bem, que não sentia nada, deitado na cama. Chegaram os blogueiros, tiraram as fotos [dos pacientes na enfermaria] e tudo. Depois que o pessoal do blog saiu, ele disse a todo o pessoal, sem medicar, sem consultar, sem fazer nada, ele disse 'tá todo mundo liberado, tá todo mundo liberado!'. Ora, pra que descer o pessoal todo da van se estava todo mundo bem, só uma pessoa precisava ser medicada? Então, nós estamos investigando isso, e estamos levantando as provas já. Por telefone, já confirmaram tudo isso as pessoas que estavam participando [da viagem], e se assim o foi, tanto o hospital como o profissional vão ser responsabilizados por isso. Eu pensei até que pudesse ter alguma coisa, algum envolvimento dos blogueiros, mas não tiveram nada. Inclusive, já pediram desculpas, disseram que foram chamados.

Assis Ramalho: Dr. João não está culpando nenhum blogueiro. Os blogueiros foram usados?

Dr. João Lopes: Os blogueiros foram usados. E a gente está tomando as providências agora. Essa atitude você diz "o que você tem a ver, se os pacientes não eram mais responsabilidade do IBVASF, uma vez que quando a gente dá alta é uma responsabilidade da prefeitura [do município do paciente]? Não é mais [responsabilidade] da gente, mas eu senti, e tu sabe política pra onde vai e como vai, eu acredito que pode ter dedo político. E uma: eu não quero acreditar que um profissional de saúde se submeta a esse tipo de coisa. Agora, querer macular os profissionais do IBVASF, o IBVASF. Precisava ter um pouquinho de massa cinzenta pra entender que não tinha nada a ver o IBVASF [com o transporte dos pacientes]. O IBVASF tem sim: 10 mil cirurgias feitas em 5 anos, todas com sucesso! Eu queria até, Assis, pra você ver e você entender o que é comportamento ético de profissional. Ipanema mora lá na Serrota, eu acho que você conhece, é uma pessoa muito conhecida aqui de Petrolândia, inclusive foi ele que me conduziu esse fato, e eu quero fazer um paralelismo, só pra mostrar a diferença de ética e de postura de um médico de um serviço e outro [médico] de outro [serviço]. A irmã de Ipanema teve uma crise de apendicite e ela não teve assistência aqui no Hospital, porque não fazem isso [cirurgia] aqui, e encaminharam ela para Serra Talhada. Ela foi operada lá e, segunda-feira, Jorge eletricista, Louro do Vidro e Ipanema me procuraram, dizendo que a mulher estava 'com a barriga estourada', e quando eu a vi, ela estava com a barriga extremamente distendida, em sepse, e tinha operado há 8 dias em Serra Talhada. Eu peguei a mulher. Está Louro, está Jorge, está Ipanema, a própria paciente [de prova] que eu não toquei o nome de um médico. E a paciente estava correndo risco de vida, porque ela estava com peritonite em sepse. Peritonite é pus dentro da cavidade abdominal. Abri a paciente de 2 horas da manhã, tiramos 2 litros de pus, ponteamos e deixamos a barriga aberta, o celular entre a pele a gordura, porque era pus demais e é contraindicado fechar. Estou fechando ela daqui a dois dias. Mas eu não tive que fazer encenação, não tive que ter uma postura sensacionalista, com o intuito de retaliar ou perseguir A ou B. A paciente vai sair boa. Como ela já está bem, já saiu da sepse e está muito bem. Mas eu estou mostrando isso pra você ver a diferença de ética, de posturas de profissionais e tudo. Não adianta esse tipo de coisa, porque, como eu disse aqui anteriormente, a mentira tem perna curta e a verdade sempre chega, e sempre os fatos são esclarecidos. Agora, quando você comete uma maldade, comete uma falsidade, você está passível de ser acionado judicialmente, e é isso que nós estamos estudando com um advogado. Eu não sei o contexto real da reportagem. Eu li algumas partes no seu blog, mas não deu pra que eu lesse direitinho e começasse a conversar com um advogado, porque se couber ação judicial da Justiça comum e do CREMEPE, nós vamos mover.

Assis Ramalho: O Blog, através do blog de Floresta, não é? Vamos deixar bem claro (risos)...

Dr. João Lopes: É. Inclusive, eu lhe cumprimento, lhe digo de coração, Assis, você é um cara, para mim, imparcial. Assis, eu nunca vi você ter duas linhas, dois jogos. Você, toda vez que é preciso pôr uma notícia de cunho pessoal, de cunho social ou político, você nunca se omitiu, nunca se furtou. E é por isso que eu lhe prezo, lhe tenho consideração, não precisa eu estar lhe 'babando' [bajulando] nem você me 'babando'. Nós temos uma relação de respeito e de profissionalismo, de ética.

Assis Ramalho: Com certeza. Se Deus quiser, vai continuar sendo assim. Dr. João, muito obrigado por, mais uma vez, fazer esse esclarecimento muito importante pra sociedade, porque a sociedade merece isso. Eu costumo dizer o seguinte, Dr. João, que a gente tem que trabalhar em prol da sociedade, não é em prol de político, não é em prol de ninguém. A gente tem que trabalhar em prol da sociedade. Eu, como imprensa, eu trabalho com todas as notícias, inclusive com notícias políticas, notícias policiais, notícias agora envolvendo esse lado da medicina. Eu costumo dizer que nada está acima (claro, primeiramente Deus) e, abaixo de Deus, está a responsabilidade com a gente levar a informação correta, doa em quem doer. Dr. João, mais uma vez o senhor provou a sua responsabilidade. Obrigado por confiar na nossa reportagem para fazer, não digo esse desabafo, mas esse posicionamento correto. Muito obrigado, Dr. João!

Dr. João Lopes: Assis, eu gostaria também mais uma vez de agradece-lhe e cumprimentar todos os seus ouvintes e dizer que o IBVASF (eu não digo o Dr. João, porque eu vim de família pobre, construí no suor tudo isso que a gente se projetou até hoje), mas dizer que, sobretudo, o IBVASF tem feito um trabalho tão [intenso] de resgate, tão importante para a saúde, sobretudo daqueles que estão lá na ponta, dos mais carentes, dos mais necessitados, e pra mim isso é o que me fortalece. O que me fortalece é Deus e ver que sobretudo os mais humildes estão sempre ao lado da gente. Eu nunca deixei de contar com apoio, com a fortaleza de Deus e dos mais carentes. E pra mim eu estou realizado nisso aí. eu não vai ser ninguém, de repente A ou B, que tenha inveja do seu desempenho profissional, [que vai mudar isso]. Como eu estava lhe dizendo agora há pouco, e eu gostaria de repetir, eu sou um cidadão comum, simples, e que hoje foi o que mais ganhou títulos de cidadão na região. Só reprisando: lá de Lagoa Grande, eu recebi o título de cidadão de Lagoa Grande; recebi o de Cabrobó; recebi o de Tacaratu. E estou pra receber mais de outro. Quer dizer, esse povo que está vindo de lá, eles estão divulgando, eles estão sendo atendidos e [recebem serviços] prestados por filhos de Petrolândia, por empresas dentro de Petrolândia, e eles vão sempre lembrar de Petrolândia. Então, nós estamos levando o nome de Petrolândia bem adiante. Eu acho que o que nós estamos fazendo nada mais é do que a obrigação da gente, agora, isso incomoda muita gente. Incomoda, uma vez que se vê a crise do Estado, do país, eu tento conseguir uma cirurgia pra uma pessoa amiga minha em Recife, falei com três grandes amigos que nunca negaram e não pode, porque está tudo fechado. E está o IBVASF aí, trabalhando e rompendo barreiras, e fazendo tudo aquilo que o povo precisa. Depois das graças de Deus, é a saúde o que a gente mais precisa. Assis, muito obrigado!

Assis Ramalho: Muito obrigado, Dr. Joao!

Redação do Blog de Assis Ramalho

Nenhum comentário:

Postar um comentário