sábado, maio 27, 2017

Paladar: "A língua é capaz de quê?" - Fernando Nivaldo

Fernando Nivaldo

Conforme o prometido e dentro das minhas possibilidades temporais, estou publicando uma série de considerações reflexivas acerca dos cinco sentidos do corpo humano. O PALADAR é o segundo tema da série. Ele que nos permite reconhecer sabores, além de sentir a textura dos alimentos ingeridos. A língua é o principal órgão desse sentido e é capaz de diferenciar entre os gostos doce, salgado, azedo, amargo etc.

Inobstante às questões biológicas, poder-se-á ir além daquilo que aprendemos efetivamente no colegial acerca do paladar. O tema toma gosto,sobretudo, quando nos propusemos a pensar o quanto estamos ou se estamos agradáveis ao paladar de outrem,de que forma utilizamos nossa língua, nossa boca, se estamos dando sabor e de que forma estamos saboreando a vida.

Já escrevi algumas unidades de dissertações que tratam da língua, do quanto esta pode macular, ferir, mentir, enganar, em casos mais extremos, destruir a vida de alguém. Temos utilizado nossa língua para quê ultimamente? Para elogiar ou escarnecer? Adoçar ou amargar?

Existem, portanto, inúmeras vertentes que produzem ensinamentos, quais sejam bíblicos, filosóficos, literários e tantos outros. “A boca fala do que está cheio o coração” (esse virou quase um bordão popular); e ainda: “Não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas o que dela sai”. O Mestre sabia bem o poder e o “porquê” dessas palavras.

O filósofo e educador Colombiano Bernardo Toro diz que “a linguagem é a chave para saber quem somos como indivíduos. Nós somos nossas conversas. Quando mudamos nossa forma de ser, mudamos nossas conversas e quando mudamos a forma de conversar, mudamos a forma de ser. A linguagem nos constrói”. Portanto, corra léguas, se preciso for, para bem longe de pessoas azedas, negativas, que só pronunciam e transmitem amarguras. Ao contrário, busque a companhia de pessoas que lhes construa com palavras afáveis e, se amargas, ao menos verdadeiras sem o tempero da falsidade.

Particularmente, gosto da frase de um autor desconhecido que diz haver duas fraquezas no homem: “Calar, quando se deve falar; e falar quando se deve calar", do que interpreto que o bom senso deverá sempre prevalecer. Penso que, de todas as poderosas armas, a palavra é a mais terrível e forte. Punhais e armas de fogo deixam vestígios de sangue. Bombas abalam edifícios e ruas. Venenos são detectados. "A palavra consegue destruir sem pistas".

Procure ver se você está utilizando esta arma. Procure ver se estão utilizando esta arma contra você. E não permita nenhuma dessas duas coisas.

Fernando Nivaldo é Educador Social.

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