terça-feira, janeiro 26, 2016

Fundação Mata Atlântica diz que água do Rio Doce está em "péssima" qualidade

Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios/Divulgação

Um estudo realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica concluiu que a condição ambiental do Rio Doce é considerada “péssima” em 650 km de rio. Na comparação, a distância em linha reta entre as cidades de Brasília e Belo Horizonte é de 620 km. A fundação analisou 18 pontos em 29 municípios afetados pela tragédia ambiental na Barragem do Fundão, em Minas Gerais.

De acordo com os dados, 29 amostras de lama e água foram coletados para análise. “A condição do Rio Doce é de qualidade de água péssima, imprópria pra uso desde Bento Rodrigues [em Minas Gerais] até Regência [no Espírito Santo]”, afirmou à Agência Brasil a coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro.

Nas amostras coletadas foram encontrados níveis de magnésio, cobre, alumínio e manganês acima do permitido pela legislação. Malu pede à população das regiões afetadas para não consumir a água diretamente do Rio Doce, não nadar nem oferecer água do rio para animais, mesmo fervendo antes. A recomendação é consumir água da torneira, desde que tratada pelas companhias de saneamento.

Os níveis de turbidez da água apresentaram resultados muito superiores aos aceitáveis. A turbidez variou de 5.150 NTU (sigla para Nephelometric Turbidity Unit, unidade matemática utilizada na medição da turbidez) na região de Bento Rodrigues e Barra Longa, à 1.220 NTU em Ipatinga (MG), aumentando gradativamente na região da foz, em Regência (ES). O nível máximo de turbidez aceitável é de 40 NTU.

A coordenadora da fundação também disse ser “praticamente impossível” determinar um prazo de recuperação do Rio Doce neste momento, uma vez que a Samarco ainda não apresentou o plano de recuperação. Malu lembrou que só a recuperação da mata ciliar, que “sofreu uma perda de 17 campos de futebol”, vai levar no mínimo cinco anos.

Para a coordenadora, a recuperação das águas do Rio Doce em dez anos, prazo mínimo estimado pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, depende do esforço dos responsáveis. “É possível em dez anos, mas várias técnicas precisam ser implementadas simultaneamente. Não vimos o plano. A Samarco tem de apresentar o plano.”

Segundo Malu, existem outras barragens em situação semelhante à de Mariana. “Mais importante agora é retirar os rejeitos da região de cabeceira que correm o risco de romper. Esse acidente tem de servir pelo menos como alerta. Que o licenciamento ambiental seja mais rigoroso. Que segurança temos de que outras barragens não vão se romper, se elas são mantidas com o mesmo sistema?”

Procurada pela Agência Brasil por telefone e e-mail, a Samarco não se manifestou até a publicação da matéria.

Agência Brasil

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