segunda-feira, fevereiro 10, 2014

Google desafia ONGs a usar tecnologia para resolver problemas sociais


Na Índia, falta água potável. Em algumas regiões da África, não há energia elétrica. No mundo inteiro, 1,8 milhão de espécies estão ameaçadas de extinção. O Google quer ajudar a resolver todos esses problemas.

Nesta segunda-feria (10) a empresa de buscas lançou sua edição brasileira do Desafio de Impacto Social. A competição já ocorre na Índia e no Reino Unido e premia ONGs capazes de oferecer soluções tecnológicas para problemas sociais graves – como doenças transmitidas por água contaminada. Aqui, quatro organizações selecionadas receberão R$1 milhão cada para por em prática projetos de impacto social que se utilizem da tecnologia de maneira inovadora.

O Brasil é o terceiro país do mundo a sediar a competição. A escolha se justifica pela atenção que o país vai atrair nos próximos anos, com a Copa do Mundo e a Olimpíada de 2016. E pelo fato de o país ser um mercado estratégico para a empresa – em companhia do México, Índia, Indonésia e Rússia, o Brasil constitui o que o Google considerada um mercado Premium: “É um país com grande utilização dos serviços do Google e com grande potencial tecnológico” afirma Fábio Coelho, diretor geral do Google Brasil.
A competição entre ONGs ocorre desde 2012, sob direção do braço filantrópico da empresa, o Google.org : “Logo que o Google foi fundado, decidimos que queríamos impactar a vida das pessoas”, diz Jacqueline Fuller, diretora do Google.org “No Brasil, queremos encontrar empreendedores que façam uso da tecnologia de maneira criativa”.

Para participar, basta que a organização esteja sediada no Brasil. As soluções propostas não precisam envolver tecnologia digital ou produtos do Google. As ONGs interessadas podem se inscrever pelo site.

De acordo com o Google, os critérios de seleção estão baseados em três pontos principais:
1 – A qualidade e originalidade da ideia e o alcance do impacto que ela tem potencial para gerar.
2- A capacidade que a organização possui para colocar o projeto em prática.
3- O histórico da ONG – seus projetos passados, parceria e apoiadores.

A seleção dos projetos será dividida em três etapas. Na primeira, um time do próprio Google, no Brasil e nos Estados Unidos, vai selecionar 10 projetos em meio aos inscritos. Os escolhidos ficarão disponíveis online, para voto popular. Esses finalistas participarão de um evento no dia 8 de maio, quando serão anunciados o vencedor do voto popular e os outros três projetos escolhidos pelo time de jurados – Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna; o apresentador e empresário Luciano Huck; o empresário Josué Gomes; o músico e ativista MV Bill e a própria Jacqueline, do Google.

“Para muitas ONGs, a gente sabe que é difícil conseguir financiamento. Essa pode ser a nossa pequena contribuição”, diz Coelho. No país, a meta é amealhar maior número de inscrições do que na Índia, onde pouco mais de 1 milhão de ONGs participaram da competição. Os quatro vencedores, além de receber os R$4 milhões, serão acompanhados por funcionários do Google nos três anos seguintes, prazo para que os projetos entrem em funcionamento. Trata-se de uma parte importante da premiação – o Google diz não querer que a competição se converta em mera doação. Para Viviane Senna, a empresa pode oferecer sua experiência e conhecimentos às organizações premiadas: “No Brasil, não falta verba” diz ela. “Falta boa gestão e acompanhamento dos resultados, coisa que as empresas sabem fazer muito bem”.

Projetos já em desenvolvimento também podem ser inscritos. A exigência é de que o dinheiro do prêmio seja utilizado exclusivamente em sua realização – seja na contratação de funcionários ou na compra de equipamentos.

Nos últimos anos, ganharam destaque as iniciativas do Google que, utilizando a tecnologia, buscam impacto direto na vida de diferentes populações. Além do Google.org, a empresa desenvolve projetos cujo objetivo é aumentar o acesso a internet banda larga – questão fundamental para os negócios da empresa. O projeto Loon, por exemplo, tenta viabilizar a oferta de internet a partir de balões meteorológicos.

A intenção, caso essa primeira edição brasileira dê certo, é repetir o Desafio de Impacto Social anualmente no Brasil.

Revista Época