Duas postagens resumem o sentimento dos organizadores das manifestações do Passe Livre quanto ao possível desvirtuamento do objetivo original do movimento, divulgado em protestos que começaram há alguns dias nas principais capitais do país. Segundo esses interlocutores da proposta original, à medida em que o apoio ao movimento cresce, tanto entre a população quanto na mídia, o foco está sendo deslocado da questão principal (preço alto das passagens de ônibus) e, portanto, novas conquistas podem ser comprometidas.
Para todos os brasileiros / Alerta, todo o cuidado é pouco (Facebook/Vermelho à Esquerda, 18/06/13)
Camaradas, ultimamente temos presenciado uma conjuntura totalmente diferente das primeiras manifestações pelo transporte, contra a tarifa e em favor do passe-livre. Estávamos lutando em vários estados e conseguindo vencer lutas pontuais, como em POA, Goiânia e São Paulo provavelmente seria a próxima, porém surgiu algo inesperado. O povo, talvez por leitura de conjuntura errada, ou talvez por ter sido influenciado pela mídia, mudou totalmente o foco das manifestações. Manifestações que tinham avanços graduais em favor de melhorias agora se dissolvem entre discursos nacionalistas e idealismos de revolução pacífica.
Entendam esse post como um apelo. Mantenham o foco. Lutar por tudo, como o próprio Jabor disse em suas desculpas, é lutar por nada. Se na etapa avançada que estamos paramos de lutar por transporte e isso se dissolve na luta por outras coisas provavelmente não conseguiremos vencer. Temos que ter em mente a nossa estratégia, a nossa tática e refletir sobre a conjuntura. Como confiar nessa nova linha de protestos apoiados por grande parte da mídia e pelo Arnaldo Jabor? Vamos lutar por tudo, claro, mas cada um por vez, pois se não ganharmos os centavos da tarifa, como ganharemos o Brasil?
[Wladimir]
https://www.facebook.com/vermelhoaesquerda/posts/636939003000615
"Ei, reaça, vaza dessa marcha!" (Blog Café com Nata, 17/06/13)
Não, reaça, eu não estou do seu lado. Não vem transformar esse protesto legítimo em uma ação despolitizante contra a corrupção. Não vem usar nariz de palhaço, não tem palhaço nenhum aqui. Agora que a mídia comprou a manifestação tu vem dizer que acordou?
Não, reaça, eu não estou do seu lado. Não vem transformar esse protesto legítimo em uma ação despolitizante contra a corrupção. Não vem usar nariz de palhaço, não tem palhaço nenhum aqui. Agora que a mídia comprou a manifestação tu vem dizer que acordou?
O povo já está na rua há muito tempo, movimentos sociais estão mobilizados apanhando da polícia faz muito tempo. São eles os baderneiros, os vândalos, os que atrapalham o trânsito. Movimento pelo transporte, Movimento Feminista, Movimento Gay, Movimento pela Terra, Movimento Estudantil… Ninguém tava dormindo! Essa violência que espanta todo mundo não é novidade, não é coisa de agora. Acontece TODOS os dias nas periferias brasileiras, onde não tem câmera pra registrar ou repórter para se machucar e modificar o discurso da mídia.
Não podemos admitir que nossa luta seja convertida pela direita numa passeata contra a corrupção. Não é uma causa de neoliberais. Não é uma causa pelos valores e pela família. Não estamos pedindo o fim do Estado – pelo contrário! – Esse “Acorda, Brasil” não tem absolutamente NADA a ver com a mobilização das últimas semanas.
Então se tu realmente acredita que a mídia tá do nosso lado, abre os olhos! São muitas as maneiras de se acabar com um levante: força policial, mídia oportunista, adoção e desconstrução do discurso…
Começou a disputa pelos sentidos da efervescência:
“Não é nem um pouco fácil entender a proporção que as coisas estão tomando no Brasil. Os protestos estão cada vez mais heterogêneos, e amanhã (hoje) vai ser um dia gigante e imprevisível. Protestos são convocados por desde movimentos libertários e autogestionados (que se encontram na gênese das manifestações) até pelas páginas ufanistas/moralistas/udenistas como a antipetista Acorda Brasil, que dissemina desinformação e preconceito de classe. Se esse choque de alteridades pode ser potente, também pode gerar desmobilização numa questão de semanas. Começou a disputa pelos sentidos da efervescência. Reacionários estão determinados a também sair do facebook e transformar a insatisfação coletiva numa versão inchada do elitista Movimento Cansei, com sua pauta moralista e antipetista. Por outro lado, governistas estão mais preocupados em deslegitimar as manifestações e em blindar os governos petistas, que não se pronunciam sobre o que acontece por não conseguirem compreender o novo, e quando se pronunciam, não conseguem romper com o emcimadomurismo. A multiplicidade de pautas que desaguam nessa insatisfação generalizada torna impossível vislumbrar os rumos que as coisas irão tomar. Será árdua a tarefa de disputá-los.”
“Não é nem um pouco fácil entender a proporção que as coisas estão tomando no Brasil. Os protestos estão cada vez mais heterogêneos, e amanhã (hoje) vai ser um dia gigante e imprevisível. Protestos são convocados por desde movimentos libertários e autogestionados (que se encontram na gênese das manifestações) até pelas páginas ufanistas/moralistas/udenistas como a antipetista Acorda Brasil, que dissemina desinformação e preconceito de classe. Se esse choque de alteridades pode ser potente, também pode gerar desmobilização numa questão de semanas. Começou a disputa pelos sentidos da efervescência. Reacionários estão determinados a também sair do facebook e transformar a insatisfação coletiva numa versão inchada do elitista Movimento Cansei, com sua pauta moralista e antipetista. Por outro lado, governistas estão mais preocupados em deslegitimar as manifestações e em blindar os governos petistas, que não se pronunciam sobre o que acontece por não conseguirem compreender o novo, e quando se pronunciam, não conseguem romper com o emcimadomurismo. A multiplicidade de pautas que desaguam nessa insatisfação generalizada torna impossível vislumbrar os rumos que as coisas irão tomar. Será árdua a tarefa de disputá-los.”
Da Redação do Blog de Assis Ramalho
Nenhum comentário:
Postar um comentário