quarta-feira, outubro 05, 2022

Menina Benigna de Santana do Cariri, a primeira beata do Ceará; Vaticano realiza beatificação no dia 24 de outubro

Reconstrução facial do rosto de Benigna e projeto para construção de estátua
Santuário da Menina Benigna, em Santana do Cariri, no Ceará — Foto: Divulgação

Poucas cidades do Brasil podem rivalizar com Juazeiro do Norte quando o assunto é turismo religioso. Mas Santana do Cariri, no Ceará, parece ter conseguido isso, apesar de ter menos de 20 mil habitantes. Tudo graças à história de Benigna Cardoso da Silva, uma adolescente de 13 anos assassinada em 1941.

Este é o município da primeira beata do Ceará e está sendo preparado para entrar no roteiro nacional de locais visitados pelos fiéis do maior país católico do mundo. São destinos que criam um mercado de comércio e serviços gerador de emprego e renda, a exemplo do que já acontece com a terra do Padre Cícero e também em Aparecida do Norte, interior de São Paulo, onde fica o santuário da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida.

"A movimentação é grande. Existe uma grande expectativa, há dois anos aguardamos essa solenidade de beatificação. Nós temos percebido um crescimento nas visitações, o Santuário de Benigna em Inhumas está sempre lotado. Outros segmentos do comércio, como pousadas, já estão com reservas para o período de romaria", afirma o secretário municipal de Cultura, Ypsilon Félix.

Muitos devotos da Menina Benigna já visitam Santana do Cariri há, pelo menos, 19 anos. É o número de romarias realizadas oficialmente, com apoio da Igreja Católica. Mas a expectativa para outubro é maior. No dia 24, uma solenidade com presença de cardeal será realizada para oficialmente declarar Benigna Cardoso da Silva como beata reconhecida pelo Vaticano.

Onde e quando Benigna nasceu?
Benigna Cardoso da Silva nasceu em 15 de outubro de 1928 no Sítio Oiti, em Santana do Cariri, no sertão cearense, a cerca de 500 km de Fortaleza.

Segundo o relato de pessoas que conviveram com Benigna, ela era uma menina simples, sem vaidades, muito estudiosa e com muita fé em Deus.

"Ela se relacionava bem com todos, era gentil, muito educada, não usava de palavrões e se ocupava responsavelmente com os estudos. Nela se destacava a simplicidade e a prudência. Sua fama de santidade e martírio é justa", conta Raimundo Alves Feitosa, de 98 anos, que conviveu com a mártir. Ele foi uma das testemunhas que deram depoimento ao Vaticano no processo de beatificação.

Quando Benigna morreu?

No dia 24 de outubro de 1941, Benigna foi assassinada aos 13 anos por Raul Alves, com golpes de facão. Raul tinha 17 anos de idade e costumava cortejar Benigna, mesmo ouvindo sempre as negativas da adolescente. O acusado, então, tentou forçadamente ter relações sexuais com a menina, mas ela se recusou. A negativa enraiveceu Raul, que acabou assassinando a jovem.

Desde então, fiéis da igreja católica passaram a associar a resistência de Benigna com a manutenção da castidade, contra o pecado, o que tem movido as romarias em veneração à menina.

Quando começou o processo de beatificação?


O processo de beatificação de Benigna começou em 2013, quando a Diocese do Crato recebeu do Vaticano o "Nihil Obstat", ou seja, o "Nada Impede" para que se pudesse dar início à busca pelo título de beata.

Em 2019, o Papa Francisco reconheceu a história de Benigna para que ela se tornasse a primeira beata cearense e a quarta mártir do Brasil. A beatificação faz parte do processo para tornar Benigna uma santa para a Igreja Católica, faltando a canonização.

Qual o impacto da Menina Benigna na Igreja Católica do Ceará?

Mais de 80 anos depois, o martírio de Benigna ainda movimenta intensamente os católicos na região do Cariri. O município de Santana do Cariri, onde ela nasceu e morreu, espera uma quantidade de visitantes cinco vezes maior que o tamanho da população local a cada outubro, quando são realizadas as romarias em homenagem à menina.

Os eventos, inclusive, reúnem dezenas de meninas e meninos vestidos com o típico traje vermelho com bolas brancas, roupa característica da Menina Benigna.

Fonte: g1 CE

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