terça-feira, janeiro 28, 2020

Petrolândia: Turismo, quando levaremos a sério? Artigo de Paula Rubens



TURISMO, QUANDO LEVAREMOS A SÉRIO?

Uma nota, de 13.05.1983, do Jornal do Commercio (RJ) como o título “ Turismo no São Francisco” , relata a primeira viagem técnica do economista Ruben Vaz da Costa, então presidente da CHESF, às obras do complexo hidroelétrico de Paulo Afonso.

Na ocasião, diz a nota, o economista estimula os prefeitos de Paulo Afonso e Petrolândia a desenvolverem o turismo da região, uma vez que, segundo ele., já contavam com razoável infra estrutura básica e belezas naturais, agora também com as barragens como grandes atrativos.

Passados 37 anos quase nada foi feito nesse sentido. Paulo Afonso, ainda que timidamente, levou a idéia adiante, mas em Petrolândia o conselho não foi ouvido. Perdeu-se a oportunidade, com a mudança da cidade, de, por exemplo, garantir que trechos da cidade submersa fossem mantidos intactos e servisse de atrativo a mergulhadores; de exigir da CHESF o acesso á Usina Luiz Gonzaga para visitação turística e a construção de um memorial contendo a história da cidade e seus preciosismos achados arqueológicos de mais de 7.000 anos a.C. , hoje dispersos nos museus do Recife, Rio, Bahia e Sergipe, entre outros. A entrada principal do escritório central da CHESF , em Recife, por exemplo, é adornada por uma das pedras pré-históricas do nosso Letreiro, enquanto em Petrolândia nada ficou, nem foto.


Em 2019, nova oportunidade, o Secretário de Turismo é da região e toma posse valorizando as belezas naturais de Petrolândia destacando-as na mídia. A ilha de Rarrá ganha os jornais e revistas de turismo enaltecem suas belezas, em conseqüência o interesse dos turistas aumenta. Mas se restringe a visitas à ilha e esparsas iniciativas de trilhas no Serrote do Padre. Sem atrativo nenhum a cidade em si não desperta interesse dificultando a permanência do turista.

Um lugar rico em cultura indígena e quilombola, visitado por excursões desde a Comissão Hidráulica do Império, dois presidentes da República, coluna Prestes, Lampião e o Poeta João Cabral; palco de experiências importantes para o país como a estrada de Ferro, a primeira experiência de melhoramento das espécies realizadas pelo Comissão Técnica de Piscicultura do Nordeste, nos anos 30; primeiro projeto modelo de irrigação federal, no anos 40; uma cidade duas vezes planejada, tantos acontecimentos importantes e “sui generis” cuja história quase ninguém conhece. Nada á mostra. Não temos sequer um memorial.

Manifestações tradicionais da nossa cultura popular, como o reisado, pastoril e São Gonçalo foram esquecidas e o projeto da orla com píer, quiosques de praia e uso do rio como lazer nunca saiu do papel. Ainda temos cavernas não exploradas no serrote do Padre, com potencial de atrair o turismo de estudo, pois provavelmente ainda escondem tesouros arqueológicos, que nunca receberam a devida atenção do poder público e são dadas como submersos pela comunidade acadêmica. O que está faltando?

Como pode se constatar, Petrolândia tem recursos naturais e história de sobra. Com tantas riquezas, até quando vamos continuar perdendo oportunidades? O que estamos fazendo para desenvolver essa indústria tão capaz de gerar emprego e renda? O que o poder público municipal tem feito além da oferta de cursos do Sebrae? Quando os empresários locais vão resolver investir na profissionalização de seus atendentes? Quando levaremos o turismo a sério?

Por Paula Francinete Rubens , presidente do Instituto Geográfico e Histórico de Petrolândia- IGHP.

3 comentários:

  1. Realmente torna-se imprescindivel cutucar as autoridades locais para lutarem no resgate de tanta preciodidade histórica e oportunidade de desenvolvimento perdidas.
    A luta persisistente há de fazer a diferença que se faz necessária.

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  2. Parabenizo a notável escritora Paula Rubens, presidente do IGH de Petrolandia, pelo seu artigo mais que oportuno, por ser reflexivo, capaz de sensibilizar, ( quisera ) , o público local que deve envidar esforços para promover de forma objetiva o turismo, e assim, gerar emprego e renda, não só para a economia informal mas, e principalmente, para atrair investimentos externos nesse segmento primoroso de nossa região, tão carente de infraestrutura e apoio público, principalmente no que se alude a vias de acesso aos pontos turísticos já elencados
    No artigo em questão!

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  3. Falta de um bom gestor com vontade de empreender, e os empresários investir melhor na profissionalização de seus funcionários.

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