quinta-feira, dezembro 12, 2019

Petrolândia: Manhãs de Dezembro - Artigo de Fernando Batista


Por: Fernando Batista

As doces tonteiras de dezembro. Você o reconhece em todo lugar, entre vinhos, espumantes e panetones. Nossas almas alegremente dezembradas. Vitrines iluminadas, presépio armado, árvores natalinas decoradas.

A ritualidade que abraça as horas e o tempo. É tempo de comprar presentes. A mãe se apressa com ensinamento materno revestido de um sofisticado significado espiritual: O maior presente é ter a família unida e com saúde. Mesmo que num corpo de dor, de menstruadas esperanças, de certezas doídas.

Os carros de som rasgam nossos tímpanos, fazendo com que não esqueçamos os jingles publicitários da “noite feliz” e do “este ano, quero paz no meu coração”, criados mais para nos incentivar às compras, do que sensibilizar para o significado do conteúdo. O peru, coitado! Encerra de maneira trágica e cruel a sua atividade sobre a terra. Que tristeza! Estão aos montes espalhados por sobre as gôndolas. Depois de mortos, viraram franquia.

Dezembro é mês cansativo. Sela uma sequência de obrigações que gera um desgaste físico e, muitas vezes, financeiro. Amigo secreto, confraternizações da empresa, da escola, da família, dos amigos, dos grupos de whatsapp. Quase sempre é muita comida para poucos estômagos. É muita festa para poucos motivos.

Á mesa, é certo que o nocaute acontece. O vulto da lembrança recolhe do tempo as agruras de saber-se passageiro. “Ele gostava de sentar naquele cantinho da mesa.” “Ela adorava degustar esse prato”. “Como era bom, todo mundo reunido no Natal”. As ceias de dezembro têm sabor afetivo. Não raras vezes, têm o amargo da saudade escondido entre as passas e o arroz.

As recordações trazidas na cara e comunicadas pela moldura dos olhos que não sabem mentir. É fato: “O Natal perdeu o encanto quando começaram a faltar pessoas na mesa”. Frase atemporal que, a cada dezembro, congrega a si mais adeptos.

Com o ano terminando, tudo parece ter sabor de despedida, mesmo provisória. Deveria dizer uma porção de coisas animadoras. Essas coisas que se dizem nos finais de ano. Por hora, apenas isto: Talvez, este seja um final de ano difícil, mas vai correr tudo bem...

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