sexta-feira, julho 01, 2016

Revivendo o Centenário: Recordações e declarações a Petrolândia por Gercília Epifânio

Dona Lia e Seu Expedito, que "mesmo sendo analfabeto, foi sempre um grande artista" (Foto: Acervo da família Epifânio Barros)

A professora Gercília Epifânio declarou seu amor a Petrolândia durante as comemorações do Centenário, em 2009. A mensagem foi enviada ao programa de rádio Acordando com as Notícias, então apresentado por Assis Ramalho na 102 FM, extinta em 2012. Atualmente o programa é transmitido pela Web Rádio Petrolândia.

Confira abaixo os versos de Gercília na bela declaração de amor à cidade, aos professores - muito lembrados em diversas mensagens - e à família.

Recordações e declarações a Petrolândia

Declaro meu amor a Petrolândia, quando:

Lembro que ainda criança
Ajudava, com muito orgulho, meu pai
Carregando água num pote
Junto com a vizinhança.

Tomava banho no "Porto da Rua"
E nas pedras de seu Biatino
Querendo aprender a nadar
Sem medo, desafiando o destino.

Recordo-me de "Mãe Mocinha"
Eu criança e depois grandinha,
Fez os meus nove irmãos virem ao mundo
Menos a caçula, Zelminha.

Ouvia dona Grináuria
Mãe de Dodinha e Zé Luiz
Com suas histórias de "trancoso"
Me deixava muito feliz!



Lembro da saudosa Tonha Cruz
Com sua voz estridente
Quando eu a beliscava
Dizia: menina, tenha jeito de gente!

Via seu Zé Pirainha, pai de Nandão e de Ninha
Passado bem arrumado, logo de manhãzinha
Eu sabia que o trem
Logo estaria na linha.

Lembro de seu João Leal
Pois toda moeda que eu ganhava
Ia na sua "bodega" comprar
Um mercado de rapadura, que era sem igual

Brincava me equilibrando
Na linha do trem, na rua da Linha
Comprava picolé em seu Pedro Espíndola
Pois outro igual não tinha!

Assistia filmes no cinema de Livino
Lá também tinha desfile
Concurso de calouro
Pra adulto, menina e menino.

Subia correndo as escadas
Da torre da Velha Matriz
Ia estudar para a prova
Lá me sentia feliz!

Observava meus pais
Lia Barros e Expedito eletricista
Quem mesmo sendo analfabeto
Foi sempre um grande artista.

Lembro de dona Nana e seu Belé
Dona Dudu, mãe de Bel, e também Maria de Casinho,
Pois eles e muitos outros
Eram queridos vizinhos.

Recordo-me dos professores a quem devo o que sou:
Dasdores Sobreira que me alfabetizou,
Nana Yoyô e dona Leonor que por tiveram
Paciência e amor.

Zé Rodrigues, Melinha Ovídio,
Olegário Barbosa, Adeilde Nogueira,
Seu Gilberto, Dária Menezes, Itamar Leite,
Osmar Salles de Oliveira.

Lembro de Eliza Amaral
Uma professora de altivez
Que com muita competência
Me ensinou a Ave-Maria em francês!

Lembro de muitos professores
Que se aqui citasse todos daria até um jornal
Pois todos foram meus mestres
No ensino fundamental.

Realizei o sonho de ser professora
E tanto lá quanto aqui
Sei que formei cidadãos
Para o caminho do bem seguir.

Viemos com os filhos pequenos
Assustados com o futuro que estava que estava por vir
Mas com a garra e a coragem
E a esperança de não desistir.

Chegamos aqui em seis
Hoje já somos dezoito
Dois genros e duas noras
Oito netos que são nosso tesouro.

Para finalizar as recordações
Assino aqui muito ciente
Pois acredito que o futuro só vem
Se a gente o fizer transformando o presente!

Petrolândia, 18 de junho de 2009
Gercília Epifânio Araújo

Notícia relacionada
>O comovente adeus a Expedito Barros

Redação do Blog de Assis Ramalho

Nenhum comentário:

Postar um comentário