sábado, agosto 09, 2014

Infestação da mosca das frutas preocupa produtores do Vale do São Francisco

Pomares registram até 8 pontos de infestação. Adagro exige que produtores façam o controle.
Controle da Mosca das frutas (Foto: Reprodução/TV Grande Rio

Os produtores da região do Vale do São Francisco estão preocupados com o alto índice de infestação da mosca das frutas nos pomares. O inseto causa danos nos pomares e pode prejudicar a exportação dos frutos na região.

Através de monitoramento tem sido registrado um aumento da população da 'ceratitis capitata'. As moscas fêmeas depositam os ovos nos frutos ainda verdes e as larvas se desenvolvem ao comer a polpa, destruindo parte dela e ainda facilitando a entrada de pragas secundárias.

Além da manga, culturas que antes não eram atacadas, como a da uva, já apresentam sinais de infestações. Para que as frutas sejam exportadas para mercados como o dos Estados Unidos é preciso que o índice de medição da quantidade do inseto seja de um ponto. Nos últimos meses, os pomares do Vale registraram até 8 pontos.

A agrônoma da Embrapa Semiárido, Beatriz Jordão paranhos, diz que desde 2012 a população de moscas vêm crescendo. “O Vale do São Francisco tem várias fruteiras que todas são hospedeiras de moscas e o clima é bom. Então, a mosca vai passando de um pomar para outro. E só pomares de proteção de manga que monitoram. Então todos os pomares teriam que ser monitorados para ver onde estão os focos de mosca”, relata.

A situação preocupa a Câmara de Fruticultura do Vale do São Francisco que, atualmente, representa mais de 300 produtores-exportadores da região. O presidente do órgão Henrique Holdrup,informou que o Chile suspendeu todas as exportações de manga e outros países podem suspender a qualquer momento. “O Chile já vetou a exportação da manga brasileira e os outros países são muito exigentes em relação a mosca. Se outros países resolverem suspender a exportação, o prejuízo será difícil calcular, mas pode chegar a centena de milhões de reais, realmente grande parte da nossa produção vai para exportação”, destaca.

De 2005 a 2010 uma organização sem fins lucrativos, que tem sede em Juazeiro, na Bahia, fez o monitoramento e o controle biológico da mosca das frutas nos pomares da região. No laboratório eram produzidos machos estéreis que quando soltos nas plantações cruzavam com as fêmeas. E os ovos colocados por elas não vingavam. O trabalho foi implantada numa parceria com o Governo Federal. Mas há quatro anos o contrato foi cancelado.

O diretor-presidente da Moscamed Brasil, Jair Virgínio, conta que a organização desenvolveu uma ferramenta que é a técnica do inseto estéril. “O Brasil dispõe dessa ferramenta desde 2010, nós não estávamos lançando mão dela. É importantíssimo o apoio tanto do Governo Federal quanto dos governos estaduais para retornar urgentemente o uso da técnica de inseto estéril, acompanhado por um monitoramento que vai dizer para a gente a hora exata da realização dessa intervenção para reduzir essa infestação de mosca das frutas no Vale”, explica.

Atualmente os produtores da região tem usado dois tipos de controle, o químico, com o uso de inseticidas, e o cultural. O primeiro é o mais indicado, para que ele seja realizado não é preciso elaborar nenhuma técnica específica e muito menos comprar produtos caros. Basta apenas retirar das plantações aqueles frutos que amadureceram precocemente, caíram no chão ou apodreceram. Depois estes frutos devem ser enterrados, ou podem ser destinados a fabricação de adubo ou ração animal.

De acordo com o fiscal estadual agropecuário, Edi Tácito Almeida, quando a população de mosca na população é alta, é interessante iniciar o controle químico. “Temos produtos registrados para serem aplicados e através do monitoramento podemos saber se a população na área já atingiu um índice para fazer esse controle”, frisa.

Uma plantação de manga que fica na Zona Rural de Petrolina, no Sertão pernambucano, pode ser considerada um exemplo de controle cultural da praga. Nos 46 hectares da variedade Tommy Atkins, a colheita pra exportação para os Estados Unidos começa na semana que vem. Mas os funcionários já retiram dos pés as frutas que poderiam facilitar a reprodução da mosca. Desta forma que a fazenda conseguiu a certificação do mercado americano.

Segundo o agrônomo da fazenda, Emerson Costa, o monitoramento é muito trabalhoso. “Existe um maior custo com a mão de obra, mas vale a pena a gente ter uma marca e um nome no mercado. Mantendo esse número de mosca, conseguimos exportar para o mercado americano”.

Uma portaria do ano de 2013 da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro), exige que os próprios produtores façam o controle da moscas nas áreas plantadas. Até agora ninguém foi multado. As equipes da agência estão só visitando as fazendas e orientando os agricultores.

O fiscal agropecuária estadual, Lisiê Santana, argumenta que caso as fazendas não atendam a intimação poderão ser autuados sofrer sansões administrativas que vão até multas. “Dependendo da gravidade da situação e da reincidência do caso, a Adagro pode encaminhar processo para o Ministério Público”, esclarece.

Sobre o cancelamento do repasse de verba à organização Moscamed pelo Governo Federal, o Ministério da Agricultura, pecuária e abastecimento, respondeu em nota que o dinheiro enviado à instituição anteriormente já seria necessário para que ela desenvolvesse permanentemente as atividades.

G1 Petrolina e Região

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