segunda-feira, fevereiro 24, 2020

Mais de 30 policiais militares 'desertores' são presos no Ceará durante motim da categoria

Policiais faltaram a chamada para atuar na segurança de festas carnavalescas no interior do estado. Foto: Kid Junior/SVM

Policiais militares do Ceará considerados desertores foram presos neste domingo (23) por faltarem a uma chamada para trabalhar na segurança em festas de carnaval no interior do Ceará. De acordo com o Governo do Estado, 37 policiais foram presos por deserção.

No sábado (22), a Polícia Militar informou que 77 policiais militares foram considerados "desertores" por faltarem a convocações da PM. O Governo do Estado informou que não iria divulgar a identidade dos presos ou local onde as prisões foram efetuadas.

Conforme a Polícia Militar, a deserção "consuma instantaneamente figura típica incriminadora". Em caso de condenação, o crime de deserção pode resultar em pena de até três meses de detenção.

A Polícia Militar do Ceará solicitou ainda o corte do pagamento dos policiais desertores. O pedido será julgado pela Justiça Militar.

Batalhão para manter policiais detidos

O Governo do Estado criou também um batalhão de custódia, onde ficarão os policiais detidos por aderirem ao motim da categoria. O batalhão será comandado pelo tenente-coronel Alexandre Rodrigues, atual do Batalhão de Choque, uma equipe especializada da Polícia Militar.

Em portaria da Polícia Militar, a criação do Batalhão de Custódia foi justificada devido a "paredistas deflagrados em território cearense" que praticam "as mais diversas infrações criminais e disciplinares militares".

"Fica criado, de forma temporária, o Batalhão Provisório para Custódia de Crimes Militares, a fim de receber os policiais e bombeiros militares do Estado do Ceará submetidos à inquisas [perguntas feitas em inquérito] e condenações, todas relacionadas com as manifestações de paralisações das atividades."

Policiais afastados

O Governo do Estado determinou ainda o afastamento de 168 policiais militares do cargo; 161 deles por "motim, insubordinação e abandono de posto" e outros sete por incitação ao crime. Conforme a Controladoria Geral de Disciplina, os policiais suspeitos de incitação ao crime postaram vídeos nas redes sociais convocando colegas de profissão para paralisação das atividades.

Resumo:

5 de dezembro: policiais e bombeiros militares organizaram um ato reivindicando melhoria salarial. Por lei, policiais militares são proibidos de fazer greve.
31 de janeiro: o governo anunciou um pacote de reajuste para soldados.
6 de fevereiro: data em que a proposta seria levada à Assembleia Legislativa do estado, policiais e bombeiros promoveram uma manifestação pedindo aumento superior ao sugerido.
13 de fevereiro: o governo elevou a proposta de reajuste e anunciou acordo com os agentes de segurança. Um grupo dissidente, no entanto, ficou insatisfeito com o pacote oferecido.
14 de fevereiro: o Ministério Público do Ceará (MPCE) recomendou ao comando da Polícia Militar do Ceará que impedisse agentes de promover manifestações.
17 de fevereiro: a Justiça manteve a decisão sobre possibilidade de prisão de policiais em caso de manifestações.
18 de fevereiro: três policiais foram presos em Fortaleza por cercar um veículo da PM e esvaziar os pneus. À noite, homens murcharam pneus de veículos de um batalhão na Região Metropolitana.
19 de fevereiro: batalhões da Polícia Militar do Ceará foram atacados. O senador Cid Gomes foi baleado em um protesto de policiais amotinados.
20 de fevereiro: policiais recusaram encerrar o motim após ouvirem as condições propostas pelo Governo do Ceará para chegar a um acordo.
21 de fevereiro: tropas do Exército começam a atuar nas ruas do Ceará.
22 fevereiro: Ceará soma 88 homicídios desde o início do motim. Antes do movimento dos policiais, a média era de seis assassinatos por dia.

G1 CE

Nenhum comentário:

Postar um comentário