quarta-feira, dezembro 04, 2019

''Petrolândia não conhece a sua história, se aqui estivesse sendo sepultada uma pessoa rica, com certeza o cemitério estava lotado'', diz presidente do STR no enterro da sindicalista Dona Dedé


Publicada às 09h41 - Atualizada às 23h15

''Petrolândia não conhece a sua história. Se aqui estivesse sendo sepultada uma pessoa rica, de classe alta, um intelectual, com certeza esse cemitério estava lotado", desabafou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras-STTR de Petrolândia, José Maurício, nessa terça-feira (03), durante o sepultamento do corpo da sindicalista Maria José de Souza (Dona Dedé), falecida aos 81 anos, no dia anterior.

José Maurício compareceu ao cortejo fúnebre acompanhado pelos também sindicalistas Osvaldo Xavier (ex-presidente do STR), Natanael Caetano (atual vice-presidente do STR) e a líder sindicalista Dina.

O fato foi abordado por Assis Ramalho durante entrevista, momentos antes do sepultamento
A história de vida, a luta de cerca de quatro décadas em favor dos mais necessitados, entre outras virtudes da guerreira Dona Dedé, foram destacadas na entrevista (assista à íntegra da entrevista abaixo desta reportagem.

Dona Dedé dedicou parte de sua vida na luta dos reassentados, sendo uma grande líder sindical à frente da diretoria do STTR de Petrolândia, na década de 70. Ela esteve presente na luta do reassentamento de Itaparica nos anos 80. Junto com os trabalhadores rurais, militou e deixou um grande exemplo de companheirismo, humildade e grandes lições na luta coletiva por uma vida digna para todos. Também fez parte da fundação do partido dos trabalhadores PT na nova Petrolândia e atuou na Secretaria de Mulheres do Polo Sindical do Submédio São Francisco.

Assista à entrevista abaixo

Momentos antes do enterro, Assis Ramalho conversou com lideranças do Sindicato dos Trabalhadores Rurais que acompanharam o último adeus à líder comunitária Dona Dedé.

Saiba mais sobre Dona Dedé

Filha de seu Braz Coriolano e de dona Enedina, residiu na velha cidade de Petrolândia no sítio Mato Grosso, entre Barreiras e Santa Helena. Com um filho, José Antonio, ainda pequeno, e grávida de sua filha Saúde, ficou viúva, quando seu marido tentou evitar uma briga e foi fatalmente ferido. Não se casou novamente. Na casa dos pais, criou os filhos.

Indígena e negra, pobre, com pouco estudo (não concluiu o fundamental), dona Dedé foi costureira, bordadeira, empregada doméstica, trabalhadora rural. Conheceu o movimento sindical e foi um dos primeiros membros do Partido dos Trabalhadores-PT, em Petrolândia. Participou ativamente de todos os movimentos sindicais na instalação da Usina Hidrelétrica de Itaparica.

Extremamente ligada à família, era guardiã da memória fotográfica dos parentes. Deixa numerosa descendência.

Profundamente religiosa, enquanto teve saúde, deu continuidade à Via Sacra ao Cruzeiro da Agrovila 01, iniciada pelos seus pais.

Politicamente atuante, foi a candidata a vereadora de Petrolândia em 2016, aos 78 anos.

A família perdeu um membro. O movimento sindical de Petrolândia perde uma referência feminina. O município perdeu um exemplo de mulher engajada, até o fim da vida, na causa política.

Um fato que bem ilustra a liderança comunitária de Dona Dedé foi o plebiscito organizado por ela para a escolha do santo padroeiro da Agrovila 01 do Bloco 01, do Projeto Barreiras, onde foi construída uma humilde capela que em nada lembra a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, cujo padroeiro e suas relíquias foram transferidos do povoado de Barreiras para o Projeto Apolônio Sales. A Agrovila 01 do Bloco 01 elegeu a Padroeira Santa Ana (Sant'Ana), indicada por Dona Dedé.







Da Redação do Blog de Assis Ramalho

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