domingo, maio 21, 2017

Petrolândia: Com popularidade e receitas do Município em baixa, prefeito faz mais um corte de servidores contratados e problemas crescem

Prefeito Ricardo Rodolfo (Foto: Lúcia Xavier)

Em menos de 150 dias de governo, o prefeito de Petrolândia, Ricardo Rodolfo, enfrenta insatisfações de várias frentes e crises em secretarias de peso, como Saúde e Educação. Além disso, com a receita municipal em queda, a dispensa de servidores temporários contratados continua, de pouco em pouco, para tentar enquadrar a folha nos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal. No fim da última semana, segundo informações chegadas a este Blog, os cortes de pessoal chegaram aos programas sociais. Em alguns casos, maior do que a surpresa de se ver (novamente) desempregado/a, é a indignação de ser dispensado/a com o recado "não precisa mais vir segunda-feira", transmitido por qualquer subalterno/a.

Enquanto os problemas internos, administrativos e burocráticos da Prefeitura, exigem do prefeito matar, pessoalmente, mais de um leão por dia, no terreno político Ricardo ainda não se impôs, não marcou seu território. Eleito com popularidade, o prefeito de Petrolândia até o momento não obteve sucesso em transformar o dom da liderança religiosa em carisma de liderança política nem se pode dizer que ele lidera um grupo, uma base. Sem um tradicional líder no Executivo, os vereadores se agrupam entre si mesmos ou sob lideranças fora do poder - não da política - ou de fora da cidade.

Não se pode esconder que o excesso de promessas, feitas no calor do entusiasmo da campanha e no êxtase da vitória, fazem Ricardo ser cobrado constantemente por não conseguir realizar o prometido. Muitos aliados se afastaram, insatisfeitos ou decepcionados.



Por sua vez, setores produtivos do município se articulam por conta própria para buscar seus interesses, por meio de outros líderes, unidos com vereadores, mas sem intermediação da Prefeitura. Um exemplo contundente disso foi colocado na reunião dos produtores rurais com a presidente da Codevasf, ocorrida em Arcoverde, na semana passada. Os representantes dos agricultores dos perímetros irrigados de Itaparica exigiram que a negociação da pauta de reivindicações do movimento, que bloqueou a BR-316 na quinta-feira (18) e paralisou uma estação de bombeamento da Transposição, em Floresta, seja feita apenas "através de comissão criada em assembleia de produtores".

Nas ruas, a população também se mostra insatisfeita com os serviços públicos, principalmente com a iluminação pública que ainda não subiu das contas de luz para os postes. Limpeza pública, saneamento e organização dos espaços públicos também são reclamados.

Na área da Saúde, há insatisfação com a precariedade dos postos de saúde e a falta de médicos no Hospital Municipal Dr. Francisco Simões de Lima.  Atendimentos são transferidos para outras cidades e já existem funcionários ociosos, pois se falta médico e paciente, consequentemente falta o que fazer para os auxiliares, que são mobilizados para outras atividades. Por incrível que pareça, o hospital de Petrolândia perdeu um médico para Jatobá, município que a prefeita Goret Varjão recebeu "aos cacos" e, ao que demonstra, bem assessorada, tem feito um bom trabalho de recuperação do serviço público.

Antigamente, merenda, número de professores e fardamento escolar eram os itens obrigatórios nas queixas da Educação. Este ano, após a seleção altamente qualificada para contratação de professores temporários, surgiu um caso atípico. A Escola João Rodrigues de Almeida, unidade de referência nos anos finais, pensada para oferecer ensino de excelência aos alunos com melhor desempenho escolar no município, enfrenta conflitos de outro nível. Instalou-se entre os alunos a insatisfação com alguns dos novos professores e com o nível do ensino, considerado por eles inferior ao ano anterior. Os alunos querem de volta o que mensuraram como alto padrão educacional da instituição. Problema para a Secretaria de Educação, que tem outra saia justa a lhe apertar: a moribunda e esperneante pasta de "Cultura, Esportes e Lazer".

Como se sabe, a existência da Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Lazer está prevista na Lei Orgânica. Portanto, é mais fácil mante-la como apêndice no organograma da Prefeitura do que extingui-la. No anúncio de seu secretariado, pouco antes de assumir o governo, Ricardo anunciou que a pasta seria transformada em um departamento dentro da Secretaria de Educação. Assim, informalmente, nasceu a Secretaria de Educação, Cultura, Esportes e Lazer de Petrolândia. Porém, há sinais gritantes de que o arranjo gerou insatisfação, não apenas por colocar mais de um para mexer na mesma panela.

Recentemente, o representante da Secretaria de Cultura, Esportes e Lazer entregou a vaga no Conselho Municipal da Mulher, sob a justificativa que a Secretaria de Educação já tem dois representantes naquele Conselho. Segundo ele, uma proposta teria sido apresentada ao prefeito, provavelmente para definir a existência das pastas independentes, mas até aquela ocasião, não teria havido retorno, então entregou o cargo. Pouco depois, em pronunciamento na abertura de reunião para reativação do Conselho Municipal de Turismo, Alexandrina Neta designou-se como secretária de Educação, "acumulando interinamente" a Secretaria de Cultura, Esportes e Lazer, justificando que a pasta não foi extinta. Não sabemos se algo mudou e, provavelmente, não faz diferença, pois um apêndice só é percebido quando infecciona.

Atualmente, a população vê o governo municipal em aparente paralisia diante dos crescentes problemas. É apenas falta de dinheiro e queda nas receitas, ou falta mais do que isso? Para minimizar a insatisfação com o governo, por meio da divulgação das ações e campanhas em andamento, para mostrar que algo está sendo feito aos poucos para o município, se estiver, apesar das medidas impopulares, que já foram e ainda serão tomadas, a comunicação institucional da Prefeitura não encontrou o caminho, em quase seis meses de atuação. Se a Prefeitura não mostra o que está fazendo, a população julga que nada está sendo feito. O resultado é igual a uma gangorra: a insatisfação sobe e a popularidade do prefeito rala a chapa no chão.

Redação do Blog de Assis Ramalho

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