quinta-feira, maio 12, 2016

CPI confirma planos de faculdade investigada para manter oferta de cursos ilegais

Foto: Jarbas Araújo/Alepe

Tentativa da Fundação de Ensino Superior de Olinda (Funeso) de continuar oferecendo, ilegalmente, cursos de extensão em Pernambuco foi confirmada pela CPI das Faculdades Irregulares, em andamento na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), nesta quarta (11). Em testemunho aos deputados, o diretor acadêmico da entidade, Sófocles Medeiros, reconheceu a existência de proposta – em análise no conselho curador da instituição – para dar aos cursos sob investigação “um novo formato, que os adeque à situação ideal”. Para os parlamentares, a afirmação revela intenção da Funeso de ocultar desvios e de manter a operação de cursos fraudulentos.

Segundo relatou Medeiros, encontram-se em estudo mudanças para tornar “mais coerente” a oferta de cursos pela entidade. “As graduações em Pedagogia e Psicologia, por exemplo, possuem três cadeiras comuns. Estamos vendo se seria viável um curso de extensão, com essas três disciplinas, com duração de 180 horas”, ilustrou o gestor. Medeiros também afirmou liderar um esforço para “fechar de maneira honrada” a instituição – que possui dívidas milionárias e sofreu sanções da Justiça e do Ministério da Educação por ilegalidades.

Para a relatora da CPI, deputada Teresa Leitão (PT), a iniciativa é na verdade uma “maquiagem” para induzir eventuais alunos a se matricular, com a expectativa de obterem diplomas de graduação no futuro. “Essas ações querem preparar terreno para novas irregularidades. Os danos que a Funeso causou à própria imagem e aos estudantes já foram muito constrangedores, por isso peço que não insistam nisso”, declarou a petista, acrescentando que a CPI estará atenta a movimentos como os relatados pelo diretor acadêmico.

Presidente da Comissão, Rodrigo Novaes (PSD) acompanhou o entendimento da relatora e classificou como “manobra” as atividades descritas por Medeiros. “A Funeso está tendo um fim melancólico. Uma suposta tentativa de fechar com dignidade está sendo frustrada, porque é melhor encerrar as operações como qualquer outra organização que tentar dar nova roupagem a cursos criminosos”, asseverou Novaes.

INSTITUTO SANTANA – Na mesma reunião, os parlamentares ouviram o ex-diretor da Funeso Mário Marques de Santana para esclarecer o funcionamento de instituto que leva seu sobrenome em Olinda, Região Metropolitana do Recife. De acordo com informações encaminhadas à CPI, negadas pelo depoente, a entidade poderia ter sido fundada para sediar cursos de extensão da Funeso no futuro. “Desafio qualquer pessoa a provar essas afirmações. Não tenho mais vínculo com a Funeso e o Instituto Santana se dedica unicamente ao trabalho com idosos. Oferecemos pilates, dança, atendimento psicólógico e passeios turísticos”, descreveu.

Na próxima reunião, marcada para 18 de maio, a Comissão deve fazer um balanço das informações apuradas até o momento para concluir seu relatório final. Serão convidados membros do Ministério Público Federal, do Ministério Público de Pernambuco e do Conselho Estadual de Educação.

Alepe

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