quinta-feira, março 01, 2018

Novo teste de sangue e urina pode detectar autismo precocemente em crianças

De acordo com o estudo, foi encontrado um vínculo entre os distúrbios do espectro autista e danos às proteínas no plasma sanguíneo (Foto: André Luiz D. Takahashi/Prefeitura de Votuporanga)

Um novo teste de sangue e urina pode levar ao diagnóstico precoce em crianças de distúrbios do espectro autista (ASD, na sigla em inglês), muitas vezes difíceis de serem identificados. O estudo de pesquisadores da universidade britânica de Warwick, considerado o primeiro do tipo, foi publicado na revista Molecular Autism. A principal expectativa dos especialistas do Reino Unido é de que, com o diagnóstico, as crianças possam receber tratamento e acompanhamento adequado com mais antecedência.

De acordo com o estudo, foi encontrado um vínculo entre os distúrbios do espectro autista e danos às proteínas no plasma sanguíneo. No exame do plasma, os especialistas descobriram que as crianças com ASD apresentaram níveis mais elevados de uma substância chamada ditrosina de oxidação (DT) e certos compostos modificados com açúcar, denominados produtos finais de glicação avançada (AGEs). As mudanças em vários compostos foram combinadas usando técnicas de algoritmo de inteligência artificial para desenvolver uma equação matemática para distinguir entre ASD e controles saudáveis. O resultado foi um teste de diagnóstico melhor do que qualquer método existente.

A equipe britânica trabalhou em conjunto com pesquisadores da Universidade de Bolonha, na Itália. Lá, 38 crianças foram acompanhadas, às quais tinham sido diagnosticadas problemas de autismo, juntamente com um grupo de controle de 31 crianças, entre 5 e 12 anos. Amostras de sangue e urina foram retiradas das crianças para análise.

Causas genéticas, mutações e meio ambiente

Acredita-se que causas genéticas sejam responsáveis por cerca de um terço dos casos deste tipo de distúrbio, enquanto o resto é causado por uma combinação de fatores ambientais, mutações e variantes genéticas raras. Os cientistas, no entanto, acreditam que os novos testes podem revelar as causas do ASD ainda a serem identificadas. Eles também confirmaram a crença de que as mutações dos transportadores de aminoácidos são uma variante genética associada ao ASD.

Eles devem repetir o estudo com outros grupos de crianças para confirmar o bom desempenho do diagnóstico e para avaliar se o teste poderia identificar ASD em estágios ainda mais precoces, além de indicar como o ASD provavelmente se desenvolverá para doenças mais graves e avaliar se os tratamentos estavam funcionando. "Com testes adicionais, podemos revelar perfis específicos de plasma e urinário - ou 'impressões digitais' de compostos com modificações prejudiciais. Isso pode nos ajudar a melhorar o diagnóstico de ASD e aponta o caminho para novas causas de ASD, a docente de Biologia Experimental Naila Rabbani, que lidera a pesquisa na Universidade de Warwick.

Os transtornos do espectro autista afetam principalmente a interação e a comunicação social. Os sintomas incluem distúrbios de fala, comportamento repetitivo e/ou compulsivo, além de hiperatividade, ansiedade e dificuldade na adaptação a novos ambientes e rotinas. Com uma ampla gama de sintomas, com variados graus de comprometimento, o diagnóstico é uma verdadeira via crucis para os pais e pacientes. As incertezas ocorrem particularmente nos estágios iniciais de desenvolvimento da criança.

Correio Braziliense/Diário de Pernambuco

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