segunda-feira, novembro 14, 2016

Ministro Fernando Bezerra Coelho descarta privatização da Chesf

6 meses depois de tomar posse, escolhido pelo presidente da República Michel Temer, Fernando Filho tem como maiores desafios a transparência junto aos agentes do setor energético-mineral e a redução dos subsídios. (Foto arquivo/Blog de Assis Ramalho).

Em entrevista, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, falou sobre os principais temas que atingem o setor elétrico nacional. A crítica situação das contas da Eletrobras, a aposta do Governo Federal em fontes renováveis e a delicada situação hídrica de Sobradinho, principal reservatório para geração de energia do Nordeste, foram alguns dos destaques da conversa com a Folha de Pernambuco.

Seis meses depois de tomar posse, escolhido pelo presidente da República Michel Temer, Coelho Filho tem como maiores desafios a transparência junto aos agentes do setor energético-mineral e a redução dos subsídios para evitar que distorções ocorram na conta de luz do consumidor. Agora, as atenções estão voltadas para as chuvas na bacia do rio São Francisco e para a volta da bandeira verde, que deve acontecer nos próximos meses.

O senhor tem dito que a situação da Eletrobras e, consequentemente, das suas subsidiárias está insustentável. Sob o argumento de minimizar os impactos nas contas das empresas, abriu-se caminho para a privatização de algumas distribuidoras do Norte e Nordes­­­­te. Qual a solução para a Chesf?

Não tem saída para uma só empresa, tem saída para o grupo Eletrobras como um todo. As distribuidoras vão ser privatizadas (duas do Nordeste e quatro do Norte) porque são mal geridas nas mãos da Eletrobras. Visitamos recentemente uma distribuidora privada no Nordeste, cujo índice de perda (financeira) está em 12%, aproximadamente. Uma distribuidora do Norte nas mãos da Eletrobras tem 98% de perda. Não dá para competir num mundo como esse. É ruim para a Eletrobras e uma covardia com a população que não tem serviço de qualidade. Por isso, tomamos a decisão de vender as distribuidoras.

Evidentemente que estamos acompanhando as dificuldades da holding e, consequentemente, da Chesf, que tem cem obras e apenas dez estão em andamento. Como vamos resolver isso? Cortando custos e despesas, e isso já vem sendo feito. Além disso, outras medidas serão anunciadas durante o Plano Estratégico da Eletrobras para os próximos anos. E se, mais alguma medida precisar ser tomada ao longo desse tempo, o conselho vai fazer. Privatização da Eletrobras? Da Chesf? De Furnas? Não sei de onde tiraram essa ideia. O que existe é a venda de alguns ativos para fazer frente às o­bri­­­gações das empresas.

Algumas mudanças foram feitas no Ministério de Minas e Energia pelo novo governo, a começar pela sua nomeação. Mais alguma a ser feita?

Sempre pode ter mudança no processo de formatação da equipe (Furnas, Chesf). Mas o que posso garantir é que, se não foi feito antes, é porque quem está à frente das posições tem qualificação técnica independentemente do governo. Agora, de que não vai ter mais mudança, não posso assumir esse compromisso. A expectativa é que a gente possa ter gente ao nosso lado dando conta do desafio que demanda o setor elétrico.

O que o senhor pensa a respeito das fontes renováveis? Qual a participação de Pernambuco nesse mercado e de que forma pretende ajudar o Estado a despontar nas fontes alternativas de energia?

Temos uma vocação inquestionável. O Brasil é signatário do acordo de Paris, se comprometendo em aumentar as fontes renováveis para além da hidrelétrica. Vamos continuar comprando energias solar e eólica, porque temos potencial comprovado. Com Pernambuco não é diferente. Novas fronteiras de ventos estão sendo estudadas no limite com a Paraíba, na Serra do Araripe e na divisa com a Bahia e Alagoas. Ou seja, tudo se configura para sermos vencedores em grandes projetos.

O Nordeste caminha para o sexto ano consecutivo de seca, tendo, no ano passado, Sobradinho enfrentado um dos seus piores cenários hídricos, chegando a 1% da sua capacidade total. Este ano, a mesma coisa. Se não chover, quais medidas emergenciais serão tomadas?

As medidas para evitar o colapso estão sendo tomadas, porque o reservatório está numa situação muito crítica. Estamos abaixo de 20% e a expectativa é chegar ao fim do ano próximo a zero. O que posso dizer é que, independentemente de quanto de chuva vai cair, não teremos desabastecimento de energia. A redução de Sobradinho foi autorizada pelo Ibama e ANA, e a Chesf está providenciando isso. Nós temos energia suficiente para suprir a geração que Sobradinho poderia gerar. O que na verda­­­de sempre pesa é o custo des­­­­sa geração (térmicas a diesel). No entanto, risco de apagão não existe.

Folha de Pernambuco

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