sexta-feira, fevereiro 18, 2022

Cicinho, patrimonio vivo das terras de Jatobá/PE

De batismo recebeu o nome de Cícero, mas foi aos 4 anos, quando chegou em 1977, aqui nessas terras de Jatobá, juntamente com seus pais Antônio e Maria Helena e mais irmãos, que ficou conhecido pelo apelido carinhoso de Cicinho.

Como grande parte das crianças daquela época da Cidade Livre, Cicinho vivia a diversão da infância, mas também já precisava ajudar a família - vendia picolé, engraxava sapatos, ajudava a mãe com a venda de hortaliças pelas ruas e também na feira. Seu pai, trabalhador na construção de Itaparica, aproveitava os finais de semana para vender algodão-doce e por essa razão ficou popularmente conhecido como Seu Antônio do capucho.

Na infância, as peladas nos campinhos improvisados lhe despertavam o sonho de se tornar um grande craque de futebol, enquanto em casa, seus olhos viajavam pela magia das mãos de seu pai dando vida aos mamulengos que construía.

Cicinho foi crescendo entre estudos e trabalhos provisórios, também se aventurou por São Paulo, Xingó, e aos 20 anos alguns serviços com machetaria lhes despertaram para habilidades manuais, mas foi na casa da diretoria, onde trabalhava como vigilante, que os galhos das goiabeiras lhe conquistaram e dali nasceria em definitivo o seu encontro com a arte. A partir daquele momento, das mãos daquele menino que cresceu sentindo a natureza e amando a sua terra brotariam as mais belas peças de artesanato!

Anos mais tarde, sentindo a necessidade de fazer a sua arte voar, Cicinho partiu com a família para Petrolina-PE por considerar uma cidade promissora para arte. Assim, inquilino em outras terras, foi superando os inúmeros desafios, e sempre inspirado em suas memórias afetivas de menino do sertão, galhos velhos e retorcidos iam renascendo como tocadores de pífanos, casais dançando festejos juninos, mulheres levando água na cabeça, cantadores das feiras, alegria dos circos, e toda aquela lindeza foi se espalhando pela cidade, levando encantamento e beleza carregada da cultura cotidiana e da vida simples do povo de Jatobá.

Em 2013 foi convidado para a sua 1ª Fenearte, tornando-se assim o primeiro jatobaense a participar de tão grande evento artístico, ainda foi pioneiro ao integrar o salão de arte popular Ana Holanda com a peça Tembespetáculo!

Desde então Cícero Rodrigues, o nosso Cicinho, faz parte do seleto grupo de artesãos convidados anualmente para exposição nessa grande feira cultural, assim como também em outras de notória importância, e suas obras já viajaram para todas as regiões do Brasil, bem como para outros países.

Cicinho está hoje completando 49 anos, é esposo de Sandra com quem teve seus três filhos: Cíntia, Cássio e Sanderson, também avô de Davi e Heloísa.

Com sua voz tranquila e risada serena, lembra que foi no artesanato que encontrou a felicidade, porque fazer “arte não é trabalho, é diversão”, e é nessa alegria que com suas mãos vai esculpindo as saudades de Jatobá, sempre com o grande desejo de retornar a sua terra e com a sua arte colaborar para o seu embelezamento.

Parabéns, grande artista e querido amigo!

Regina Borges





















Blog de Assis Ramalho 

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