terça-feira, dezembro 15, 2020

VOTO NÃO TEM PREÇO, SERÁ? Artigo de opinião de Éder Rodrigo, Vice-prefeito de Jatobá (PE)


Éder Rodrigo - Vice-prefeito e vereador eleito de Jatobá nas eleições/2020

O SEU VOTO NÃO TEM PREÇO, TEM CONSEQUÊNCIAS! É muito comum ouvirmos frases como essas dirigidas a população, especialmente em períodos eleitorais. O objetivo dessas campanhas publicitárias é tentar conscientizar o eleitor de que não se deve vender o voto aos famigerados candidatos a cargos políticos.

Todavia, existe uma dissonância cognitiva nesse processo. Ao se discutir essa questão de venda e compra do voto, a imagem que se tem é a de que a maioria dos postulantes a um cargo político é composta de pessoas inescrupulosas que estão ávidas para corromper os inocentes e desprotegidos eleitores. É uma visão quase que romantizada do processo eleitoral, que coloca o eleitor como uma espécie de criança ingênua e indefesa (a Chapeuzinho Vermelho) e o político como o vilão (o Lobo Mau) da história.

Nada mais distante da realidade. É lógico que não podemos desconsiderar o histórico processo de negação de direitos fundamentais que gerou, e ainda gera, uma severa desigualdade no acesso a plena cidadania de parcela significativa da sociedade brasileira. Parcela, essa, destituída de condições materiais e imateriais mínimas que garantam consciência e emancipação política; como também não podemos esconder que existe sim uma perversa interferência do poder econômico, praticada por velhas raposas políticas que se beneficiam da sua posição privilegiada, quase sempre utilizando-se de dinheiro público, para chantagear e comprar a consciência política dos cidadãos, exemplos disso temos aos montes.

Porém, essa promíscua relação praticada no processo eleitoral (compra e venda de votos) vai além da questão da profunda desigualdade social existente no país. Ela passa, invariavelmente, pelas raízes históricas da formação política da nossa sociedade, tão bem representada pelo "homem cordial", conceito desenvolvido pelo historiador Sérgio Buarque de Holanda.

Apesar da minha incipiente experiência política, permito-me asseverar que, diferente do que pregam, o que é mais comum ocorrer é o inverso daquilo que se propaga sobre a relação eleitor/político. Ou seja, a vítima nem sempre é o eleitor, mas sim o candidato que sofre uma espécie de extorsão eleitoral. Lamentavelmente, expressiva parcela da população, aproveitando-se da sua condição momentânea de superioridade, especialmente no período eleitoral, promove um verdadeiro leilão, em que o voto é arrematado por aquele que oferecer o maior lance, fazendo do processo democrático um balcão de negócios. Quem nunca ouviu as famosas frases: "só voto em quem me ajudar"; "me ajude, que eu lhe ajudo"; "não voto de graça"; "ainda não tenho candidato, voto naquele que me ajudar"; "candidato sem dinheiro não ganha, não vou perder meu voto".

Essa é uma triste realidade que vivenciamos no processo eleitoral brasileiro. E, infelizmente, não é a excessão, e sim a regra que permeia as eleições nos quatro cantos do país. Aliás, diante dessa constatação deplorável da nossa prática política, quero aqui ressaltar a honrosa parcela do eleitorado que ainda vota de forma consciente, preocupada apenas em conhecer as propostas, a capacidade e competência dos candidatos. Para vocês eleitores conscientes, aqui vão meus parabéns!! Agora, precisamos lutar para aumentar o número desses eleitores, pois ainda é muito inexpressivo.

Há quatros anos, cheio de esperança e de expectativas, resolvi entrar na vida pública para tentar dar minha contribuição na cena política da minha cidade. Posso dizer que participar da política, concorrendo e exercendo um cargo político, é uma experiência única, repleta de paradoxos, e também muito sofrida (adivinhem o porquê).

Assim, nos próximos 4 anos, pretendo exercer o cargo de vereador, que me foi concedido nesta última eleição, sem as amarras de uma pretensa candidatura futura, pois aprendi que um dos maiores males da vida política é a constante preocupação dos políticos com o julgamento das urnas. Por medo de como os eleitores podem reagir, políticos usam meias-verdades, evitam assuntos polêmicos, relativizam tudo; enfim, em última análise, o que geralmente pauta as ações da maioria dos agentes políticos é o projeto individual de poder praticados por eles, situação que os levam, muitas vezes, a se comportarem de forma errática diante dos dilemas da sociedade e das decisões que devem seguir. Portanto, a independência, a autonomia e, principalmente, a verdade serão o que irão guiar minhas decisões políticas pelos próximos 4 anos, DOA A QUEM DOER. ENTENDEU, ELEITOR?!

Éder Rodrigo
Vice-prefeito

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