terça-feira, março 18, 2014

Aumenta o risco de racionamento de energia


As fracas chuvas que ocorreram em fevereiro aumentaram o risco de racionamento de energia e alguns técnicos do setor elétrico estão defendendo que a redução do consumo já deveria começar em maio. É o caso do diretor da consultoria PSR, Mário Veiga, um dos maiores especialistas brasileiros nesse assunto. O risco do racionamento saiu de 18,5% em fevereiro e foi para 23,8% em março, segundo o Energy Report de fevereiro de 2014, estudo realizado pela PSR. Vale lembrar que tecnicamente o setor elétrico trabalha sempre com um risco de 5%.


“Estes são os maiores valores de risco calculados em todos os tempos, incluindo os meses que antecederam o racionamento de 2001”, diz o estudo. Para chegar aos percentuais, a consultoria utilizou variáveis como a previsão de chuvas para março. O estudo mostra que há uma ligação entre os fevereiros secos (sem chuvas) e os meses de março secos. Segundo a empresa, o governo federal adotou nas suas estimativas previsões de chuvas mais otimistas para março, como se o que ocorresse naquele mês fosse “independente” do que acontece em fevereiro. Em 18 marços secos em anos diferentes, somente em seis o comportamento (das chuvas) foi completamente diferente. Nos últimos dois anos, ocorreram menos chuvas na área que abastece a “caixa d’água” dos reservatórios das principais hidrelétricas do País, incluindo as do São Francisco. Localizada no Sudeste do País, esta “caixa d’água” abastece cerca de 70% dos reservatórios das hidrelétricas brasileiras. Lá, o período chuvoso começa em novembro e se encerra em abril, mas grande parte das chuvas acontece até março.

O estudo critica as previsões realizadas pelo governo federal que incluíram nas suas estimativas uma “produção hidrelétrica mais eficiente do que na vida real, vazões na Região Nordeste maiores do que a realidade” e a entrada em operação de novos empreendimentos que vão gerar energia, como se não ocorressem atrasos. No ano passado, começou a ser fornecida somente 33% de toda energia prevista pelo governo federal.

“Se as chuvas forem menos do que as previstas em abril e ocorrerem mais atrasos em obras, o risco de um racionamento pode subir para 77% em maio”, conclui o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires. “Estão administrando o País como se tudo fosse acabar em outubro de 2014”, alfineta. Ele atribui a indecisão do governo federal em iniciar o racionamento ao fato do ano ser eleitoral.

JC Oline

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