Visita à ACPS no Brejinho da Serra (Foto: Beto Design)
Julier Moura conduz convidados para conhecer os tanques-redes flutuantes no lago (Foto: Lúcia Xavier Ramalho)
Vídeo: Lúcia Xavier Ramalho
Por Lúcia Xavier Ramalho
No último sábado (09), por volta do meio dia, foi realizada nova atividade da Semana do Patrimônio Cultural em Petrolândia, com visita à sede da Associação dos Produtores de Peixe da Serra (ACPS), situada no Brejinho da Serra, zona rural do município, entidade que possui cerca de 100 tanques-rede no Lago de Itaparica. A ação foi promovida pela Secretaria de Cultura de Petrolândia, em parceria com a Secretaria Municipal de Turismo, e integra a programação da 18ª Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco. Antes de visitar a ACPS, os convidados participaram de visita-guiada à Usina Hidrelétrica Luiz Gonzaga, situada a poucos quilômetros da associação. Na sequência, a programação foi encerrada com visita a ponto de cultura no povoado Brejinho da Serra.
O grupo foi recepcionado na ACPS por Julier Moura. Ele e o sr. Zacarias Nascimento, sócio-fundador da entidade, gravaram depoimentos à Prefeitura de Petrolândia, com a história da associação e as atividades dos envolvidos na manutenção dos tanques de criação de tilápias. Participaram da visita o secretário de Turismo, Jefferson Técio, a secretária executiva de Cultura, Fabrícia Cleis, a produtora cultural Cheila Batista, acompanhada por filho e filha, Rafaela Souza e Cleube Glauco, proprietários da Eu Vou Turismo, além do mineiro Igor Santhos, produtor do mapa turístico personalizado de Petrolândia, entregue há cerca de um mês. A serviço da Secretaria Municipal de Comunicação, participaram Heberty Henrique e Beto Design. Lúcia Xavier Ramalho (Blog de Assis Ramalho e IGHP) representou o Conselho Municipal de Política Cultural de Petrolândia.
Menu degustação: Lanches e salgados à base de tilápia
Na chegada à ACPS, foi servido um menu degustação, com lanches à base de tilápia, preparado e apresentado por Cheila Nascimento (assista ao vídeo). Torta, pastel, sanduíche natural, hambúrguer, em versões feitas com filé de tilápia. A frase "Ah, mas peixe tem cheiro forte" não se aplica às receitas de Cheila. O lanche foi consumido, apreciado e aprovado com louvor.
Cheila anunciou que vai publicar livro de culinária, com receitas que vão além do uso da tilápia em pratos tradicionais (Foto: Lúcia Xavier Ramalho)
Espaço bem aproveitado: área reservada ao cultivo de hortaliças na ACPS (Foto: Lúcia Xavier Ramalho)
Desafios da tilapicultura em tanques-rede em Petrolândia
Em 2012, no dia 5 de dezembro, o Blog de Assis Ramalho registrou a visita da delegação do Banco Mundial e representantes do governo do Vietnã, acompanhados por integrantes do ProRural, IPA e Prefeitura de Petrolândia, para conhecer as ações do programa Pernambuco Rural Sustentável, custeado com empréstimo do BIRD/Banco Mundial ao Governo de Pernambuco. A ACPS foi uma das três associações visitadas pela delegação. Naquela oportunidade, Zacarias conversou com nossa reportagem e falou com otimismo sobre os resultados e expectativas do trabalho na associação.
Visita à ACPS em 2012 (Fotos: Assis Ramalho/Arquivo BlogAR)
Zacarias, sócio-fundador da ACPS
"No início foi muito difícil. Foi difícil até mesmo para encontrar as doze pessoas para formar a nossa associação. Mas, depois de muito trabalho, de muita luta, hoje a nossa associação produz uma média de 130 toneladas de peixe por ano. Começamos com 30 tanques, hoje temos 40 e a nossa meta e chegar a ter 70 tanques em breve, se Deus quiser. Hoje a nossa associação tem dinheiro em caixa e, no final do mês, quando sobra dinheiro, a gente sempre investe em nossos equipamentos", disse Zacarias, naquela visita.
Zacarias contou a história da associação, conquistas e desafios passados e presentes (ver depoimento no vídeo). Hoje, a ACPS tem cerca de 100 tanques-redes e dois grandes obstáculos à maior lucratividade para os associados. Ele conta que é possível tirar mais de um salário (mínimo) para cada associado e o período de maior rendimento é a Semana Santa, considerada o 13º dos produtores. As sobras são rateadas entre os 12 associados. Porém, segundo Zacarias, a ACPS não pode competir com preços praticados por associações e empresas de maior porte, que produzem diariamente e têm margem de lucro reduzida, compensada pelo alto volume de vendas.
A praga que veio de fora
O segundo problema citado por Zacarias é a presença do mexilhão-dourado ao Lago de Itaparica, em meados da década passada, impacta negativamente a produção de peixes. Os moluscos aderem aos tanques, reproduzem-se aos milhares e reduzem a oxigenação dos tanques. Na tentativa de minimizar o impacto dos mexilhões na atividade, a ACPS investiu em material com menor aderência. De acordo com Zacarias, existe uma técnica para limpeza dos tanques por jateamento (com água sob alta pressão), mas, na associação os moluscos são retirados "na lapada, batendo nos tanques para poder tirar eles". No pátio da ACPS, foi possível ver vários tanques, fora de uso, revestidos por "mantas" de mexilhões-dourados encrustados nas telas.
ATENÇÃO: Apesar de não ser um molusco comestível, o mexilhão-dourado NÃO CONTAMINA as tilápias. O consumo dos peixes é seguro e saudável. O impacto do molusco na tilapicultura é a competição por alimento e espaço, além de causar problemas nas estruturas de criação (tanques-rede).
Colônia de mexilhões-dourados em tanque-rede (Foto: Lúcia Xavier Ramalho)
O mexilhão-dourado é um molusco aquático, nativo do sul da Ásia. A fecundação externa gera larvas microscópicas, que nadam e são levadas livremente pela água ou por vetores (objetos que transportam a larva em sua superfície ou em seu interior), até que encontrem um local para se alojar, em superfícies sólidas, onde se fixa e cresce, formando grandes colônias.
O molusco é capaz de se fixar em quase qualquer superfície e possui grande capacidade de adaptação. No Brasil, não existem predadores para reduzir o crescimento populacional do mexilhão-dourado, considerado ainda uma ameaça à biodiversidade de lagos e rios.
O mexilhão-dourado é considerado “poluição biológica”, por se tratar de espécie exótica invasora.
Dentre os prejuízos causados pelo mexilhão-dourado estão a destruição da vegetação aquática, ocupação do espaço e disputa por alimento com os moluscos nativos, prejuízos à pesca, já que a diminuição dos moluscos nativos diminui o alimento dos peixes, entupimento de canos e dutos de água, esgoto e irrigação, entupimento de sistemas de tomada de água para geração de energia elétrica, causando interrupções frequentes para limpeza e encarecendo a produção, prejuízos à navegação, com o comprometimento de boias, trapiches, motores e de estruturas das embarcações.
Em 13 de dezembro de 2016, a Associação Mineira de Defesa do Ambiente repercutiu notícia da Folha de S. Paulo, com registro de seca severa e a presença do mexilhão-dourado em reservatórios do Nordeste. A ameaça ao abastecimento de água decorre de o molusco asiático ser capaz de entupir tubulações e invadir máquinas de usinas hidrelétricas.
A larva do mexilhão-dourado é muito pequena, e por isso invisível a olho nu. Ainda que ela possa nadar, a maior parte de seu deslocamento ocorre de modo passivo, quer dizer, ela é levada pelas correntes aquáticas, aderida em cascos, redes, conchas ou qualquer coisa molhada e até mesmo pela água do esgoto, podendo vir a contaminar locais que estavam livres do mexilhão.
Esta larva microscópica pode estar presente na água que você coleta e transporta mesmo sem perceber, como a que fica no sistema de refrigeração do motor do barco ou nos baldes de iscas vivas, podendo causar uma nova infestação, mais incômodo e prejuízo aos usuários dos recursos hídricos e à sociedade em geral.
A dispersão dos adultos é feita pelo seu transporte em cascos de embarcação, redes, conchas, galhos e outros objetos lançados ou presentes na água. Quando a concha está fechada, o mexilhão pode sobreviver bastante tempo fora da água.
Quase todas as atividades que envolvem a água de rios e lagos podem transportar esse mexilhão para outros locais, alguns ainda não contaminados. Depois que as colônias estão instaladas, é impossível erradicá-las com os recursos e os conhecimentos atuais. Por isso devemos evitar espalhar a contaminação. Como uma única larva microscópica pode contaminar um local, também é impossível que os órgãos públicos como a polícia e o Ibama fiscalizem a dispersão. Por isso é importante que todas as pessoas se esforcem para não dispersar mexilhões e informem seus amigos e conhecidos sobre este assunto.
Agricultores
"Há um ano e meio [aproximadamente a partir de junho de 2014], mexilhões de até 5 cm têm se espalhado pelo rio São Francisco, onde estão as usinas de Sobradinho (BA) e Luiz Gonzaga (PE).
"Em Sobradinho, o molusco invadiu, entre o final de 2015 e o início deste ano, os adutores de turbinas das seis unidades geradoras de energia, provocando paradas obrigatórias de dois dias a cada três meses para limpeza.
"Pesquisadores estimam que a população de mexilhão-dourado na usina esteja em 40% do máximo de 200 mil indivíduos por metro quadrado – mais do que isso, ele para de se reproduzir por falta de alimento.
"Pesquisadores alertaram, no final do ano passado, que “a presença destes organismos nestes locais é grave, pois afetará a captação de água”.
"Para o Centro de Bioengenharia de Espécies Invasoras de Hidrelétricas (Cbei), que estuda o molusco desde que ele chegou ao Brasil, em 1998, 'é extremamente urgente que estas localidades comecem a ser monitoradas'.
"Em Sobradinho, o molusco invadiu, entre o final de 2015 e o início deste ano, os adutores de turbinas das seis unidades geradoras de energia, provocando paradas obrigatórias de dois dias a cada três meses para limpeza.
"Pesquisadores estimam que a população de mexilhão-dourado na usina esteja em 40% do máximo de 200 mil indivíduos por metro quadrado – mais do que isso, ele para de se reproduzir por falta de alimento.
"Pesquisadores alertaram, no final do ano passado, que “a presença destes organismos nestes locais é grave, pois afetará a captação de água”.
"Para o Centro de Bioengenharia de Espécies Invasoras de Hidrelétricas (Cbei), que estuda o molusco desde que ele chegou ao Brasil, em 1998, 'é extremamente urgente que estas localidades comecem a ser monitoradas'.
"Primeiros registros
"O molusco começou a se espalhar por volta da década de 1960 para o Japão, Taiwan e Hong Kong. Na América Latina, o primeiro registro se deu em 1991, na foz do rio Prata, na Argentina. No Brasil, ocorreu em 1998, nas bacias do Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. O mexilhão-dourado chegou à América do Sul em navios cargueiros vindos da Ásia, sua região de origem.
"Registros brasileiros
"Em 2000, o molusco afetou o abastecimento em Porto Alegre, com entupimento de tubulações que captavam água na margem esquerda do lago Guaíba. A situação só foi normalizada após dois anos.
"Com presença até então restrita a bacias do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, o mexilhão-dourado foi visto no São Francisco em 2015.
"Pesquisadores acreditam que o processo de levar peixes de um rio para o outro – 'peixamento' – contribuiu para deslocar o molusco para o São Francisco – as larvas, invisíveis a olho nu, podem estar na mesma água.
"Mexilhão-dourado
"O mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei) é uma espécie aquática de molusco que compete por espaço e nutrientes com outros organismos nativos.
"Ele pode pedir até 5 cm, mas com 0,5 cm já é capaz de se reproduzir, atingindo populações de até 200 mil mexilhões por m². Em um ano, eles podem se dispersar por um raio de até 240 km."
"O molusco começou a se espalhar por volta da década de 1960 para o Japão, Taiwan e Hong Kong. Na América Latina, o primeiro registro se deu em 1991, na foz do rio Prata, na Argentina. No Brasil, ocorreu em 1998, nas bacias do Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. O mexilhão-dourado chegou à América do Sul em navios cargueiros vindos da Ásia, sua região de origem.
"Registros brasileiros
"Em 2000, o molusco afetou o abastecimento em Porto Alegre, com entupimento de tubulações que captavam água na margem esquerda do lago Guaíba. A situação só foi normalizada após dois anos.
"Com presença até então restrita a bacias do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, o mexilhão-dourado foi visto no São Francisco em 2015.
"Pesquisadores acreditam que o processo de levar peixes de um rio para o outro – 'peixamento' – contribuiu para deslocar o molusco para o São Francisco – as larvas, invisíveis a olho nu, podem estar na mesma água.
"Mexilhão-dourado
"O mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei) é uma espécie aquática de molusco que compete por espaço e nutrientes com outros organismos nativos.
"Ele pode pedir até 5 cm, mas com 0,5 cm já é capaz de se reproduzir, atingindo populações de até 200 mil mexilhões por m². Em um ano, eles podem se dispersar por um raio de até 240 km."
Recomendações do IBAMA para combater o mexilhão-dourado
Esta larva microscópica pode estar presente na água que você coleta e transporta mesmo sem perceber, como a que fica no sistema de refrigeração do motor do barco ou nos baldes de iscas vivas, podendo causar uma nova infestação, mais incômodo e prejuízo aos usuários dos recursos hídricos e à sociedade em geral.
A dispersão dos adultos é feita pelo seu transporte em cascos de embarcação, redes, conchas, galhos e outros objetos lançados ou presentes na água. Quando a concha está fechada, o mexilhão pode sobreviver bastante tempo fora da água.
Quase todas as atividades que envolvem a água de rios e lagos podem transportar esse mexilhão para outros locais, alguns ainda não contaminados. Depois que as colônias estão instaladas, é impossível erradicá-las com os recursos e os conhecimentos atuais. Por isso devemos evitar espalhar a contaminação. Como uma única larva microscópica pode contaminar um local, também é impossível que os órgãos públicos como a polícia e o Ibama fiscalizem a dispersão. Por isso é importante que todas as pessoas se esforcem para não dispersar mexilhões e informem seus amigos e conhecidos sobre este assunto.
Agricultores
- Descarte a água de irrigação ou piscicultura no solo ou no mesmo corpo hídrico onde ela foi captada, de preferência acima do ponto de captação.
- Nunca descarte a água em outro rio, lago ou açude e nem na rede de esgoto. Isso vale também para a água de criatório de alevinos, tanques de reprodução ou qualquer água que não seja proveniente da rede de abastecimento de água tratada ou de poço artesiano.
- Se raspar incrustações de mexilhão-dourado de algum equipamento, enterre-as longe da água.
- Examine periodicamente seu barco e raspe as incrustações que encontrar, enterrando-as longe da água;
- Retire a água acumulada no fundo do barco ou em outras partes do mesmo, descartando-a em terra firme;
- Lave a embarcação com solução de água sanitária antes de colocá-lo em outras águas.
- Se você pesca embarcado, tome os mesmos cuidados que os outros navegantes;
- Descarte a água das iscas vivas em terra, longe de rios, lagos e esgotos;
- Limpe os petrechos de pesca com solução de água sanitária caso vá usá-los em outro local.
Redação do Blog de Assis Ramalho
Com informações de AMDA, IBAMA, Wikipedia
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