31 outubro 2025

William Bonner: relembre a trajetória do jornalista, que deixa o Jornal Nacional nesta sexta (31) depois de quase 30 anos

William Bonner no começo de sua carreira na TV Globo | Foto: TV Globo/Acervo

Por Agência O Globo

Depois de quase 30 anos de "boa noite", o jornalista William Bonner deixa a bancada do Jornal Nacional a partir desta sexta-feira, com César Tralli no posto a partir de segunda-feira (3).

Em fevereiro de 2026, ele estará no Globo Repórter, com Sandra Annenberg.

Paulistano de 61 anos, Bonner estudou na Escola de Comunicação e Artes da USP, onde aprendeu o ofício da locução de rádio. A carteira profissional, no entanto, começou em 1985, na TV Bandeirantes, em São Paulo.

Tão logo admitido na emissora, começou testes para apresentar um telejornal local. Pouco depois, já estava na bancada do "Jornal de Amanhã", em rede nacional.

Na época, ele ainda era conhecido profissionalmente como William Bonemer Junior. A mudança de sobrenome se deu apenas em 1986, quando começou na TV Globo, na função de apresentador do "SPTV – 3ª Edição".

William Bonner na bancada do JN, em 2007 - Foto: TV Globo/Divulgação

Achou melhor se diferenciar do pai, um médico pediatra. Pouco tempo depois, começou no "SPTV – 2ª Edição" em 1987, cobertura de férias na apresentação do "Jornal Hoje", quando morreu Chacrinha logo no primeiro dia na função.

"Detesto dar notícia de morte", disse Bonner ao jornal O Globo, em 1988, quando entrou no Fantástico, ao lado de Valéria Monteiro e Sérgio Chapelin.

Ele ficou no programa dominical até o ano de 1990 e acumulou a função com a bancada do Jornal da Globo, de 1989 a 1993. Depois, voltou para o Hoje e, em 1996, veio o grande convite: a bancada do maior telejornal do Brasil. Ao site Memória Globo, Bonner contou como foi o convite, feito pelo diretor de jornalismo da época, Evandro Carlos de Andrade. Bonner voltava de férias e recebeu um telefonema do chefe, que pediu absoluto sigilo.

“Eu falei: ‘ok, Evandro, (o segredo) só não vale para a Fátima (Bernardes), não é?'", disse Bonner, referindo à jornalista, com quem ele foi casado de 1990 a 2016 e veio a dividir a bancada, de 1998 a 2011. "Mas ele disse que não podia contar nem para a Fátima. Aí fiquei nervoso. Depois, ele me ligou de novo e disse que tinha reavaliado algumas coisas e que eu podia contar para a Fátima".


No dia 1° de abril de 1996, ao lado de Lillian Witte Fibe, com quem ele dividiu a bancada até a chegada de Fátima, em 1998, Bonner fez sua estreia. A manchete lida na primeira escalada foi "acusação de desvio de dinheiro leva banqueiros para a cadeia".

De lá para cá, foram mais de 10 mil edições e milhares de notícias. Pelo JN, que existe desde 1969, William Bonner informou os brasileiros sobre sete Copas do Mundo (inclusive o pentacampeonato em 2002), três econclaves papais e sete eleições presidenciais no Brasil e sete nos Estados Unidos. Ele também deu as notícias do 11 de setembro de 2001, do assassinato do colega do Tim Lopes, em 2002; e da morte de Roberto Marinho, em 2003, todas elas já no cargo de editor-chefe do telejornal, que ocupa desde 1999.

Em 2020, William Bonner comandou a equipe durante um dos momentos mais desafiadores da humanidade: a pandemia de Covid-19.

William Bonner, Renata Vasconcellos e César Tralli. |Foto: Globo/Daniela Toviansky

"Nós passamos por isso de uma forma heroica, porque foi o momento em que o jornalismo precisava esclarecer a população sobre questões da crise sanitária, mostrar onde a situação era mais grave, os avanços da ciência e das vacinas", disse o jornalista ao Memória Globo.

"E aí sobreviveram os escândalos de negligência do governo federal, e em meio a isso tudo a gente tinha ainda que desmentir a desinformação que era criada em redes sociais. Não tem quem tenha passado por isso que não guarde uma memória muito dolorosa, mas um orgulho enorme de quão valentes nós fomos e quão úteis para a sociedade."

William Bonner na bancada do JN | Foto: TV Globo/Reprodução

Nos quase 40 anos de bancada de telejornais — que seguem agora no Globo Repórter —, Bonner olhou de perto as mudanças sofridas no jornalismo.

"Acabou uma coisa chamada deadline", disse Bonner, no "Conversa com Bial" em abril deste ano.

"O deadline é uma ideia segundo a qual, num certo momento do dia, a edição de um jornal ou telejornal está fechada. Depois daquilo, não entra mais naquela edição porque não vai mais dar tempo. Isso acabou. A outra coisa que mudou é que nosso cardápio teve que ser enriquecido ou talvez empobrecido por uma tarefa que não nos cabia. Nossa tarefa sempre foi resumir o que tinha acontecido no Brasil e no mundo. Hoje essa tarefa não faz muito sentido porque no fim do dia todo mundo já viu telinha iluminadas. Entrou um ingrediente a mais que é desmentir o que circulou ao longo do dia."

Por Agência O Globo

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