Foto: Ascom PMSSE/divulgaçãoCom ampla participação popular, o município de Sento Sé (Norte da Bahia) sediou nesta quinta-feira (27) uma audiência pública histórica para ouvir moradores atingidos pela Barragem de Sobradinho (BA). Representantes de diversos ministérios participaram do diálogo, marcado por relatos sobre perdas familiares, deslocamentos forçados e pedidos de reparação.
A iniciativa contou com apoio do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e da Associação dos Moradores dos Povos Atingidos pela Barragem de Sobradinho (AMAPOABS), além da presença de comitivas dos quatro municípios submersos com a construção da barragem: Sento Sé, Remanso, Pilão Arcado e Casa Nova.
“Receber esta audiência pública federal enche Sento Sé de emoção e esperança. O passado não pode ser mudado, mas o futuro pode ser construído com justiça. Que esta audiência seja o início de ações concretas que tragam mais qualidade de vida e verdadeira reparação ao povo de Sento Sé e de todo o território atingido. Estamos prontos. Contamos com a parceria do governo federal“, pontuou a prefeita Giselda Carvalho, ao abrir o evento.
O principal objetivo ouvir diretamente a população sobre os impactos acumulados nas últimas cinco décadas, especialmente nas áreas de educação, saúde, moradia, mobilidade e infraestrutura. Centenas de moradores participaram ativamente, relatando a dor das perdas familiares, terras inundadas, deslocamentos forçados e o rompimento de modos de vida tradicionais, marcas profundas deixadas pela barragem desde a década de 1970.
José Gomes de Souza, presidente da AMAPOABS, destacou o caráter histórico do evento. “Essa audiência pública é histórica para Sento Sé e para os municípios atingidos. Há 50 anos esperamos um momento como este. Nenhum governo havia aberto espaço para nos ouvir dessa forma. Hoje vemos um caminho para que a dívida socioeconômica seja reconhecida. Luto há décadas por esse direito, e só agora encontramos portas abertas”, ressaltando que a associação representa“. Cerca de 2.200 pessoas dos quatro municípios – Sento Sé, Remanso, Casa Nova e Pilão Arcado – e até moradores residentes em Juazeiro e Petrolina (PE) participaram do encontro.
Maria do Rosário Moreira, que mora em Remanso, veio para a audiência numa caravana de mais de 70 pessoas que vieram de Juazeiro, e relembrou sua história. “Morávamos no Remanso Velho, quando a vida era mais simples. Meus pais tinham terra, tinham sustento. Hoje, não tenho mais meus pais e não temos mais nossas terras. Estamos aqui buscando reparação por tudo que perdemos lá atrás“.
Governo federal presente
Participaram representantes dos Ministérios do Desenvolvimento Social (MDS), Educação (MEC), Minas e Energia (MME), Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), além do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Codevasf e outros órgãos federais envolvidos no processo.
De acordo com Leonardo Santana, da Secretaria Nacional de Diálogos Sociais e Articulação de Políticas Públicas da Secretaria-Geral da Presidência, o objetivo principal do evento foi ouvir e conhecer a realidade da população. “Estamos aqui para ouvir os atingidos pela construção da barragem de Sobradinho. Essa é uma dívida histórica e nós ouvimos aqui hoje uma série de relatos que vão contribuir para fortalecer a presença das políticas públicas aqui no território. Esse é o compromisso do governo Lula e o motivo da presença hoje da comitiva é esse, de fortalecer as políticas a partir da realidade do território“.
Representação política
Ex-prefeito e maior liderança política de Sento Sé, Juvenilson Passos participou do evento e destacou que a realização da audiência representa o início de uma reparação tão sonhada do povo atingido. “Toda a população ribeirinha dos quatro municípios submersos carrega perdas profundas. Muita da água desta barragem vem das lágrimas desse povo. Durante muito tempo, não tivemos vez nem voz, mas agora é diferente. Estamos sendo ouvidos por um governo que faz gestão para o povo“.
Próximos passos
Após o encontro, todas as demandas apresentadas serão sistematizadas e encaminhadas aos ministérios competentes. Caberá ao governo federal articular medidas, propor encaminhamentos e acompanhar a execução das ações pactuadas, garantindo que a escuta realizada se transforme em reparações e melhorias concretas.
Fonte: Blog do Carlos Brito














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