© Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência
Luiz Claudio Ferreira – Repórter da Agência Brasil
Foram mais de 32 horas de estrada dentro de um ônibus para a matriarca Pangroti Kayapó, de 60 anos, e a neta Nhaikapep, de 22, viajarem de São Félix do Xingu (AM) até Brasília (DF) para participar da 1ª Conferência Nacional das Mulheres Indígenas, evento que começou na noite de segunda-feira (4).


Para ambas, a conferência pode ser um espaço de denúncia. Uma oportunidade para mostrar ao país todo como a comunidade ainda está ainda abalada pelas atividades do garimpo ilegal, na região em que suas ancestrais nasceram e foram criadas para defender a natureza e seu modo de vida.
A neta, que estudou em escola não indígena, traduz para o português o sentimento emocionado da avó, que se comunica apenas em seu idioma originário:
“Para que a gente proteja a natureza, pedimos proteção para nós, para nosso ambiente e nossa cultura”, diz Pangroti.
Nhaikapep conta que os rios Fresco, Iriri e Xingu, que atravessam as regiões de comunidades kayapó, estão contaminados pelos metais.
“Nos sentimos ameaçadas e afetadas mesmo em nossa comunidade, que teve o território demarcado”.
Ministras
A estimativa é de que o evento conte com a participação de cinco mil mulheres indígenas que, assim como Pangroti e Nhaikapep, devem compartilhar os desafios que enfrentam em todos os biomas brasileiros.
Cinco ministras de Estado participaram da abertura da conferência, que precede a IV Marcha das Mulheres Indígenas na quinta-feira (7).
As ministras Sônia Guajajara (Povos Indígenas), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Márcia Lopes (Mulheres), Margareth Menezes (Cultura) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos e Cidadania) discursaram na noite desta segunda, sobre os esforços e as políticas de proteção às mulheres indígenas.
Outro tema abordado foi o Projeto de Lei (PL) 2.159/21, chamado PL do Licenciamento por uns e PL da Devastação por críticos e ambientalistas. O PL flexibiliza e simplifica a obtenção de licenciamento ambiental no Brasil.