26 outubro 2025

'Vamos chegar a acordo', promete Trump sobre negociações com o Brasil


Lula se reúne com Trump na Malásia — Foto: Divulgação

Presidente dos EUA afirma que negociações com Brasil podem 'avançar rapidamente'


Por Isabela Cagliari e Marcelo Ninio — São Paulo e Kuala Lumpur, O GLOBO

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump se encontraram na tarde deste domingo na Malásia, madrugada no Brasil.

— Vamos chegar a um acordo — garantiu o presidente dos EUA sobre as negociações com o Brasil.

O petista ainda declarou que "haveria boas notícias" depois do encontro. Nas redes sociais, Lula disse que teve 'ótima reunião' com Trump e as equipes dos dois países vão se reunir 'imediatamente'.

A reunião bilateral começou às 15h30 (horário local) -- 4h30 no horário de Brasília --, no Centro da Cidade de Kuala Lumpur (KLCC), como a Secretaria de Comunicação da presidência brasileira já havia confirmado. Ao todo, durou cerca de 50 minutos.

Mauro Vieira, Márcio Elias Rosa, do MDIC, e Audo Faleiro, diplomata da equipe do assessor especial da presidência Celso Amorim, acompanham a conversa ao lado de Lula. Do lado americano, estavam o secretário de Estado, Marco Rubio; o secretário do Tesouro, Scott Bessent; e o representante do Comércio, Jamieson Greer.

O foco principal previsto para a primeira reunião entre os dois países deveria ser o tarifaço imposto por Washington a exportações brasileiras para os Estados Unidos. Além disso, sanções contra cidadãos brasileiros, ofensiva americana sobre a Venezuela e outros temas sensíveis também poderiam ser discutidos pelos líderes.

Para o Brasil, o encontro pode indicar um termômetro da relação futura com os EUA -- medindo se Washington estará disposto a recuar nas sanções políticas, vistas por Brasília como medidas mais políticas do que comerciais.

Destaques da reunião

Questionado se os Estados Unidos reduziriam as tarifas sobre o Brasil, Trump indicou:

— Vamos discutir isso por um tempo. Sabemos o que cada um quer.

— É uma grande honra estar com o presidente do Brasil — um grande país. É um país grande e lindo. Acho que conseguiremos fechar alguns bons acordos, como temos conversado, e acho que acabaremos tendo um ótimo relacionamento — ressaltou o presidente americano.

Donald Trump elogiou Jair Bolsonaro, condenado por trama golpista, na frente de Lula.

— Sempre gostei dele. Me sinto muito mal pelo que aconteceu com ele. Sempre achei que ele era direto, mas ele passou por muita coisa — sugeriu.

Trajes típicos, protestos e tarifaço: Os bastidores da reunião de 20 chefes de Estado na Malásia, com Trump e Lula entre eles

Contudo, quando perguntaram se ele discutiria sobre o ex-presidente brasileiro com o petista, ele respondeu:

— Não é da sua conta.

Além de Bolsonaro, foi questionado se havia algo que o Brasil poderia oferecer para melhorar as relações com os EUA.

— Provavelmente. Saberemos em 15 minutos. Eles podem oferecer muito e nós podemos oferecer muito — reforçou.

Quando Lula reclamou que eles estavam perdendo tempo falando com a mídia, Trump rebateu:

— A mídia nem precisa demorar tanto .

E completou:

— Suas perguntas são muito entediantes.

Atritos na América Latina

Ações de Washington contra os governos de Nicolás Maduro e Gustavo Petro -- presidentes da Venezuela e da Colômbia, respectivamente -- aumentaram as tensões na conversa com o Brasil.

Nesse contexto, o país se divide entre o pragmatismo com os EUA e a defesa dos vizinhos. Enquanto Lula tenta uma trégua com Trump nas taxas sobre os produtos exportados, ainda defende a soberania dos países da América Latina em meio à ofensiva americana.

Protagonismo do dólar

O dólar é outro ponto sensível da discussão bilateral. Lula propõe a diminuição do uso da moeda em relações comerciais do Brics, bloco econômico que integra Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Por outro lado, o presidente americano discorda do projeto e já ameaçou elevar as tarifas dos produtos dessas nações caso a iniciativa avançasse no bloco.

Por Isabela Cagliari e Marcelo Ninio — São Paulo e Kuala Lumpur

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