sábado, dezembro 12, 2015

Saúde com Ciência: Brasil é o principal consumidor de agrotóxicos em escala global

Saúde com Ciência investiga a presença dos agrotóxicos no país, outros modelos viáveis e os principais riscos à saúde e ao meio-ambiente
Os episódios do Saúde em Ciência são apresentados diariamente em intervalos da programação da Web Rádio Petrolândia

Desde 2008, o Brasil é o país que mais consome agrotóxicos, com uma média duas vezes superior ao resto do mundo. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) indica que essa utilização aumentou 700% nos últimos 40 anos. Contribuem para a “liderança” fatores como o papel da agropecuária na economia brasileira, a expansão da fronteira agrícola e o plantio de sementes transgênicas.

Dentre os alimentos que mais contêm agrotóxicos, estão aqueles da chamada hortifruticultura, que chegam à nossa mesa, casos do arroz, feijão, alface, couve, tomate e salsinha. Mas a preocupação vai além – a especialista em Saúde Coletiva e professora da Faculdade de Medicina da UFMG, Jandira Maciel, aponta que a pulverização aérea, usada principalmente nos grandes cultivos, pode trazer consequências negativas ao meio-ambiente e às populações. “Essa pulverização aérea acarreta uma grande contaminação ambiental, envolvendo os solos e as águas, além das populações que habitam aquela região”, afirma.



A relação com os agrotóxicos, que podem ser absorvidos pelo organismo por via oral, respiração ou contato com a pele, pode causar efeitos agudos e crônicos. Os primeiros se caracterizam por sintomas que costumam ser de menor gravidade, como dores de cabeça, náuseas, fraqueza muscular e indisposição. Esses sintomas são mais facilmente associados ao uso dos produtos, ao contrário dos efeitos crônicos – doenças que surgem a longo prazo, como câncer, depressão e má formação congênita.

Para a professora, isso ocorre, dentre outros fatores, porque o médico não tem o hábito de perguntar a profissão da pessoa que atende. “Ao não perguntar qual é a profissão do paciente, o médico não desenvolve o raciocínio clínico epidemiológico ocupacional. Ele não fará essa ligação de determinação entre esse trabalho e sua exposição e os problemas de saúde que estão aparecendo”, esclarece.

Modelo agroecológico

Se por um lado existem aqueles que defendem a utilização dos agrotóxicos por aumentarem a produtividade agrícola nacional, contribuindo, por exemplo, para a diminuição do preço da cesta básica, por outro há um movimento que busca a implantação de um modelo agroecológico, com a produção de alimentos orgânicos.

E se o Brasil é líder no uso de agrotóxicos, ele também é o quinto maior produtor agroecológico do mundo, iniciativa esta defendida por Jandira Maciel: “Nossa luta é pela mudança do modelo de desenvolvimento agrícola, no sentido de sairmos de um modelo agrotóxico dependente para um agroecológico. Há experiências positivas sobre isso, mas precisamos de políticas públicas de incentivo”.

Um exemplo de como a produção orgânica vem ganhando espaço é citado pelo também professor da Faculdade de Medicina, Tarcísio Pinheiro. “O Governo baixou uma normatização na qual os produtos a serem adquiridos e distribuídos pelas escolas [públicas] são de produção de agricultura familiar e sem o uso de agrotóxicos”, diz.

Esse debate não pára por aqui. O Saúde com Ciência apresenta, entre os dias 14 e 18 de dezembro, a série “Agrotóxicos: Químicos do Mal?”. Fique ligado!

Sobre o programa de rádio

O Saúde com Ciência é veiculado de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h, na Rádio UFMG Educativa, 104,5 FM. O programa, produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG, tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde.

Ele também é transmitido em outras 175 emissoras de rádio, que estão inseridas nas macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.

Fonte: UFMG

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