sexta-feira, dezembro 11, 2015

Rogério Ceni se despede do futebol em festa no Morumbi

O adeus do mito Rogério Cener

Foram 1.237 jogos, 131 gols, muitos títulos e glórias, recordes incontáveis... Sobram números na histórica carreira deRogério Ceni. Faltam palavras ao são-paulino para definir o sentimento vivido neste 11 de dezembro de 2015. Tão natural quanto o tricolor do uniforme era ter o Mito no gol. Foi assim por 25 anos. Não será mais. O ídolo pendurou as luvas para virar lenda eterna – e viva – do futebol mundial.

O ponto final nos gramados veio em noite mágica no Morumbi lotado. Com rock, reverência da torcida e uma constelação de ídolos, Rogério Ceni e o São Paulo reuniram os campeões mundiais de 1992, 1993 e 2005 para um jogo histórico. O resultado, mero detalhe, apontou vitória da equipe do tri por 5 a 3 sobre o combinado dos bicampeões do início da década de 90.

Um a um, os ídolos foram anunciados e ovacionados pela torcida. Muricy Ramalho, Diego Lugano, Raí e o próprio Mito foram os mais festejados. Telê Santana, representado pelo filho Renê Santana, também foi muito lembrado pelos tricolores. Não faltaram gritos de "volta, Lugano" para o zagueiro do Cerro Porteño, nome analisado pelo presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, para 2016.


Antes de a bola rolar, Raí, Ronaldão e o próprio Ceni, capitães dos três títulos mundiais, receberam as respectivas taças de 92, 93 e 2005. Elas foram entregues pelo ex-presidente José Mesquita Pimenta, por Rochelle Siqueira Portugal Gouvêa, viúva do ex-presidente Marcelo Portugal Gouvêa, e Angelina Juvêncio, viúva de Juvenal Juvêncio, que morreu na quarta-feira.

As bandeiras de mastro e os sinalizadores, proibidos em jogos comuns no estado de São Paulo, terminaram por compor o cenário de festa no Morumbi lotado.

"Mito Pelé" e silêncio atrasado
Zetti, Cafu, Raí, Muller e companhia tiveram dificuldade para segurar o ímpeto do time tri mundial, obviamente mais jovem e condicionado fisicamente. Amoroso e Aloísio rapidamente abriram 2 a 0. Só então o jogo foi interrompido para se respeitar um minuto de silêncio pela morte do ex-presidente Juvenal Juvêncio.

Paralelamente ao jogo, a torcida ovacionava Lugano a cada toque na bola. O uruguaio e Muricy Ramalho foram os nomes mais gritados.

Cafu, com disposição de sobra, descontou para o time 92/93. Então, Ceni protagonizou um dos pontos altos da noite: foi substituído por Bosco no gol, e retornou com a camisa 01 na linha, expectativa de muitos são-paulinos durante a carreira do Mito. Nos treinos no CT da Barra Funda, ele atuou dessa maneira diversas vezes. Antes de reiniciar o jogo, o ídolo cedeu a faixa de capitão a Lugano, para delírio dos são-paulinos.

Quando a bola voltou a rolar, Josué e Thiago Ribeiro ampliaram para o time de 2005. Zetti, incentivado pelos são-paulinos, descontou de pênalti para os bicampeões. Justamente quando Zetti agradecia os gritos da torcida em gesto de reverencia, de costas para a partida, Ceni reiniciou o jogo com finalização do meio de campo. A bola pingou e por muito pouco não entrou. Assim como Pelé, o ídolo ficou no quase em lance parecido.

Mito cantor e goleador

Um dos momentos de emoção para o goleiro foi quando a banda Ira o chamou ao palco para cantar. Ele ajudou a tocar a música “Envelheço na cidade” e depois ouviu do vocalista Nasi:

– Você vai ser técnico desse time, voltará para cá, e vamos ser campeões de novo, Rogério.

Depois de a bola voltar a rolar, Cafu, de pé esquerdo, fez mais um para os bicampeões mundiais. O esperado gol de Ceni veio de pênalti, como outros 69 da carreira, e encerrou o placar em 5 a 3 para os campeões de 2005.

O apito final foi precedido de uma contagem regressiva de 10 segundos e a história do Mito foi encerrada nos gramados para sempre. “Todos têm goleiro, só nós temos Rogério: goleiro matador!”, foi o grito que ecoou no Morumbi, antes de o hino do clube ser cantado com todos os campeões mundiais em um círculo no gramado.

Por Alexandre Lozetti e Marcelo Hazan
G1 - São Paulo

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