quinta-feira, junho 01, 2017

Em delação, ex-executivo da Andrade Gutierrez relata pagamento de propina a senador Fernando Bezerra Coelho


O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) e o ex-presidente da Companhia Pernambucana de Gás (Copergás), Aldo Guedes, foram acusados de receber propina em obras do Porto de Suape. A acusação foi feita pelo ex-executivo da construtora Andrade Gutierrez, Rodrigo Ferreira Lopes da Silva, através de delação premiada. O termo de colaboração aos procuradores do Ministério Público Federal (MPF) foi divulgado nesta quarta-feira (31).

Procurada pela reportagem, a defesa do empresário Aldo Guedes informou que não tinha nada a declarar até ter acesso à íntegra do depoimento. Já o diretório nacional do PSB informou que o senador Fernando Bezerra Coelho deveria falar sobre o assunto.

A defesa do senador Fernando Bezerra Coelho informou, por meio de nota, que não irá se manifestar sobre a delação “até tomar conhecimento de sua integralidade pelos meios oficiais” e alegou repudiar as afirmações do delator. Ainda de acordo com a defesa, todos os contatos do parlamentar com a empresa citada foram “absolutamente institucionais” e as contas de Bezerra Coelho no período em que ele esteve à frente do Porto de Suape, entre 2007 e 2010, foram aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE).


Durante o depoimento ao MPF, o ex-executivo da Andrade Gutierrez mencionou um cartel para a construção de obras em portos públicos do Brasil. Em Suape, Rodrigo Ferreira afirma ter havido pagamento de propina na obra de recuperação do Píer de Graneis Líquidos.

Ainda segundo Ferreira, a Andrade Gutierrez, detentora de 100% do contrato da obra, fez o pagamento de 5% do valor recebido a Aldo Guedes e a Fernando Bezerra Coelho, que, na época, eram presidente da Copergás e secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, respectivamente. O delator também afirmou que os dois citados também receberam propina equivalente a 5% do valor recebido pelo consórcio formado pelas construtoras Odebrecht, Andrade Gutierrez e OAS, na obra do Píer de Graneis Líquidos 3.

Os pagamentos, segundo Ferreira, teriam sido feitos por um outro ex-executivo da Andrade Gutierrez, Glauer Nogueira. Os valores, de acordo com o delator, teriam sido pagos como caixa 2, como doações eleitorais ao diretório nacional do PSB e em espécie.

Ainda durante o depoimento, Ferreira mencionou o pagamento de 5% sobre o valor recebido para os contratos da obra de reforço dos cabeços do porto, feita pelo consórcio formado pelas construtoras Andrade Gutierrez e OAS. Os valores teriam sido entregues a Aldo Guedes. O delator afirmou, ainda, não ter tido conhecimento sobre pagamentos entregues a Fernando Bezerra Coelho que fossem relativos a essa obra especificamente.

A Andrade Gutierrez, através de nota, informa que "segue colaborando com as investigações em curso dentro do acordo de leniência firmado pela empresa com o Ministério Público Federal e reforça seu compromisso público de esclarecer e corrigir todos os fatos irregulares ocorridos no passado".

Também por meio de nota, a Odebrecht informou que está colaborando com a justiça nos países em que atua. A empresa também alegou ter assinado um acordo de leniência com autoridades do Brasil, Estados Unidos, Suíça e República Dominicana e se comprometeu a combater e "não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas".

O G1 também procurou a construtora OAS, mas não obteve retorno às ligações.

G1 PE

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