"Estudos realizados pelo Instituto de Química da Unicamp mostram evidências incontestáveis de que esses compostos emergentes têm causado sérios danos à fauna aquática. Está comprovado, por exemplo, que eles podem provocar a feminização de peixes, alteração no desenvolvimento de moluscos e anfíbios e decréscimo de fertilidade de aves. No entanto, não se sabe ainda que tipo de problema a exposição crônica a esses contaminantes pode causar aos seres humanos. O bom senso orienta que se espere 20 ou 30 anos para se obter essa resposta. Assim, de forma preventiva, o melhor a fazer é alterar a legislação e passar a exigir a remoção desses compostos na água tratada para consumo humano o quanto antes."
O artigo é de Marco Antonio Ferreira Gomes e Lauro Charlet Pereira, Pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente, publicado por
EcoDebate, 01-11-2017.
Eis o artigo.
A partir de 2012 os estudos sobre contaminantes emergentes (CE) se tornaram mais comuns no país, motivados pelo número crescente de geração desses produtos, com o consequente descarte ou eliminação dos mesmos no meio ambiente, principalmente nos cursos d’água. O CE é uma alusão aos produtos tóxicos que não são removidos ou eliminados pelos processos tradicionais de tratamento de água para consumo humano. Entre esses produtos estão os hormônios endógenos, hormônios sintéticos, anticoncepcionais, fármacos de diversas composições, cafeína, sucralose, nanomateriais, bactericidas, inseticidas, algicidas, herbicidas, produtos de limpeza e de higiene pessoal, protetores solares, produtos de cloração e ozonização de águas, entre outros totalizando mais de mil compostos.