02 agosto 2025

48% dos brasileiros defendem prisão de Bolsonaro por trama golpista, indica Datafolha

Jair Bolsonaro conversa com advogado diante de Alexandre de Moraes em interrogatório de ação penal sobre trama golpista, no STF — Foto: Gustavo Moreno/STF

Por Rafaela Zem, g1

A opinião pública brasileira segue dividida quanto ao destino do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo nova pesquisa do Datafolha, 48% dos entrevistados defendem que ele seja preso por sua suposta participação na tentativa de golpe após as eleições de 2022. Outros 46% são contra a prisão, e 6% não souberam opinar.

Apesar dessa divisão, a expectativa da maioria é de que Bolsonaro escapará da cadeia: 51% acreditam que ele não será condenado, enquanto 40% acham que ele será preso.

O levantamento foi realizado nos dias 29 e 30 de julho, em um contexto marcado por atritos entre Brasil e Estados Unidos.

O presidente americano, Donald Trump, tem endossado a tese de que Bolsonaro é vítima de perseguição, e tem utilizado esse argumento para justificar tarifas mais altas sobre produtos brasileiros.

A movimentação de Trump é apoiada por Eduardo Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente, que se mudou para os EUA para atuar na campanha por anistia ao pai.

Oscilação desde abril

Em relação à pesquisa anterior, feita em abril, houve uma leve mudança dentro da margem de erro.

Naquela ocasião, 52% eram favoráveis à prisão, enquanto 42% se posicionavam contra. Agora, os dois grupos estão praticamente empatados, indicando uma inversão momentânea de humor.

A expectativa sobre o desfecho do julgamento segue estável. Em abril, 52% achavam que Bolsonaro escaparia da prisão; agora são 51%, enquanto os que previam condenação eram 41%, e agora são 40%.

O apoio à prisão de Bolsonaro é mais forte entre:

* Pessoas com renda de até dois salários mínimos;

* Moradores do Nordeste;

* Eleitores identificados com o PT.

Já a rejeição à condenação é mais comum entre:

* Evangélicos;

* Moradores da região Sul;

* Pessoas da classe média mais baixa;

*Eleitores bolsonaristas.

Bolsonaro será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sob a acusação de ter articulado uma tentativa de permanecer no poder após perder as eleições de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A denúncia da Procuradoria-Geral da República afirma que a trama envolveu políticos e militares, culminando nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

O ex-presidente nega todas as acusações. Se for condenado, poderá pegar entre 12 e 43 anos de prisão, conforme prevê a denúncia.

O relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, também passou a ser alvo da retórica de Trump.

Moraes teve o visto americano revogado e passou a ser enquadrado por uma lei dos EUA que congela bens de estrangeiros acusados de violar direitos humanos — medida que deve ser contestada por ter sido originalmente desenhada para casos extremos, como o de ditadores.

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