terça-feira, maio 17, 2016

Tiroteio em academia deixa sargento morto e três feridos no RJ

Tiros na fachada do clube (Fotos: Guilherme Pinto/Extra)

Quatro pessoas foram baleadas na manhã desta terça-feira após tiros terem sido disparados contra o Novo Rio Country Club, na Avenida Miguel Antonio Fernandes 15, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. Três ocupantes de um carro, encapuzados e armados com fuzis, abriram fogo contra o local. Segundo informações de policiais militares do 31º BPM (Recreio), o crime estaria relacionado à contravenção ou uma disputa entre milicianos. Agentes da Divisão de Homicídio da capital fazem uma perícia no local.

Entre os feridos, segundo o batalhão, estão o ex-policial Hélio Machado da Conceição, conhecido como Helinho — que foi homem de confiança do ex-chefe de Polícia Civil do Rio, Álvaro Lins — e o sargento Geraldo Antonio Pereira. Eles foram levados para o Hospital de Clínicas Riomar, na Barra da Tijuca, também na Zona Oeste. O sargento não resistiu e morreu na unidade. Ele era dono de uma academia que funciona no clube. Já Helinho levou tiros no ombro e um de raspão no peito.

Outras duas pessoas também ficaram feridas, mas sem gravidade. Aurélio Gomes de Faria, de 53 anos, segurança do clube, foi atingido nas pernas e nas nádegas. Já José Roberto Pontes Pereira, de 65 anos, diretor do clube, foi atingido de raspão na axila por uma bala que entrou na sala onde estava. Eles foram levados para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, também na Barra. José já teve alta e presta depoimento na Divisão de Homicídios (DH), que investiga o caso.

Helinho alegou a agentes da especializada, numa conversa preliminar ainda no hospital, que não viu os agressores. A DH já sabe, também, que Helinho e o sargento Pereira haviam acabado de chegar à academia e, logo que desceram do carro, foram supreendidos pelos bandidos. Segundo o delegado Fábio Cardoso, titular da DH, não há dúvidas de que o crime foi uma execução e o alvo era o sargento que acabou morto.

- Temos uma homicídio qualificado contra o Pereira e três tentativas de homicídios contra as outras três pessoas. Ainda é cedo para falar em motivação. A DH levanta o perfil de todas vítimas, inclusive dos acompanhantes do Pereira, para saber a motivação precisa do crime - disse.

Fábio adiantou que umas linhas de investigação é o envolvimento do PM com a máfia dos caça-níqueis.

'Já saíram atirando'

Um funcionário da academia The Place, que fica dentro do Novo Rio Country Club, afirmou que o crime aconteceu por volta das 10h30m, quando Geraldo Antonio Pereira — que é sócio proprietário da academia — chegava ao local. Segundo a testemunha, quando Pereira parou o carro dentro do estacionamento do Country Clube bandidos encapuzados saíram de dentro de um veículo branco, que já estava estacionado no local, e começaram a disparar. Pereira foi atingido na cabeça e no pescoço. O funcionário contou que o patrão estava acompanhado de três seguranças, que também foram feridos.

Nas redes sociais, moradores do Recreio dizem que ouviram muitos tiros: “Moro uma rua antes e ouvi o barulho quando estava subindo da academia para casa. Achei que fosse bate-estaca de alguma obra pois foi muito alto. E foi tiro para c*****”, relatou uma pessoa.

Crianças na piscina

Viviane Helena Santos Nascimento, de 29, é professora de natação do clube. Ela contou que na hora do tiroteio estava na piscina com três crianças com idades entre 2 e 10 anos, acompanhadas das respectivas mães.

- Foi muita correria. Como estava com as crianças na piscina não tinha pra onde correr. As mães ficaram muito nervosas. Sorte que foi no estacionamento, do lado de fora.Nunca aconteceu nada parecido antes - disse Viviane que trabalha há oito meses no local.

O administrador de empresas Roberto Miranda, de 55 anos, que ajudou a socorrer as vítimas, estava saindo de casa em direção ao clube quando ouviu os disparos. Quando chegou as vítimas já estavam caídas no chão. Ele ajudou a colocá-las no carro que as levou para o hospital. Ele contou que a cancela do clube estava aberta, e o veículo com os atiradores saiu em disparada. Ele se queixou da acrescente onda de violência no Recreio.

Loteamento de delegacias

Helinho fazia parte de um grupo de policiais civis conhecidos como os "inhos", de Álvaro Lins. Eles participavam do loteamento de delegacias e acabaram demitidos da corporação. Além de Helinho, outros quatro agentes integravam o bando, que enriqueceu ilicitamente e acumulavam um patrimônio estimado em R$ 8 milhões. São eles: Fábio Menezes de Leão, o Fabinho; Jorge Luiz Fernandes, o Jorginho; Mário Franklin Leite Mustrange de Carvalho, o Marinho; e Paulo César de Oliveira, o PC.

A cobrança mensal de "taxas" em troca de cargos em delegacias, principalmente em unidades especializadas, foi colocada em prática no período em que Álvaro Lins esteve à frente da Polícia Civil, nos governos de Anthony e Rosinha Garotinho, segundo investigação da Corregedoria Geral Unificada (CGU). Os "inhos" foram apontados como responsáveis pelo repasse à chefia dos valores arrecadados nas delegacias e com contraventores.

Helinho e os demais integrantes do grupo dos "inhos" foram condenados. Eles chegaram a ficar presos no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio, e em presídios federais fora do Rio.

Extra-RJ

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