terça-feira, abril 05, 2016

Mulheres do Agreste alagoano investem em animais de pequeno porte para ampliar renda

Das treze assentadas beneficiadas no assentamento, doze optaram por criação de ovelhas e uma por corte e costura (Fotos: Naturagro)

Mulheres do assentamento Roseli Nunes decidiram investir o crédito Fomento Mulher em projetos de criação de animais de pequeno porte para complementar a renda de suas famílias. O assentamento fica no município de Girau do Ponciano, no Agreste alagoano, a 170 quilômetros da capital Maceió. Orientadas pela empresa de assistência técnica Naturagro, as assentadas optaram por projetos individuais e coletivos, que, além da criação, também contemplam hortaliça e artesanato.

No assentamento de 25 famílias, 13 projetos foram elaborados e os recursos já foram empregados. De acordo com informações dos técnicos da empresa de assistência técnica, dos R$ 3 mil descentralizados pelo crédito do Incra, R$ 2.100,00 são para projetos individuais e R$ 900,00 investidos em projetos coletivos.

Os projetos individuais no assentamento Roseli Nunes priorizaram a criação de ovinos, sobretudo por conta de sua capacidade de adaptação ao clima semiárido. Cada projeto prevê, além da compra das matrizes animais, a aquisição de material (grampo, arame, cercado), alimento (uma tonelada de ração por projeto) e medicamento. Das treze assentadas beneficiadas no assentamento, doze optaram por criação de ovelhas e uma por corte e costura.

O projeto coletivo de hortaliças foi uma opção da comunidade, que pretende realizar trabalho agroecológico de plantio. A aplicação desse recurso ainda espera o período propício de chuva. A ideia é escolher um ou dois lotes centralizados e aproveitar os 50 mil litros de água das cisternas existentes nos lotes.

Ao participar de reunião com assentadas para discutir a participação nos projetos, o engenheiro agrônomo João Ribeiro da Silva Neto, da empresa Naturagro, defendeu o foco do planejamento na continuidade da produção. “A preocupação foi trabalhar, além da compra das matrizes, a movimentação da produção, com a aquisição também da estrutura e da medicação, para manter os animais vivos, garantir o comércio e o pagamento do crédito e, dessa forma, dar continuidade aos projetos lá na frente”, explicou.

O crédito Fomento Mulher faz parte do primeiro ciclo do Crédito Instalação e é voltado à implantação de projeto produtivo sob responsabilidade da mulher titular do lote, no valor de até R$ 3 mil, em operação única, por família assentada. De acordo com informações da Divisão de Desenvolvimento do Incra, em Alagoas, 60 beneficiárias já receberam esse crédito. Outras 81 mulheres já assinaram o contrato e aguardam liberação. No sistema nacional que gerencia os créditos do Incra, já constam 595 registros de crédito Fomento Mulher em Alagoas.

A chefe da Divisão em Alagoas, Alessandra Costa, chama atenção para a importância que os técnicos do Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) têm dado à capacitação das mulheres e suas famílias. “Acreditamos que a metodologia empregada vai trazer resultados, pois trabalha também o conhecimento técnico e cuida de todas as etapas, desde a produção até a comercialização”, argumenta.

Para a obtenção do crédito, as agricultoras devem estar na relação de beneficiários do assentamento e ser atendidas por serviços de ATER. Além disso, elas devem estar inscritas no Cadastro Único do Governo Federal. O pagamento do crédito deve ser feito após um ano com rebate de 80% e juro de 0,5%.

Fomento Mulher viabiliza melhoria de renda familiar

Nos 10 hectares de terra do seu lote, a agricultura Eliene Soares de Souza está mantendo a criação das dez ovelhas e um reprodutor obtidos com o Fomento Mulher. Ela e outras doze mulheres do assentamento Roseli Nunes, no Agreste alagoano, já estão aplicando os recursos desse crédito. A maior parte do dinheiro foi investida na criação e na aquisição de material, alimentação e remédios. Um terço do valor do crédito será investido em operações coletivas, com a produção de hortaliças.

Os ovinos de Eliene Souza vão se somar a uma criação já existente no lote onde ela trabalha com o marido para manter seus dois filhos. Eles já têm, no lote, 16 caprinos, dois bois e quatro cavalos, além de uma criação de galinhas no quintal grande de casa. Assentada há doze anos, sua família também planta palma, feijão, milho, abóbora e tabaco/fumo. O Fomento Mulher chega depois de eles já terem acessado outros créditos, como o Apoio Inicial, os créditos para construção e reforma da casa e o Crédito Fomento.

“Para nós a opção pelas ovelhas foi muito boa, porque é mais fácil de cuidar e nós vamos trabalhar somente a venda das crias, ficando com as matrizes e dando continuidade”, explica Eliene, ao mostrar sua criação numa área do lote marcado pela aridez.

Outras mulheres ainda aguardam a liberação dos recursos para se incluírem na lista de participantes do projeto. Exemplo disso é Elza dos Santos, uma das lideranças da comunidade. Mesmo sem ter acessado o crédito, Elza já ajuda as outras agricultoras. Ela fala da disposição das mulheres em abraçar a ideia da criação de animais e da produção de hortaliças. “Quem tem mais experiência vai ajudando as outras, dando dicas”, diz a agricultora. Para ela, pela capacidade de trabalho de quem está dentro do projeto, com um pouco mais de estrutura, muitas outras iniciativas já teriam despontado. “Se tivesse água encanada aqui nós seríamos todas ricas, porque vontade de trabalhar não falta”.

O pequeno açude, quase seco, no lote de dona Eliene demonstra as dificuldades enfrentadas por essas mulheres. Por isso, na operação coletiva, elas vão centralizar a produção de hortaliças em um ou dois lotes que tenham acesso fácil a água com uso das inúmeras cisternas espalhadas pelas casas em todo o assentamento de 25 famílias. No entanto, é preciso chegar a chuva para enchê-las.

Os técnicos da Naturagro, empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) responsável pelo projeto na região, explicam que as opções foram discutidas pelas próprias mulheres. A quantidade de animais de cada projeto depende das famílias. Quem já tinha uma estrutura, como a família de Eliene Souza, comprou mais animais. Quem ainda carecia, aproveitou para melhorar sua infraestrutura, com a construção do cercado, e, assim, adquiriu uma quantidade menor de matrizes.

Assessoria de Comunicação Social do Incra/AL

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