segunda-feira, setembro 15, 2014

Reportagem revela desvio de verbas em cidades de PE e AL afetadas pela cheia de 2010


Quatro anos depois das enchentes que devastaram 19 municípios de Alagoas e 68 de Pernambuco, em junho de 2010, a reportagem do Fantástico voltou às cidades atingidas pela cheia e encontrou diversas irregularidades cometidas com dinheiro que deveria ter sido usado na recontrução de escolas, unidades de saúde e casas para as famílias que perderam moradias na tragédia. Assista à reportagem completa no vídeo ao lado.

Em Santana do Mundaú, crianças estudando à beira do rio, na escola que deveria ter sido desativada por conta dos prejuízos à estrutura do prédio. O problema é que a escola que foi reconstruída em outro ponto daquele município desabou.

Assim como as escolas que não atendem à necessidade dos alunos, postos de saúde caindo aos pedaços e casas do Programa da Reconstrução que não tiveram a obra concluída denunciam as fraudes com dinheiro público.

A reportagem do Fantástico teve acesso a diversas notas fiscais emitidas por prefeituras de serviços que nunca foram executados. Uma fraude milionária. Em União dos Palmares, uma das notas indica um veículo que foi usado no transporte de alunos daquele município para o Recife, em Pernambuco. O problema é que o veículo é um reboque usado no corte da cana de açúcar.



Outras notas indicam veículos que supostamente foram usados no transporte de professores por municípios alagoanos, mas que nunca estiveram de fato em Alagoas. São carros de estados como Minas Gerais e Ceará.

O prefeito de União dos Palmares, Beto Baía (PSD), aifrmou que não tinha conhecimento de nenhuma das irregularidades mostradas na reportagem e defendeu a punição dos culpados. "Nós vamos apurar isso pra saber quem é o responsável por esses desmandos", afirmou ao ressaltar que sentia constrangido com tanta irregularidade.


O coordenador do Programa da Reconstrução em Alagoas, Hebert Mota, afirma que o Estado enfrentou uma série de problemas em relação à conclusão das obras, mas que está empenhado em regularizar a situação. "Tivemos várias dificuldades. O compromisso do governo é que ainda este ano a gente entregue 100% dessas obras", declarou.

Relembre a enchente
Após fortes chuvas, em junho de 2010, o nível dos rios Mundaú e Paraíba subiu rapidamente. A força das águas atingiu diversos municípios de Alagoas e Pernambuco. Foram 19 municípios alagoanos devastados, cerca 70 mil desabrigados e mais de 30 mortos.

O cenário era de guerra. Casas destruídas, prédios públicos, escolas, hospitais e comércio sob escombros. Além das milhares de pessoas desaparecidas, surto de doenças epidemiológicas, mortes e problemas de convivência entre as vítimas foram fatores que levaram o governo de Alagoas a decretar estado de emergência e calaminadade pública naqueles municípios.

Quando a tragédia completou quatro anos, o G1 fez um levantamento do que havia mudado no estado durante este período. Foram disponibilizados pelo governo federal R$ 540.684.000,00 para reconstrução de estradas, infraestrutura, prédios públicos, escolas, hospitais entre outras obras consideradas urgentes, além de R$ 713.291.447,83 para a construção de moradias para as famílias atingidas pela cheia. Segundo dados oficiais, até o último dia 18 de junho, mais de duas mil famílias ainda aguardavam casas do Programa da Reconstrução.

Para evitar novas tragédias, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), junto à Agência Nacional de Águas (ANA), monitora as bacias hidrográficas dos rios com histórico de enchentes, Paraíba e Mundaú, através de um sistema pioneiro de hidromonitoramento dos níveis dos rios em tempo real.

G1 AL

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