O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o comentarista político Paulo Figueiredo têm atuado junto a autoridades americanas para esvaziar a visita da comitiva de senadores brasileiros que deverá desembarcar em Washington na próxima semana. Grupo vai tentar abrir diálogo e negociação contra as tarifas de 50% sobre o Brasil anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Figueiredo afirmou à coluna hoje que ambos teriam se posicionado contra reuniões dos senadores brasileiros — tanto com autoridades do Departamento de Estado, quanto com o senador republicano Rick Scott, de Illinois. Como resultado, as agendas teriam sido negadas, relata o comentarista. A coluna, porém, não conseguiu confirmar a informação de modo independente até a publicação desta reportagem.
Embora conte com a presença do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e com o petista Rogério Carvalho (PT-SE), o grupo de oito senadores é composto em sua maioria por nomes do centrão e representantes do agronegócio, que será duramente afetado caso as tarifas de Trump, de fato, entrem em vigor em 1º de agosto.
Entre os membros do grupo estão dois ex-ministros do governo de Jair Bolsonaro, o astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e a ex-titular da pasta de agricultura, Tereza Cristina (PP-MS). Segundo Figueiredo, longe de ver a presença desses ex-ministros com bons olhos, ele e Eduardo veem na visita de Pontes e Cristina um gesto de "traição".
Dupla lidera campanha por sanção ao Brasil
Eduardo e Figueiredo estão em campanha há meses por sanções e punições ao Brasil pelo que consideram ser a "instrumentalização política da Justiça contra o ex-presidente". Bolsonaro é réu por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e outros crimes — o que ele nega.
No início de julho, os argumentos de Eduardo passaram a ecoar em comunicações da administração Trump e serviram até mesmo de justificativa para a imposição da tarifa de 50% ao Brasil.
"A forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar imediatamente!", escreveu Trump na carta que a Casa Branca divulgou no último dia 9 sobre as taxas
Dupla lidera campanha por sanção ao Brasil
Eduardo e Figueiredo estão em campanha há meses por sanções e punições ao Brasil pelo que consideram ser a "instrumentalização política da Justiça contra o ex-presidente". Bolsonaro é réu por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e outros crimes — o que ele nega.
No início de julho, os argumentos de Eduardo passaram a ecoar em comunicações da administração Trump e serviram até mesmo de justificativa para a imposição da tarifa de 50% ao Brasil.
"A forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar imediatamente!", escreveu Trump na carta que a Casa Branca divulgou no último dia 9 sobre as taxas.
Expoentes do movimento MAGA [Make America Great Again], como o ideólogo Steve Bannon, e Eduardo têm conectado diretamente a suspensão das tarifas à concessão de anistia a Bolsonaro e seus aliados. O governo brasileiro, no entanto, foi categórico em dizer que isso não entrará em qualquer negociação, mas segue disposto a discutir os termos das trocas comerciais entre Brasil e EUA.
Eduardo e Figueiredo são claros em assumir a autoria, ao menos em parte, das medidas recentes dos EUA contra o Brasil, como o tarifaço, a abertura de investigação comercial e a restrição de vistos ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e a outras autoridades brasileiras.
A dupla não admite nenhum recuo na estratégia e segue pressionando por novas ações da administração Trump. Por outro lado, parte da direita e do centrão tem tentado se distanciar dessa agenda, que veem como impopular e perigosa eleitoralmente. Pesquisas de opinião mostram que a gestão de Lula, que vinha sofrendo sucessivas quedas de popularidade, conseguiu um respiro graças à pauta da defesa da soberania nacional contra os assaltos trumpistas.
Ontem, Eduardo foi às redes sociais para postar um texto em inglês no qual dizia reafirmar "que não tenho qualquer ligação com esta iniciativa parlamentar, que está condenada ao fracasso". E desautorizou o grupo de senadores a falar em nome de seu pai, Jair Bolsonaro.
Trata-se, em essência, de um gesto de desrespeito à mensagem clara e direta do Presidente Trump, que foi explícito ao delinear as medidas que o Brasil deve tomar internamente para restaurar a normalidade democrática. Buscar um diálogo de alto nível sem que o país tenha feito o gesto mais básico - como restaurar a liberdade de expressão e pôr fim à perseguição política - é completamente desprovido de legitimidade (Eduardo, em publicação no X em que marcou o perfil do presidente americano)
Pessoas envolvidas na organização da visita dos senadores reconheceram ontem à coluna a dificuldade de agendar encontros para os senadores no Congresso e com autoridades americanas.
Contra o sucesso da visita pesa também o início do recesso parlamentar nos EUA: a Câmara já iniciou suas férias de verão e os senadores estarão na última semana de atividades em Washington, mas boa parte deles já voltou para suas bases eleitorais.
Na segunda, ao UOL News, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado e líder da comitiva, disse que se "reservava o direito de não comentar quem seriam seus interlocutores em Washington". A coluna apurou que a resposta se deu, na verdade, justamente pela dificuldade dos senadores em obter interlocutores. Por isso, havia até ontem uma possibilidade de que a viagem acabasse cancelada.
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