16 julho 2025

Análise: 'Confronto com Trump ajuda governo Lula a recuperar popularidade', diz diretor da Quaest

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo.

Por Redação g1 — São Paulo

A pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (16) mostra que o confronto com o presidente Donald Trump ajudou o governo Lula a recuperar a popularidade, segundo Felipe Nunes, diretor do instituto.

Os dados mostram que a aprovação de Lula (PT), que vinha em queda desde janeiro, e reprovação, que vinha em alta desde outubro, mudaram de direção:

* 43% aprovam a Lula, uma oscilação positiva de três pontos percentuais em relação a junho.

* 53% desaprovam Lula, uma oscilação para baixo de quatro pontos, no limite da margem de erro.

O diretor da Quaest destaca que a avaliação de Lula melhorou em três segmentos que estão fora da base tradicional de apoio do governo Lula:

* No Sudeste, a desaprovação caiu oito pontos, para 56% e aprovação subiu oito pontos, para 40% (a margem de erro é de três pontos nesse segmento).

* Entre quem tem ensino superior, houve queda de 11 pontos na desaprovação, para 53%, e alta de 12 na aprovação, para 45% (margem de quatro pontos).

* Entre quem ganha de dois e cinco salários mínimos (R$ 3 mil e R$ 7.590) por mês, houve oscilação positiva de quatro pontos na aprovação, para 52%, e negativa de quatro pontos na desaprovação, para 43% (margem de três pontos)

"Não foi nem entre os mais pobres, nem entre os mais ricos que captamos mudanças na aprovação; foi nos setores de renda média: a diferença que era de -19 pp passou para -9 pp de maio pra cá."

Em relação às preferências políticas, Nunes aponta que a melhoria na avaliação de Lula aconteceu entre os eleitores que dizem que não têm posicionamento: a desaprovação, que vinha em alta, oscilou sete pontos para baixo, dentro da margem de erro, índice semelhante ao de janeiro. A aprovação, que vinha em queda, oscilou cinco pontos para cima, chegando a 38% (margem 4).

"Entre eleitores lulistas ou de esquerda, a aprovação continua alta (> 80%). Entre eleitores bolsonaristas ou de direita, a aprovação continua baixa (< 12%)", diz Nunes.

O que causou a melhora na avaliação de Lula, segundo a Quaest

Para Nunes, foi o embate com Donald Trump que melhorou a avaliação de Lula. A percepção sobre a economia e a campanha do governo em prol da taxação dos super-ricos tiveram efeitos menores.

Nunes aponta que 77% dos eleitores que dizem não ter posicionamento político acreditam que Trump está errado em impor taxas ao Brasil por acreditar que Bolsonaro está sendo perseguido. O percentual é menor, mas ainda alto, entre os que se dizem de direita (52%) e mesmo entre os bolsonaristas (48%).

"O tarifaço contra o Brasil conseguiu unir a esquerda, os lulistas e os moderados (sem posicionamento); mas dividiu a direita e os bolsonaristas. Ou seja, empurrou o ‘centro’ para o colo do Lula", afirma Nunes.

O levantamento indicou, também, que a maior parte dos brasileiros defende que Lula está se saindo melhor que Bolsonaro (44% a 29%).

"Lula e o PT venceram a batalha da opinião pública contra Bolsonaro e seus aliados, pelo menos até aqui."

Já a percepção da situação econômica mudou pouco em relação a junho: a parcela dos que acham que piorou oscilou dois pontos para baixo, para 48%; e a dos que acham que melhorou, três pontos para cima, e chegou a 21%.

"A economia parece ter um papel coadjuvante na melhora da popularidade do governo. Embora a economia continue ‘despiorando’, já que menos gente acredita que o cenário piorou, a variação entre maio e julho é pequena demais para produzir algum efeito significativo."

Já a campanha do governo Lula para defender a tributação dos mais ricos – medida apoiada por 60% da população – teve pouco efeito, segundo Nunes, pois

menos da metade (43%) dos brasileiros ficou sabendo dela e 17% viram os vídeos feitos com inteligência artificial feitos pelo governo;
E a maioria (79%) acredita que o conflito com o Congresso é prejudicial Brasil. "As a forma como [a campanha do governo] foi conduzida parece ter produzido uma opinião mais negativa que positiva nas pessoas", afirma Nunes.

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