quarta-feira, agosto 07, 2019

Acusado de forçar acidente de carro na área central do Recife para matar ex volta para prisão

De acordo com o MPPE, Patrícia foi atraída por Guilherme para dentro do carro - Foto: Reprodução/Facebook
Somente o lado do carro que Patrícia estava sentada ficou destruído - Foto: Nando Chiappetta/Arquivo DP

Acusado de forçar um acidente de carro para matar a ex-mulher, o farmacêutico Guilherme José de Lira Santos deve voltar para a cadeia nos próximos dias. Em decisão tomada na tarde desta terça-feira (6), a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) decidiu restabelecer a prisão preventiva do homem, que estava em liberdade desde maio por força de um recurso impetrado por sua defesa. Guilherme responde pelo homicídio qualificado de Patrícia Cristina Araújo dos Santos, ocorrido em 4 de novembro de 2018 na Boa Vista, área central do Recife.

O crime aconteceu por volta das 20h30, na Rua Fernandes Vieira. De acordo com a denúncia do Ministério Público estadual (MPPE), Guilherme atraiu Patrícia para o carro que estava dirigindo e jogou o veículo contra uma árvore, do lado em que a mulher estava sentada (banco do passageiro). Somente o lado direito do veículo ficou destruído. Em um primeiro momento, o caso foi considerado acidente de trânsito comum, mas a investigação da Polícia Civil colheu indícios que apontam que foi uma colisão intencional.

O farmacêutico tinha sido preso preventivamente em 17 de novembro de 2018, mas um recurso da defesa conseguiu converter a prisão em medida cautelar expedida em 17 de maio de 2019, que estabelecia condições para ele ficar em liberdade, enquanto aguarda o julgamento. O MPPE recorreu e, por unanimidade, o réu deve voltar à cadeia - só falta a expedição do novo mandado de prisão.

Em seu voto, o desembargador Fausto Campos afirma que a prisão preventiva de Guilherme visa “garantir a ordem pública” e evitar que ele “volte a atentar contra a vida alheia”. “As condições pessoais favoráveis ao acusado (ter emprego e residência fixos), por si sós, não asseguram o direito à liberdade provisória”, discorre o magistrado. O voto de Fausto foi seguido pelos outros dois desembargadores da 1ª Câmara - Leopoldo Raposo e Evandro Magalhães Melo.

Guilherme será levado à júri popular, mas de acordo com a assessoria do TJPE, não há ainda data prevista para realização do julgamento.

Família comemora
A mãe de Patrícia, Tereza Wanderley, de 69 anos, conta que se sente mais em paz com a volta do ex-genro à prisão. “Eu via, a qualquer hora, que ia encontrar um monstro na rua. Agora a gente (família) está mais tranquilo. Minha filha era uma batalhadora e precisava ser justiçada”, comenta.

O irmão da vítima, Fernando Wanderley, 37, vê a decisão como reflexo de uma semana especial de combate aos feminicídios. “Ontem tivemos o julgamento do caso Tássia Mirella, hoje esse resultado, e amanhã (dia 7) tem o aniversário da Lei Maria da Penha. Foi um basta a essa cultura machista”, pontua. “Patrícia nunca vai ser trazida de volta, ainda estamos muito devastados. A única forma de diminuir a nossa dor é na esperança de ver a justiça ser feita”, pontua.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados que representam Guilherme (Carlos Arruda de Sá e Marcus Vinicius Carvalho Alves de Souza).

Por Diário de Pernambuco

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