segunda-feira, abril 25, 2016

Lula: ‘quadrilha legislativa implantou a agenda do caos no Brasil’


Em sua primeira manifestação pública depois da aprovação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff pela Câmara dos Deputados, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira que a Casa é comandada por uma "quadrilha legislativa que implantou a agenda do caos no Brasil” durante seminário realizado, em São Paulo, pela Aliança Progressista, rede de partidos de vários países. O petista fez ainda um mea-culpa e reconheceu as falhas do governo que levaram à insatisfação da população.

Com voz rouca, Lula preparou um discurso, que foi lido pelo diretor de seu instituto e ex-ministro Luiz Dulci durante o encontro.
- A oposição derrotada por quatro vezes optou por uma atitude golpista, para voltar ao poder (…) voltar com a agenda neoliberal - disse Lula no discurso lido por Dulci. E, no texto, acrescentou: ''Uma quadrilha legislativa implantou a agenda do caos''.
 

O ex-presidente falou ainda que “a população do Brasil sofre com falhas do governo, que precisam ser corrigidas”. Apesar do mea culpa, o ex-presidente acusou a oposição de trabalhar para "aprofundar o caos" por não aceitar o resultado da eleição de 2014. Disse que o que acontece atualmente “envergonha o Brasil aos olhos do mundo” e que a defesa de Dilma foi ignorada, não passando de “mera formalidade”. Lula declarou também que “a solução dessa crise passa pela manutenção do processo democrático”.



O seminário se mostrou uma nova oportunidade para o petista criticar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que, segundo ele, deflagrou o processo de impeachment de Dilma porque o PT não aceitou ajudá-lo no Conselho de Ética da Casa:

- Foi um gesto claro de vingança.

SEM TRÉGUA

Também presente no seminário, o presidente do PT, Rui Falcão, focou sua fala nos ataques ao vice-presidente Michel Temer. Ele voltou a afirmar que um eventual governo do peemedebista "não terá trégua". O dirigente petista espera contar com "a solidariedade dos democratas de todos os países" para o que ele chama de "atentado à democracia" não se consume.

- Se a oposição de direita insistir na deposição da presidente, reafirmamos que não haverá trégua nem respeito a um governo usurpador, sem o referendo do voto popular e, portanto, ilegítimo e ilegal - disse Falcão.

Ele reforçou a discurso do partido, que entende o impeachment como "golpe" por, segundo ele, não haver crime de responsabilidade contra a presidente:

- Traidor de sua colega de chapa, contra a qual conspira abertamente, Temer já anunciou um programa antipopular, de supressão de direitos civis e sociais, de privatizações e de entrega do patrimônio nacional a grupos estrangeiros.

Mais cedo, Rui Falcão usou sua página em uma rede social para dizer que a militância petista está convocada “para deter o golpe”. “A partir de hoje, o processo farsesco chega ao Senado, a quem cabe decidir, por maioria simples, sobre o afastamento da presidenta – sem crime e sem base legal, a não ser a vingança e o desejo de poder a qualquer custo dos conspiradores”, escreveu Rui Falcão.

O presidente do PT escreveu ainda que “reação ao golpe precisa ser intensificada, ampliar-se até os locais de trabalho, às escolas, às periferias, às favelas, com atos e manifestações em todas as cidades. A abordagem aos senadores, em seus Estados e no Congresso, é fundamental, mesmo diante da contagem antecipada pela mídia monopolizada. Mais que nunca, é urgente o diálogo da presidenta com os movimentos sociais, com os partidos populares, com a Frente Brasil Popular e a Frente Povo sem medo”.

PROTESTO NA PORTA DO HOTEL

Muito rouco, Lula falou brevemente depois da leitura do seu discurso. Enquanto Dulci lia o discurso, manifestantes pró e contra o impeachment protestaram em frente ao hotel onde acontecia o seminário. Os manifestantes favoráveis ao governo estenderam uma faixa no chão com a frase "Não vai ter golpe".

Do outro lado, as pessoas portavam cartazes de apoio ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava-Jato. Motoristas que passam na frente do hotel, localizado na Bela Vista, buzinavam para os manifestantes. A Polícia Militar esteve presente no local para separar os dois grupos.


O Globo

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