sexta-feira, maio 05, 2017

Baleia Azul motiva audiência na Alepe sobre depressão e suicídio entre jovens

Foto: Henrique Genecy/Alepe

Em audiência pública das Comissões de Cidadania e Educação e Cultura da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o jogo virtual Baleia Azul motivou um amplo debate, nesta quinta (4), sobre a depressão e o suicídio entre jovens e adolescentes. Especialistas e profissionais das áreas de saúde, educação, segurança pública e tecnologia convergiram sobre a necessidade de uma maior atenção das famílias aos sinais de possíveis transtornos psiquiátricos em pessoas nessa fase. O encontro aconteceu no Plenário da Alepe.

De origem russa, o Baleia Azul incentiva os jovens, por meio de grupos fechados de aplicativos e redes sociais, a cumprirem 50 desafios. Entre as tarefas, estão assistir a filmes de terror na madrugada, praticar automutilação e, por fim, cometer o suicídio. Em Pernambuco, de acordo com a Polícia Civil, já estão sendo investigados sete casos que podem ter ligação com o jogo.

A deputada Terezinha Nunes (PSDB), que solicitou o debate, fez um histórico do jogo no mundo e destacou a inquietação dos pais. Ao final, sugeriu, como encaminhamento, à Secretaria Estadual de Educação que estimule os estudantes a criarem um contraponto, a exemplo de um jogo com desafios positivos. “O problema, neste momento, está sendo provocado pelo Baleia Azul, mas a situação diz respeito à depressão e ao suicídio entre jovens. E a solução passa pelo diálogo dentro de casa”, acrescentou.

Presidente da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria, Kátia Petribu ressaltou que o suicídio é a terceira causa de morte entre adolescentes brasileiros e, em 90% dos casos, as vítimas apresentavam algum transtorno psiquiátrico, especialmente a depressão. Ela salientou que a maioria dos casos são evitáveis, daí a importância de os pais e responsáveis estarem atentos a sinais de alerta como irritabilidade, oscilações de humor, isolamento, alterações do sono e apetite e queda no rendimento escolar. “As estratégias de prevenção demandam a disponibilidade de uma assistência integral à saúde mental e o combate ao estigma em relação aos transtornos psiquiátricos”, emendou.

A partir da experiência no atendimento a crianças e adolescentes, a psicóloga Suzana Schettini falou da “orfandade psicológica”, referindo-se aos pais que não têm tempo para dedicar aos filhos. “Todo adolescente que se interessa pelo Baleia Azul tem alguma fragilidade psicológica. É preciso ter afeto e dar menos presente e mais presença”, indicou.

Secretária executiva de Desenvolvimento da Educação, Ana Selva relatou que o tema foi incluído na formação de professores realizada esta semana, com ênfase na importância em resgatar a autoestima dos jovens. Designer do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), Leonardo Lima enfatizou que o suicídio é um fato social e, nos casos relacionados ao Baleia Azul, não se resolverá por meio de filtros e bloqueios na Internet. Para ele, é preciso criar situações de bem-estar social. A delegada Camila Figueiredo, do Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente, defendeu interação maior com as áreas da saúde e da educação para que as ocorrências sejam comunicadas e investigadas.

A presidente da Comissão de Educação, deputada Teresa Leitão (PT), relacionou o fenômeno ao bullying e às relações sociais pautadas pela competitividade. Socorro Pimentel (PSL) reforçou a importância das políticas públicas de saúde mental para crianças e adolescentes. Também participaram da reunião o presidente da Comissão de Cidadania, Edilson Silva (PSOL), e os deputados Eduíno Brito (PP) e Odacy Amorim (PT).

Alepe

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