quinta-feira, junho 05, 2025

Professores da rede pública de Pernambuco protestam por aumento salarial ‘emperrado’ em meio a disputa na Assembleia Legislativa


Nas galerias da Alepe, professores de Pernambuco protestam contra deputados - Péricles Chagas / Sintepe

Na tarde desta quarta-feira (4), os professores da rede pública de Pernambuco protestaram em frente a Assembleia Legislativa (Alepe), para pressionar os deputados estaduais a votarem o Projeto de Lei Complementar nº 2968/2025, que garante o reajuste salarial para mais de 65 mil educadores, fruto de conquista após meses de negociação com o Governo do Estado. Mas há uma “batalha” entre as bancadas de oposição, encabeçada pelo PSB, e base governista


O ato na tarde desta quarta é também uma assembleia da categoria convocada às pressas pelo sindicato, em resposta à interrupção da tramitação do projeto, que nesta terça (3) foi aprovado na Comissão de Constituição, Legislação e Justiça e de Finanças e Administração Pública e agora deveria ser votado pelo plenário da casa. Mas a bancada governista se ausentou, não havendo quórum para aprovar a medida.

A professora Ivete Caetano, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores na Educação de Pernambuco (Sintepe), protestou contra a situação. “Faz 15 dias que a Assembleia Legislativa não vota nenhum projeto porque está nessa queda de braço com o governo. Mas não podemos colocar em risco o reajuste de mais de 70 mil trabalhadores”, reclamou. “A educação não pode ser bucha de canhão nessa disputa”, completa. A líder sindical criticou os deputados ausentes, “em especial a bancada do governo”. “Eles ganham R$ 30 mil, muito mais que o salário de um professor”, pontua.

O conflito teve início quando a governadora Raquel Lyra (PSD) enviou à casa legislativa um projeto de lei que autoriza o Governo do Estado a contrair um novo empréstimo no valor de R$ 1,5 bilhão. Mas o Partido Socialista Brasileiro (PSB), que governou o estado por 16 anos e almeja retornar ao Palácio do Campo das Princesas na eleição do próximo ano, afirma que a Assembleia Legislativa já aprovou R$ 9,2 bilhões em empréstimos para a atual gestão e que tem faltado transparência na prestação de contas sobre esses recursos.

No início do ano, o PSB – que tem 13 dos 49 deputados estaduais – conseguiu, através de uma manobra ousada com outras bancadas, colocar deputados do partido na liderança ou com maioria em algumas comissões-chave da Alepe. Agora, reagindo ao novo pedido de empréstimo, os opositores têm se negado a apreciar nas comissões os projetos enviados pelo Governo do Estado. Em resposta, os deputados da bancada governista estão se ausentando das votações em plenário, de modo que os projetos aprovados pela oposição nas comissões não sejam aprovados em definitivo por falta de quórum.

O reajuste dos professores

Os educadores da rede pública estadual conseguiram, no fim de abril, um acordo com o Governo de Pernambuco para reajustar entre 6,27% e 8,38% do valor dos salários para toda a carreira da educação. Os analistas, técnicos administrativos e de apoio escolar da Secretaria Estadual de Educação terão aumento linear de 6,27%.

Os valores deveriam ser pagos a partir desta primeira semana de junho. Os profissionais em início de carreira e que, ao longo desses primeiros cinco meses de 2025 receberam abaixo do piso salarial nacional do magistério, devem ter pagos os valores complementares retroativos relativos a esses meses.

O aumento tem repercussão para servidores ativos, aposentados, efetivos e temporários. Outras conquistas foram a progressão das faixas salariais (+1,5% da faixa A para B e de 2,5% da classe I para II) e a liberdade para os analistas e administrativos organizarem suas cargas horárias entre 30 e 40 horas semanais.

Editado por: Vinicius Sobreira/Brasil de Fato

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