sexta-feira, agosto 18, 2023

PF prende comandante da PM-DF e outros seis oficiais por omissão nos atos de 8 de janeiro

O coronel Klepter Rosa Gonçalves, atual comandante da PM-DF — Foto: Divulgação

A Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República deflagraram nesta sexta-feira uma operação contra a alta cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF). Entre os presos, estão o atual comandante-geral da PM-DF, coronel Klepter Rosa Gonçalves, o ex-comandante coronel Fábio Augusto Vieira e outros cinco oficiais que comandavam a corporação durante os atos golpistas de 8 de janeiro.

Os agentes da PF saíram às ruas para cumprir 7 mandados de prisão preventiva e 5 de busca e apreensão. Os alvos são suspeitos de se omitirem no planejamento e execução da operação preparada para acompanhar os manifestantes que invadiram as sedes dos Três Poderes da República.

Os outros investigados são o coronel Jorge Eduardo Naime, o coronel Paulo José Ferreira, o coronel Marcelo Casimiro, o major Flávio Silvestre de Alencar e o tenente Rafael Pereira Martins. Todos eles exerciam cargos de comando e atuaram no planejamento da ação do fim de semana do dia 8.

Quem são os alvos:

Coronel Jorge Eduardo Naime;

Coronel Fábio Augusto Vieira;

Coronel Klepter Rosa Gonçalves;

Coronel Paulo José Ferreira;

Coronel Marcelo Casimiro;

Major Flávio Silvestre de Alencar;

Tenente Rafael Pereira Martins.

Ex-chefe operacional da PM Jorge Eduardo Naime disse que Exército dificultou prisões em Brasília no 8 de janeiro — Foto: Rinaldo Morelli/CLDF

As ações são um desdobramento de uma investigação conduzida pela PGR, que denunciou e pediu a prisão preventiva dos sete oficiais. Os mandados foram pedidos pelo subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos e foram atendidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.

Segundo nota da PGR, há "provas já identificadas e reunidas na investigação que apontam para a omissão dos envolvidos". A procuradoria afirmou que alguns alvos trocaram mensagens com teor golpista durante as eleições de 2022 e que havia "contaminação ideológica" da parte de alguns oficiais, “que se mostrou adepta a teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais e teorias golpistas”.

O subprocurador também apontou que o comando da PM tinha ciência das movimentações golpistas no acampamento montado em frente ao quartel-geral do Exército por manter oficiais de inteligência infiltrados no local desde o ano passado.

"Há ainda menção a provas de que os agentes - que ocupavam cargos de comando da corporação - receberam, antes de 8 de janeiro de 2023, diversas informações de inteligência que indicavam as intenções golpistas do movimento e o risco iminente da efetiva invasão às sedes dos Três Poderes", diz o texto publicado pela PGR.

A denúncia indica ainda que trocas de mensagens entre os militares contradizem os depoimentos prestados por eles e mostram que não houve falha no sistema de inteligência do Distrito Federal.

Em nota, a Polícia Federal informou que cumpre os mandados judiciais com base na representação da PGR.

Os mandados foram expedidos no âmbito do mesmo inquérito em que são investigados o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres. O primeiro chegou a ser afastado do cargo e o segundo, preso preventivamente, por determinação de Alexandre de Moraes.

Na operação de hoje, a PGR denunciou os sete PMs pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e dano qualificado contra o patrimônio da União.

O major Flávio Silvestre de Alencar, alvo da operação desta sexta-feira, era comandante em exercício do 6º Batalhão, que atua na Esplanada. Vídeos das câmeras de segurança mostram o major da PM entrando em uma viatura da corporação durante a invasão golpista aos prédios dos Três Poderes, em 8 de janeiro.

O major é considerado especialista em controle de distúrbios civis, tendo realizado formação complementar nesse tema, com curso na PM de São Paulo. Ele já havia sido preso durante a 5ª fase da operação Lesa Pátria, em fevereiro deste ano, e sido alvo também da 12ª etapa da investigação da PF

Por Eduardo Gonçalves e Paolla Serra — Brasília

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